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Como é a vida pós-Covid? Pacientes relatam dificuldades na recuperação

Dor de cabeça, falta de fôlego e incômodos musculares são sintomas comuns aos que foram infectados pelo novo coronavírus

atualizado

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As frases, mesmo que curtas, ainda são interrompidas por uma tosse seca. Ao telefone com o Metrópoles, o engenheiro civil Breno da Silva Batista, de 22 anos, expõe a dificuldade de retomar a rotina natural após contrair a Covid-19. Ele, jovem e saudável, apresentou a doença há duas semanas e está precisando de fisioterapia para superar os sintomas do novo coronavírus.

A realidade atual de Breno é semelhante à de outras pessoas que fazem parte do grupo de “curados”. Estar recuperado ou em recuperação de Covid-19 não significa retornar imediatamente ao cotidiano. A vida pós-Covid muitas vezes cobra uma reabilitação motora e/ou respiratória. Os relatos de pessoas que já passaram pela doença incluem dores de cabeça forte, dificuldade de proferir frases longas, incômodos musculares e indisposição.

“Eu senti muita dor de cabeça e febre durante duas semanas. Não precisei ficar internado, a dor de cabeça e a febre até passaram, mas sentia dores estranhas, no pescoço, na coluna, na lombar. Ficava só deitado, aí comecei a telefisioterapia na segunda-feira (22/06) e, agora, já consigo me mexer bem mais, até mudar de posição durante o sono”, descreve Breno. Como ainda está em isolamento, ele não pode ter atendimento presencial e tem feito os exercícios à distância com acompanhamento da clínica Fisiotrauma.

Por se tratar de uma doença relativamente nova, as sequelas de Covid-19 ainda estão sendo estudadas. Sabe-se que os pacientes com sintomas mais graves, sobretudo que necessitaram de auxílio de oxigênio ou foram entubados na UTI, precisam de maior acompanhamento na recuperação. Isso não significa, porém, que pessoas com sintomas mais leves não tenham dificuldades. “Parte dos pacientes precisa de uma acompanhamento para recuperar a capacidade respiratória”, explica a fisioterapeuta Alessandra Ottoni, sócia da Fisiotrauma.

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O vice-presidente de Marketing e Consulados do Flamengo, Maurício Gomes de Mattos, foi o terceiro paciente do Distrito Federal com teste positivo para coronavírus. Em 12/03, ele recebeu o diagnóstico e precisou ficar internado durante oito dias. Recuperado, foi para um hotel cumprir mais alguns dias de descanso antes de retornar ao Rio de Janeiro.

Mal entendido em hotel

“Escolhi ir para um hotel para ninguém ter contato comigo. Avisei ainda ao telefone que estava me recuperando, para ficar isolado no quarto. Não sei se não ouviram direito. No dia seguinte, quando se deram conta, queriam fechar o hotel, isolar tudo”, recorda Mauricio, que pediu apenas mais um dia de hospedagem antes de ir embora.

O desconhecimento sobre a Covid-19 foi apenas um dos problemas enfrentados durante o processo de retomada da vida normal. “No início, ainda tinha dificuldade de respirar. Voltei a caminhar num campo de futsal, sozinho, sentindo ainda dificuldade. Comecei também a modificar meus hábitos alimentares para aumentar minha imunidade”, relata o dirigente do Flamengo.

Dificuldade para falar

A adversidade respiratória citada por Breno e Maurício também acompanhou o médico do Samu, Thiago Fragoso Cassiano, outro recém-recuperado de Covid-19. O alagoano de 30 anos contraiu a doença no início de maio. “No começo do quadro, quando eu falava frases longas, tinha que parar no meio. Não conseguia terminar. Senti desconforto no tórax, que só passou 21 dias depois. Uma amiga fazia as compras para mim. É um período difícil”, afirma Thiago.

A nutricionista Lilian Teresinha Guimarães Guedes, 42 anos, também sofreu com a dificuldade de respiração e um cansaço persistente. “Qualquer atividade, até lavar uma louça, você sente um cansaço diferente. Estava pedindo para as minhas filhas colocarem o lixo lá fora. Quando senti que estava com esse cansaço em atividades básicas, os médicos me orientaram a procurar ajuda. Como meus sintomas eram leves, fiz exercícios simples como assoprar balões e velas”, descreve. O conhecimento sobre as sequelas pós-Covid e como podem ser tratadas deve evoluir muito ainda nos próximos anos.

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