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“Barão dos ônibus” em SP já foi sequestrado e ameaçado com motosserra

Alvo de um bloqueio milionário, Belarmino pai, o “barão dos ônibus”, já foi sequestrado pelo próprio segurança e investigado pelo MPSP

atualizado

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BELARMINO ASCENÇÃO MARTA, O BELARMINO PAI, É O BARÃO DOS ÔNIBUS DE SÃO PAULO
1 de 1 BELARMINO ASCENÇÃO MARTA, O BELARMINO PAI, É O BARÃO DOS ÔNIBUS DE SÃO PAULO - Foto: Divulgação

São Paulo — Alvo de um bloqueio de R$ 56 milhões da Justiça em uma briga milionária, Belarmino Ascenção Marta, de 87 anos, o “barão dos ônibus”, é um dos pioneiros do setor em São Paulo e dono de um dos maiores faturamentos entre empresas do ramo na capital.

Seu império, erguido nos anos 1960, esteve pelo menos duas vezes sob investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP). Anos atrás, Belarmino foi sequestrado por seu próprio segurança, um ex-policial, e ficou um mês em cativeiro. O crime envolveu até ameaça com uso de motosserra.

Nascido em Portugal, Belarmino veio para o Brasil com os pais e três irmãos aos 15 anos, em 1951. Começou a vida vendendo frutas e verduras na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Os negócios expandiram e a família comprou uma frota de 16 caminhões para transportar mercadorias. No início dos anos 1960, eles compraram seus primeiros oito ônibus.

Nos anos seguintes, o grupo só cresceu e dominou linhas de ônibus, principalmente em São Paulo e Campinas. Somente a Sambaíba, uma das muitas empresas do grupo, teve lucro acumulado de R$ 276 milhões entre 2019 e 2022 — o maior entre as companhias do setor. Ela é responsável por 1,2 mil ônibus, 115 linhas, e o transporte de 780 mil passageiros por dia na zona norte e no centro de São Paulo.

Sua família é dona ainda de revendedoras de caminhões Mercedes-Benz e teve participação na Selmi, empresa do ramo alimentício dona das marcas de macarrão Renata e Galo. Como mostrou o Metrópoles, empresas da família estão envolvidas em uma briga do Banco Sistema, sucessor do antigo Bamerindus, que resultou em um bloqueio de R$ 56 milhões sobre as contas de Belarmino pai e suas companhias.

No processo, o banco acusa Belarmino de ter adquirido uma outra empresa de ônibus nos anos 1990 e esvaziado todos os seus ativos deixando uma dívida milionária. O caso se arrasta há 16 anos na Justiça, e o banco o acusa de fraude para blindar seu patrimônio. A Justiça autorizou o bloqueio de R$ 56 milhões e já foram confiscados R$ 10 milhões.

Além da disputa privada, o empresário e seu império estiveram na mira do Ministério Público duas vezes. Atualmente, respondem a uma ação de improbidade administrativa em Campinas em razão de suposta fraude à licitação para o controle de linhas de ônibus da cidade. A investigação mostra que, por meio de diversas empresas, 67% das linhas de ônibus de Campinas foram parar nas mãos de Belarmino.

Em 2008, uma grande investigação sobre cartel de ônibus culminou com um mandado de prisão temporária do filho de Belarmino pai, que é sócio de diversas empresas do grupo. As provas acabaram anuladas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o caso foi arquivado.

O sequestro do “barão dos ônibus”

Influente entre os manda-chuvas dos ônibus de São Paulo, Belarmino pai sempre andou com seguranças e dispõe de motoristas. Em novembro de 2016, ele havia dispensado seus assistentes para fazer uma viagem de carro. Em um restaurante “Frango Assado”, ele foi abordado por um homem no estacionamento, que disse ter algo a lhe entregar. Ele hesitou e a pessoa disse: “Se o senhor não vai, então vamos levar o senhor na marra”. Tomou socos e foi enfiado dentro de um carro.

Belarmino foi levado por um grupo de homens com distintivos de policiais a um cativeiro em Parelheiros, no extremo sul de São Paulo. Lá, ele disse que um deles ligou uma motosserra e o ameaçou: “Vou picar o senhor aqui”. Foram 31 dias de cárcere privado até a polícia estourar o cativeiro e prender os sequestradores.

Todos foram condenados criminalmente, menos o suposto mandante do crime, Jorge Luiz Talarico, um ex-policial civil e segurança de Belarmino. Ele morreu antes de ser julgado.

Talarico também era acusado por executar a morte de um auditor da Receita Federal a tiros em Maringá, no norte do Paraná, a mando de um empresário de uma fábrica de brinquedos.

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