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Entidades médicas repudiam discurso de Bolsonaro sobre isolamento

Sociedades Brasileiras de Imunização e de Infectologia se posicionam contra pronunciamento do presidente realizado na terça-feira

atualizado

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Depois do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em rede nacional na noite desta terça-feira (24/03) contra o isolamento da população para evitar o coronavírus, entidades médicas criticaram a posição do governo.

Em nota, a Sociedade Brasileira de Infectologia se diz preocupada com o posicionamento de Bolsonaro. O documento, assinado pelo presidente da SBI, Clóvis Arns da Cunha, elogia o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, e lembra que, do ponto de vista científico-epidemiológico, o distanciamento social é fundamental para conter o coronavírus.

“Tais mensagens podem dar a falsa impressão à população que as medidas de contenção social são inadequadas e que a Covid-19 é semelhante ao resfriado comum, esta sim uma doença com baixa letalidade. É também temerário dizer que as cerca de 800 mortes diárias que estão ocorrendo na Itália, realmente a maioria entre idosos, seja relacionada apenas ao clima frio do inverno europeu. ‘Ficar em casa’ é a resposta mais adequada para a maioria das cidades brasileiras neste momento, principalmente, as mais populosas”, afirma Arns da Cunha.

O médico Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações vai na mesma linha, e considera “temerário” o discurso de Bolsonaro, afirmando que ele contraria todas as evidências científicas e que as afirmações do discurso vão de encontro às orientações do próprio Ministério da Saúde.

“Paralisar as atividades não essenciais é uma medida dura, mas necessária. Entidades acima de qualquer questionamento, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), apontam que, enquanto não dispormos de uma vacina, ou mesmo tratamento, trata-se da ação primária de maior impacto na interrupção da cadeia de transmissão do novo coronavírus (Sars-Cov-2), ao lado dos cuidados com higiene pessoal”, diz a nota.

Cunha também se mostra preocupado com as consequências “trágicas” de incentivar a população a ir às ruas e afirma que o pronunciamento presidencial é um “desrespeito” com profissionais de diversas categorias que estão colocando a própria vida em risco. “O momento é de união. A saúde do brasileiro está acima de qualquer visão política”, conclui.

Em comunicado conjunto, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, a Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea e a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica reforçam a necessidade de manter as recomendações que foram indicadas até o momento, reiterando o apoio à proposta de distanciamento social.

“À luz da ciência e também com base nas experiências das medidas de segurança no combate à Covid-19 que países como China e Itália – levando em conta erros e acertos, reiteramos veementemente para manter as orientações de isolamento. Juntos, podemos passar por isso!”, escrevem as entidades.

Em nota, Flavio Sano, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, também reafirma a necessidade de permanecer seguindo as orientações do Ministério da Saúde e chama de “irresponsáveis” orientações contrárias.

“Vivemos em um momento nunca visto antes em tempos recentes, com alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organizações das Nações Unidas (ONU) que estamos diante de uma situação ‘extremamente grave’. Neste momento, qualquer orientação contrária é irresponsável e pode colocar em risco a saúde e a vida de milhares de pessoas”, diz Sano.

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