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Defesa de idosa que levou soco de PM quer investigação de tortura

Advogado de idosa e filhos agredidos por PMs no interior de SP enviou pedido à Polícia Civil para mudar tipificação e autoria em BO

atualizado

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Reprodução/Redes Sociais
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1 de 1 abre_pm-edit-agride-idosa - Foto: Reprodução/Redes Sociais

São Paulo — O advogado que representa a família da idosa de 70 anos e seus dois filhos agredidos por policiais militares em Igaratá, no interior de São Paulo, no último dia 30 de maio, pediu à Polícia Civil que o crime seja investigado como tortura e lesão corporal grave. Marco Soares também iria acionar a Corregedoria da Polícia Militar.

O caso foi registrado como resistência e lesão corporal. No boletim de ocorrência, a idosa e os filhos aparecem como vítimas e também autores. Além da mudança na tipificação, ele defende que seja retirada a classificação de “autores” de seus clientes.

A ocorrência repercutiu após um vídeo feito com celular circular nas redes sociais mostrando o soldado Kleber Freitas da Silva dando um soco no rosto da aposentada Vilma dos Santos Rodrigues (assista abaixo).

Os filhos dela, Luciano Aparecido e Benedito Diogo, denunciaram que também foram agredidos por Kleber e pelo soldado Thiago Alves de Souza.

Assista ao vídeo da idosa levando um soco:

“No boletim de ocorrência é falado em desentendimento familiar. O registro [na delegacia] foi conduzido de forma equivocada [pelos PMs]. Eles alteraram a realidade dos fatos, enquanto ocorrência policial, porque não houve resistência. E a agressão sofrida pelos irmãos foi registrada de forma sucinta”, pontuou Marco Soares.

Antes de a idosa ser socada, os filhos dela foram algemados pelos policiais. Um deles, Luciano Aparecido, de 48 anos, foi agredido. Dona Vilma, ao testemunhar a agressão, deu um tapa no ombro do soldado, que revidou com o soco no rosto dela.

O outro filho, Benedito Diogo, 40, saiu do local sem lesões e, ao chegar ao hospital levado pelos policiais, estava com o rosto cheio de hematomas e sangramento na cabeça, segundo o advogado.

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“O mais grave foi justamente o momento de tortura que os irmãos passaram. Por essa razão, pedi retificação do BO, uma nova oitiva das vítimas e também dos policiais, a capitulação de crime de tortura, informações sobre o GPS da viatura, para saber por onde andaram e pararam”, acrescentou o advogado.

Além disso, a família irá mover uma ação indenizatória contra o governo do estado. “Uma das motivações para isso, a principal, é de caráter didático, para que o estado exerça o controle sobre seus policiais, para que isso não se repita.”

“No dia dos fatos, quando os irmãos foram levados ao hospital, sofreram muitas ameaças também de outros policiais, do batalhão de Jacareí. Estavam na maca, algemados, e os PMs vinham todo instante e comentavam que, se falassem algo [sobre as agressões sofridas] iriam morrer”, afirmou o advogado ao Metrópoles.

Segundo relatado à reportagem, na ocasião da violência, os irmãos afirmaram terem sido agredidos com socos e golpes de cassetete, quando os dois soldados da PM pararam a viatura, em um ponto sem câmeras.

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A Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) afirmou, em nota enviada no dia 1º de junho, que no estágio atual da apuração “é errado” afirmar que a idosa – ou qualquer outro envolvido no caso – responderá por algum crime.

“Todos os envolvidos nesta ocorrência foram ouvidos e tiveram suas versões registradas no boletim de ocorrência, que é um procedimento inicial. Somente após as devidas investigações é que alguma medida judicial poderá ser tomada”, explicou a pasta.

Em nova nota enviada ao Metrópoles, a SSP informou que o caso segue sendo investigado pela Delegacia de Igaratá e que estão sendo realizadas diligências visando o esclarecimento dos fatos. “Ressalta-se que a natureza criminal pode mudar no decorrer do inquérito, sem prejuízo às investigações”, esclarece a nota.

Ainda segundo a SSP, o policial envolvido permanece afastado das atividades operacionais. Foi instaurado um inquérito Policial Militar (IPM) que apura as circunstâncias do episódio.

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