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Fundos que administram R$ 65 trilhões pedem proteção da Amazônia

Investidores cobram empresas e governos de Brasil e Bolívia e dizem que crise ambiental prejudica o ambiente de negócios

atualizado

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Victor Moriyama/Getty Images
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre agosto de 2019 e julho deste ano, os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram aumento de 34,5%, na comparação com os 12 meses anteriores
1 de 1 Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre agosto de 2019 e julho deste ano, os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram aumento de 34,5%, na comparação com os 12 meses anteriores - Foto: Victor Moriyama/Getty Images

Em declaração divulgada nesta quarta-feira (18/09/2019), 230 investidores, que representam aproximadamente US$ 16,2 trilhões em ativos (aproximadamente R$ 65 trilhões), afirmaram que acompanham “com profunda preocupação a crescente crise de desmatamento e incêndios florestais no Brasil e na Bolívia”. Para se ter ideia do montante representado pelos fundos, o Produto Interno Bruto do Brasil em 2018 foi de R$ 6,8 trilhões.

No texto, os fundos afirmam também que “como investidores, que têm o dever fiduciário de agir no melhor interesse de longo prazo de nossos beneficiários, reconhecemos o papel crucial que as florestas tropicais desempenham no combate às mudanças climáticas, a fim de proteger a biodiversidade e garantir serviços ecossistêmicos”. O documento afirma ainda que “a Amazônia, como a maior floresta tropical do mundo, é um repositório global da diversidade biológica e fornece serviços ecossistêmicos inestimáveis que sustentam as atividades econômicas em todo o mundo.”

A declaração afirma ainda que o desmatamento e os impactos dele podem trazer riscos sistêmicos para as carteiras dos fundos. E pede que as empresas, sem citar nomes em específico, redobrem seus esforços e demonstrem compromisso de eliminar o desmatamento em suas operações e cadeias de suprimentos. E lista quatro medidas que devem ser implementadas por companhias. São elas:

– Divulgar e implementar publicamente uma política de não desmatamento específica de mercadorias com compromissos quantificáveis e com prazo determinado, cobrindo toda a cadeia de suprimentos;

– Avaliar operações e cadeias de suprimentos quanto ao risco de desmatamento e reduzir esse risco ao nível mais baixo possível, divulgando essas informações ao público;

– Estabelecer um sistema transparente de monitoramento e verificação para conformidade do fornecedor com a política de não desmatamento da empresa;

– Relatórios anuais sobre exposição e manejo de riscos de desmatamento, incluindo progresso em direção à política de não desmatamento da empresa.

O texto cita ainda relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e a Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas em Serviços de Biodiversidade e Ecossistemas (IPBES), para destacar o que classificou como “estreitos laços entre o uso insustentável da terra e as mudanças climáticas.”

“O desmatamento na região poderia potencialmente aproximar perigosamente todo o ecossistema de um ponto após o qual a floresta não será capaz de se manter, gradualmente se transformando em sistema de savana que é muito mais seco, menos biodiverso e armazena significativamente menos carbono. Isso prejudicaria gravemente o setor agrícola e outras atividades econômicas, reduzindo as chuvas e aumento da temperatura a longo prazo. Estamos preocupados com o impacto financeiro que o desmatamento pode ter nas empresas investidas, potencialmente aumentando os riscos reputacionais, operacionais e regulatórios”, diz a nota.

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