metropoles.com

Autistas protagonizam o musical “Uma Sinfonia Diferente”

No palco estarão 50 autistas, entre adultos e crianças. A apresentação acontece nesta sexta (30/9), às 19h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães

atualizado

Compartilhar notícia

Daniel Ferreira/Metrópoles
Sinfonia Diferente: musical com autistas – Brasília(DF), 28/09/2016
1 de 1 Sinfonia Diferente: musical com autistas – Brasília(DF), 28/09/2016 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

No palco, 50 pessoas, entre adultos e crianças de 2 a 30 anos de idade. Unidos por meio da música, os protagonistas compartilham seus universos singulares, onde eles se vinculam por uma característica em comum: o autismo. “Uma Sinfonia Diferente” é um projeto audacioso que visa ultrapassar as barreiras do estereótipo do autista insociável. Nesta sexta (30/9), às 19h, o Centro de Convenções Ulysses Guimarães vai hospedar o espetáculo que promete emocionar o público.

Encabeçado pela jovem musicoterapeuta Ana Carolina Steinkopf, o projeto é o primeiro musical do Brasil composto apenas por autistas. Produzido de maneira totalmente independente, o espetáculo surgiu em 2015 quando os sete meses de atividades culminou em uma apresentação protagonizada por 20 autistas, entre 2 e 25 anos, que lotou o auditório da Escola Classe 308. “O local possui 450 lugares, nós vendemos 670 ingressos. Foi muito impressionante”, lembra Ana Carolina.

Muitos desafios foram superados para que nesta sexta (30/9), o Centro de Convenções receba o “Uma Sinfonia Diferente”. Além das 20 vagas abertas no ano passado, no início do ano foram disponibilizadas mais 30 vagas. A procura foi tanta que o projeto recebeu 270 inscrições no total. “Foram escolhidas as 30 primeiras, porque não dá pra julgar talentos nesta situação”, explica a idealizadora.

Este ano a segunda edição reúne 50 autistas, entre crianças e adultos. Com o tema “O Meu Olhar”, o espetáculo trabalha a empatia do público e dos protagonistas. Fazem parte do repertório as músicas “Brilha Brilha Estrelinha”, “Gotinha”, do Palavra Cantada, “Se Você Está Feliz”, “Alecrim”, “Amigo Estou Aqui”, “We Will Rock You”, do Queen e “Estrada”, do Cidade Negra. As canções serão cantadas e interpretadas por todos os participantes. “Em algumas músicas todos estarão no palco, outras só um grupo. Na música do Queen são os mais velhos que participam e a maioria não fala, então eles vão utilizar a expressão corporal”, adianta Ana.

Para fugir do estereótipo do autista que não se comunica socialmente, a apresentação expressa o afeto, a capacidade de relacionamento, o desenvolvimento e a interação com a música. Os pais e familiares também estarão em cena. A música “Gotinha” será cantada pela Marina, de 4 anos, e pelo seu irmão autista Caio, de 7 anos. “O ápice será na música ‘Estrada’, quando os pais de todos eles também vão cantar juntos. Vai ser muito emocionante”, promete Ana.

Daniel Ferreira/Metrópoles

 

Esforço do bem

O projeto só é possível graças ao trabalho de uma equipe formada por 60 voluntários, entre profissionais e estudantes de psicologia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, medicina e nutrição. “A equipe é fantástica, muito dedicada e preparada. Na faculdade geralmente a gente não tem muito conhecimento prático, então o trabalho voluntário ajuda bastante”, ressalta Ana.

Até chegar à apresentação final foram necessários sete meses de trabalho. Durante cinco meses, as atividades aconteceram em grupos de cinco pessoas, em uma sala de 30m², no Edifício Júlio Adnet (Asa Sul). Nos dois últimos meses, os ensaios foram para o Centro de Convenções. “Tudo é muito difícil quando se trabalha com autistas. Eles têm um tempo diferente, precisamos nos adaptar a eles e o mesmo acontece com eles, que precisam se adaptar ao ambiente e aos companheiros”, explica a musicoterapeuta.

Formada em violino pela Escola de Música de Brasília, Ana Carolina cursou musicoterapia, uma área específica da saúde que utiliza a música e seus elementos no tratamento das pessoas alinhado à psicoterapia. “A gente precisa estudar o histórico sonoro de cada paciente. Todo mundo tem suas preferências musicais e é importante lembrar que a música também pode fazer mal. Alguns ritmos podem dar convulsão, trazer lembranças ruins”, pontua Ana Carolina.

Daniel Ferreira/Metrópoles

Trabalhar com autistas se tornou, com o tempo, parte fundamental da vida da jovem. “Na minha primeira consulta com uma criança autista depois de formada eu toquei um acorde e o menino virou de costas para mim”, lembra Ana ao falar da frustração inicial. Hoje, aos 25 anos, ela funda o Instituto Steinkopf buscando ser um Centro de Referência em Autismo que promoverá pesquisa, educação e saúde. A ideia do projeto “Uma Sinfonia Diferente” já foi levado à Fortaleza (CE) e a Timóteo (MG) por meio de workshop ministrado por Ana Carolina à instituições especializadas.

Uma Sinfonia Diferente
Nesta sexta (30/9), às 19h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ingressos variam de R$ 20 a R$ 60 à venda na Bilheteria Digital do Pátio Brasil, Liberty Mall e Alameda Shopping e pelo site. Classificação indicativa livre.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comEntretenimento

Você quer ficar por dentro das notícias de entretenimento mais importantes e receber notificações em tempo real?