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Cannes: “Solo: A Star Wars Story”, de Ron Howard

O resultado final de uma produção atribulada é exatamente o que se esperava: um filme nada mais e nada menos do que médio.

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Festival de Cannes/Divulgação
Solo
1 de 1 Solo - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Desde a venda da LucasFilm para a Disney, fãs da saga Star Wars oscilavam entre o otimismo e o pessimismo. Ficaram felizes por que seria o retorno dos personagens iniciais (Luke Skywalker, Han Solo e Leia Organa) para a tela grande. Apreensivos pelo medo da mega-corporação escalar a franquia e trabalhá-la até a exaustão, lançando um novo filme Star Wars por ano, pelo resto das nossas vidas. O otimismo vem vencendo, mesmo com controvérsias, após três filmes bem recebidos por crítica e público. “Solo”, infelizmente, dá fôlego aos pessimistas. O “filme que ninguém pediu” é o mais desnecessário de toda a franquia–esquecível e indistinto de qualquer outro blockbuster atual.

Han Solo, o piloto cínico e veterano que encontra propósito e amizade ao se juntar à Rebelião da trilogia inicial, sempre foi o favorito dos fãs. Visto pela primeira vez num boteco em Tattooine, contratado por Luke Skywalker e Obi-Wan Kenobi para contrabandeá-los para fora do planeta, ele nunca precisou ter seu passado explicado. Além de ser um personagem arquetipal, o arco dramático de sua vida que realmente interessa foi este iniciado no episódio quatro.

Mesmo assim, vamos lá. Quando jovem, Han (Alden Ehrenreich) é um ladrão de carros e cargas a serviço de uma mafiosa, Lady Proxima (Linda Hunt), que tenta acumular dinheiro suficiente para fugir do planeta-favela Corellia junto com o amor de sua vida, a também ladra Qi’ra (Emilia Clarke). Idealista e apaixonado, Han fracassa em seus planos iniciais, e foge do planeta ao se alistar no exército imperial. Três anos depois, ele se junta a uma trupe de contrabandistas para tentar conseguir uma nave que o permita retornar a Corellia e resgatar Qi’ra de uma vez por todas.

“Solo” oscila entre ser um verdadeiro space western (pela primeira vez não vemos nenhum uso da Força num filme Star Wars, ou mesmo membros do governo imperial) e um fan-fiction esclarecedor de tudo que se imaginou e tudo que não se imaginou sobre Han Solo. Aqui vai uma pequena lista:

Ítens cujo esclarecimento se esperava:

* Descobrir como Han conheceu Chewbacca
* Ver como Han conheceu Lando Calrissian
* A primeira vez em que ele pilota o Millenium Falcon
* Os dados da sorte que Han colocou em sua nave
* O famoso Kessel Run, feito que cimentou a fama de Han Solo como o piloto que é

Ítens que ninguém pediu pra explicar:

* A origem do sobrenome “Solo”
* A origem do apelido “Chewie” para Chewbacca
* Um backstory qualquer para sua pistola
* O fato de que o sucesso do Kessel Run se deve mais a algo parecido como o gas nitro de “Velozes e Furiosos” do que com qualquer habilidade de Han Solo

Como filme, a obra não é ruim. Ron Howard é um diretor competente e o elenco foi muito bem escolhido. Ehrenreich convence como um jovem Harrison Ford, Donald Glover (Lando Calrissian) domina suas cenas com uma imitação sensualizada de Billy Dee Williams e Woody Harrelson merecia mais cenas como Tobias Beckett, líder da gangue que Han adentra. Emilia Clarke, Paul Bettany (como o vilão Dryden Vos) e Thandie Newton (Val) tem pouco ou nada pra fazer numa trama saturada de personagens, que ainda inclui outro grupo de bandidos, liderados por Enfys Nest (Erin Kellyman) que, na pior decisão do filme, forma uma ligação com a futura rebelião.

Assim como no outro spin-off, o também desnecessário, embora muito mais interessante “Rogue One”, é o robô que rouba a cena. Aqui ela (pela primeira vez um robô feminino!) se chama L3-37, vivida por Phoebe Waller-Bridge, ela está interessada em conseguir direitos iguais para os robôs deste universo e planeja uma rebelião. Espevitada, também debate consigo mesma se deve ou não ter um relacionamento amoroso com Lando (ninguém sabe como funcionaria). Uma clara invenção de Phil Lord e Chris Miller, os diretores inicialmente contratados para o filme e depois demitidos no meio da filmagem. Estima-se que 30% da versão filmada por eles está no produto final, e isso provavelmente inclui uma piada inicial, que envolve uma pedra que Han Solo finge ser uma bomba termal. Infelizmente, esta versão nunca será vista, mas o pouco que resta serve para indicar o quão melhor seriam as chances do filme ser interessante se a produtora Kathleen Kennedy um dia resolvesse aumentar a corda.

Esta simples cena da pedra mostra que os dois diretores iniciais entendiam muito mais quem era Han Solo, um malandro que se virava entre valentia bruta e riscos imbecis, do que os próprios roteiristas finais, que fizeram um filme sem riscos e sem charme, embora funcional.

Avaliação: Regular

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