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Crítica: “Chocolate” alterna reflexão humanista e diversão sensível

Omar Sy (“Intocáveis”, “Samba”) interpreta o primeiro palhaço negro da França, contracenando com James Thiérrée, neto de Chaplin

atualizado

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filme chocolate
1 de 1 filme chocolate - Foto: Divulgação

Uma das sensações do Festival Varilux deste ano, que passou por Brasília e outras 49 cidades brasileiras, o drama “Chocolate” trazia um detalhe delicioso que quase ninguém notou. A presença nas telas do neto de um dos grandes nomes da história do cinema, o mestre da pantomina e do riso, Charles Chaplin. Seu nome é James Thiérrée e ele é um dos protagonistas do filme que fala, entre outras coisas, sobre tema cancerígeno da humanidade: o racismo.

O outro protagonista é o ótimo ator Omar Sy, que resgata aqui a trajetória do primeiro palhaço negro da história da França. Seu nome era Rafael Padilha, um cubano que fugiu do chicote em sua terra natal para se tornar grande estrela dos circos de Paris.

“Entendi a loucura do número de vocês”, diz empolgado um astuto empresário do entretimento, visualizando cifrões na dupla de comediantes.

Essa história de amizade e cumplicidade artística tem início nos circos mambembes do interior da França, onde Footit (James Thiérrée), no passado um palhaço de sucesso, agora sobrevive por um prato de comida nos picadeiros. Suas performances não empolgam o dono do circo, muito menos o público. Um dia, no entanto, ele vislumbra a oportunidade de uma parceria auspiciosa na figura exótica de Rafael Padilla, um grandão negro que posa de nativo africano.

Reflexão humanista e entretenimento sensível
No entanto, o sucesso no centro das artes que era Paris no século 19 traz fama, reconhecimento, dinheiro e também uma série de problemas, como os excessos com o prazer, a inveja e, o pior de todos, o preconceito. “Agora quero ver você roubar emprego dos brancos”, ironiza um sádico chefe de polícia, que prende Rafael por ele ser um estrangeiro sem documentos.

Há muitas questões de caráter social e antropológico imbuídos nas entrelinhas de “Chocolate”. Coisas como a perversidade que existe por trás do êxito da conquista na cultura, sobretudo quando vindo de baixo, ou a dubiedade da inserção social quando se é “diferente” num mundo fechado. Daí a cena mais do que simbólica quando ele encena a peça “Otelo”, de Shakespeare. Mas são temas que, aparentemente, não interessam ao público.

Contudo, um dos méritos da direção solar do diretor e também ator, Roschdy Zem, é dosar momentos de reflexão humanista com diversão sensível, ingredientes potencializados pela química perfeita entre os atores Omar Sy e James Thiérrée. O primeiro emprestando densidade dramática com seu papel complexo. O Segundo, com tudo isso e mais a herança cômica familiar nas boas cenas de circo.

Avaliação: Bom

Veja salas e horários de “Chocolate”

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