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Cannes: “Showing Up”, de Kelly Reichardt

A vida da artista entre a banalidade e o sublime.

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Showing Up
1 de 1 Showing Up - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Quão férteis são as pausas de que se compõe a vida? Lizzie (Michelle Williams) tem uma semana para terminar as peças cerâmicas que vão compor sua exibição em uma galeria que tem um alcance um pouco maior do que ela já conseguiu na carreira. Morando à beira de uma escola de artes em Portland, Oregon, a vida, juntamente com uma pequena propensão a evitar o trabalho, parece querer atrapalhá-la quase que propositalmente. É exatamente isto que a diretora, Kelly Reichardt, quer propor: a arte acontece inspirada na vida ao redor, ou o redor se impõe na composição da arte?

Afinal de contas, a vida minimalista de Lizzie impõe muito com o que se preocupar. Sua casa está sem água quente, e a dona da propriedade, sua vizinha Jo (Hong Chau) está mais interessada em seus próprios trabalhos artísticos. As duas são amigas ou rivais? A ambiguidade do filme sobre essa dinâmica é o que ele tem de melhor.

Pouco acontece, apesar de tudo com o qual Lizzy deve lidar. Seu pai (Judd Hirsch), artista já aposentado, se entretém com dois hóspedes em casa que talvez estejam tirando vantagem dele e sua mãe (Maryann Plunkett) trabalha na instituição de ensino em que a própria Lizzy faz uma ponta, mas não tem muito tempo para a filha. Além disso, o irmão (John Magaro) tem problemas ocasionais de bipolaridade. Além disso, Lizzy sente culpa o suficiente para tomar conta de um pombo que seu gato machucou, deixando-o em uma caixa em casa. (Até no conforto do lar, uma pequena tragédia pode acontecer).

Existe uma premissa intrigante se refletirmos que o ponto final do filme, a exibição de arte, por sua vez, coloque Lizzy na rota de um certo sucesso artístico, algo que transforme sua vida completamente de modo que a semana que estamos a contemplar será o último resquício de uma normalidade que ela terá por muito tempo. Talvez ela até chegue a ter saudade de tempos simples como estes. Enfim, isso não está no filme.

Existe um claro paralelo a ser feito entre este filme de Reichardt, e ‘Paterson’, de Jim Jarmusch, que estreou em Cannes no ano de 2016, porém é um detrimento a este novo filme. O sublime que se busca aqui é tão minimalista a ponto de parecer irrelevante. O contraste entre Lizzy, que já é uma artista com presença, a Paterson, que se contenta em escrever versos apenas para si mesmo, talvez seja um dos pontos do trabalho, mas nele os roteiristas correm o risco de alienar seus espectadores.

“Showing Up” é mais uma composição minimalista para o portfólio de Reichardt e Williams, também com um alcance menor que os demais.

Avaliação: Regular (2 estrelas)

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