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Crítica: Eu, Tonya é cinebiografia caricata de controversa patinadora

Filme recria ambiente esportivo americano dos anos 1980 e 1990 para narrar a carreira de Tonya Harding, envolvida em ataque a atleta rival

atualizado

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California Filmes/Divulgação
eu tonya margot robbie
1 de 1 eu tonya margot robbie - Foto: California Filmes/Divulgação

Eu, Tonya não quer ser uma cinebiografia convencional, dessas feitas para beliscar um Oscar, apesar de estar bem representada na cerimônia, com três indicações. A narrativa volta aos anos 1980 e 1990 para retratar vida e carreira da americana Tonya Harding (Margot Robbie), patinadora artística no gelo que colecionou vitórias em competições e polêmicas midiáticas.

O próprio formato do longa tenta dar um ar de esperteza ao projeto. De um lado, vemos a história da atleta contada da infância na patinação à curta trajetória no boxe, passando obviamente pelo caso que envolveu um ataque de bastão à colega esportista Nancy Kerrigan às vésperas das Olimpíadas de Inverno de 1994, em Lillehammer (Noruega).

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Entre as páginas da vida de Tonya, os principais personagens (ela, a mãe, o marido, a primeira treinadora e um jornalista) dão entrevistas para a câmera, no que se revela um falso documentário de televisão sobre o filme que estamos vendo, com direito a interrupções na história, remendos propositais, depoimentos contraditórios.

Esse parece ser o único recurso narrativo do diretor Craig Gillespie, revelado em A Garota Ideal (2007) e recentemente associado a produções Disney de fundo “motivacional” (Arremesso de Ouro e Horas Decisivas): transformar a história de Tonya em um folhetim à la American Crime Story, carregado por trilha sonora pop e atuações caricatas de Margot, Allison Janney (LaVona, a mãe) e Sebastian Stan (Jeff, o marido).

Cinebiografia às avessas ou simplesmente apelativa?
Outra estratégia no mínimo ingênua de Gillespie é distribuir rodopios de câmera para apresentar Tonya como uma esportista tão instável quanto talentosa e seus constantes choques de personalidade com o status quo da patinação artística. Ela tinha origens simples e modos, digamos, “rudes” em comparação com as outras moças que praticavam o esporte.

Não bastasse o formatinho gasto de biografia autoirônica e cínica, Eu, Tonya ainda promove um desserviço ao trazer o histórico de Tonya com relacionamentos abusivos (mãe e marido tratavam Tonya com socos, chutes e xingamentos dia sim, dia não) dentro de uma configuração histriônica e um tanto vazia de significado.

“Vocês vieram aqui para isso”, diz uma Tonya já aposentada à câmera de TV antes de vermos o escândalo que desgraçou a carreira esportiva da patinadora. Um filme que se julga diferentão, mas consegue ser pior que a maioria das biografias consideradas “caretas”.

Avaliação: Ruim

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