metropoles.com

Palcos de Brasília: professoras catalogam história do teatro no DF

Pesquisa começou em 2010 e reuniu todas as reportagens sobre artes cênicas publicadas entre 1972 e 1999

atualizado

Compartilhar notícia

Michael Melo/Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A Universidade de Brasília (UnB) lança, nesta segunda-feira (14/5), o livro e base de dados Inventários de Cenas: Mapeamento de Fontes Sobre o Teatro-DF. De autoria das historiadoras Elizângela Carrijo e Ana Lúcia Gomes, o projeto reúne importante recorte das artes cênicas brasilienses: catalogando 27.641 notícias referentes a espetáculos publicadas entre 1972 e 1999.

Diante da falta de livros e registros que tracem a evolução das artes cênicas na região, Elizângela se inquietou. “Quando você vai contar a história de algo, deve mostrar quem disse, qual a base da sua afirmação. O fundamento são os documentos. Para falar do teatro de Brasília, não se tem uma organização única”, comenta a professora.

O estudo começou como um Projeto de Iniciação Científica, em 2010, quando as pesquisadoras selecionaram estudantes da Universidade para folhearem, página a página, os exemplares do arquivo do Jornal de Brasília. Munidos de equipamentos de proteção individual, os alunos recolheram os dados em planilhas que hoje constam na publicação.

“Tenho a impressão de que as pessoas do teatro o praticam, mas não o documentam. Eles mal guardam os cartazes das peças. E quando conservam, o panfleto não tem todas as datas de apresentações”, reflete a professora Ana.

As pesquisadoras esperam, com a publicação, deixar um fio condutor para aqueles que desejam ou precisam estudar a história do teatro brasiliense: por exemplo, a disciplina é cobrada tanto no vestibular como no Programa de Avaliação Seriada (PAS), da UnB.

A necessidade do registro se dá também porque embora a cidade seja muito jovem os primeiros habitantes estão com a idade avançada. “As pessoas estão idosas. Quem vai contar essa história? Aí entra a Universidade como centro de pesquisa, informação e memória”, argumenta Elizângela. Para ela, é preocupante ver a juventude brasiliense desconhecendo, por exemplo, a obra de Hugo Rodas, diretor de teatro uruguaio estabelecido na cidade desde 1975. “Mas a culpa é da moçada ou de quem não contou a eles sobre o Rodas?”, questiona a acadêmica.

Para o próprio Rodas, também professor da UnB, o hercúleo trabalho das pesquisadores merece reconhecimento. “Essa memória é sempre enormemente válida para a vida da cidade. Mas acho que eu mesmo, diretor de 150 espetáculos na cidade, seria incapaz de produzi-la”, aponta. Aos 78 anos, o diretor afirma se interessar mais no presente. “Ultimamente, prefiro estar trabalhando a ser lido. Mesmo aposentado, continuo dando aula. É o meu jeito de me aproximar da juventude, de me sentir jovem”, reflete.

0

Para o colunista do Metrópoles e dramaturgo Sérgio Maggio, por sua efemeridade, o teatro precisa de registros como o feito pelas historiadoras. “Quando se fecham as cortinas, o espetáculo morre. Fica na memória dos espectadores. Se a gente compuser esses 58 anos de artes cênicas em Brasília, conseguimos traçar a história da capital. A identidade dos palcos brasilienses vive na pluralidade de origens de quem construiu a cidade”, afirma o jornalista, responsável pela série Teatro 061.

Felipe Menezes/Metrópoles
Hugo Rodas considera o esforço extremamente válido

 

O legado da pesquisa, segundo as historiadoras, ainda se estende às políticas públicas relacionadas à arte. “Não tem como fazer leis efetivas sem dados, desconhecendo o objeto de estudo. Só se debate o Fundo de Apoio à Cultura (FAC), o dinheiro e o fomento. Mas cadê a política? E se o estudo indicar que a maior necessidade da cidade é a construção de salas modernas em Brasília?”, indaga a professora Elizângela.

Questionadas sobre o advento do digital, as historiadoras se mostraram céticas. “Para mim, isso de guardar dados na nuvem é o mesmo que guardar coisas num quarto escuro. Se não tiver organização, classificação, indexação e principalmente segurança, tudo pode se perder. A documentação na web exige os mesmos critérios da física”, orienta Elizângela.

Lançamento do livro e base de dados Inventários de Cenas: Mapeamento de Fontes Sobre o Teatro-DF
14 de maio, às 15h, no Auditório Joaquim Nabuco (Faculdade de Direito da UnB, Campus Darcy Ribeiro, Asa Norte). Entrada franca

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comEntretenimento

Você quer ficar por dentro das notícias de entretenimento mais importantes e receber notificações em tempo real?