Mulher que perdeu marido e filho pede pena máxima para acusado
Nesta terça-feira (19), o MP denunciou Roney Ramalho Sereno à Justiça por homicídios duplamente qualificados e ameaça
atualizado
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A noite do dia 8 de dezembro foi de dor, tristeza e revolta para a família da assistente administrativo Ana Karina de Macedo Matos de Aguiar, 47 anos. Ela viu o marido, Anderson Ferreira de Aguiar, 49, e o filho mais velho, Rafael Macedo Aguiar, 21, serem assassinados com, pelo menos, oito tiros. O cenário da barbárie foi o condomínio Estância Quintas da Alvorada, no Jardim Botânico. O autor: um vizinho. O motivo seria um desentendimento por conta de uma lixeira.
Concursado do Ministério Público da União (MPU) e lotado na Procuradoria-Geral da República (PGR), Roney Ramalho Sereno, 43, está preso preventivamente pelo crime que chocou a capital do país neste fim de ano. Nesta terça (19), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou Roney à Justiça.
De acordo com a denúncia, os homicídios são duplamente qualificados. Roney agiu por motivo torpe, por desentendimentos com os vizinhos, e mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, já que foram surpreendidas enquanto preparavam o carro para sair de casa.
Após os tiros, o acusado ainda ameaçou de morte a viúva, Ana Karina, e seu filho, João Victor, fugindo logo em seguida. Na denúncia, o MP reiterou a necessidade da manutenção da prisão cautelar de Roney. Se condenado, ele poderá ser submetido a uma pena superior a 60 anos de reclusão.
Depois da tragédia, a família mudou de endereço. Mesmo assim, Ana Karina ainda teme por sua vida e a dos outros dois filhos. “A ida dele (Roney) para a Papuda nos faz respirar. Mas, alívio mesmo, só quando ele for condenado à pena máxima e permanecer o resto da vida atrás das grades”, diz Karina.
O suspeito deixou a carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade, onde estava preso desde o duplo homicídio, e foi transferido para a Papuda no dia 12 de dezembro, onde vai aguardar os próximos passos das investigações.Segundo Karina, ela e os filhos deixaram o imóvel que a família mora e foram para a casa de parentes, no Guará. “Precisamos voltar e continuar a nossa vida, mas estamos com medo. Não quero perder mais ninguém da minha família”, disse.
De acordo com a viúva, após balear Anderson e Rafael, Roney ainda ameaçou o filho do meio. “Eu corri na direção dele e ele disse que iria atirar na minha cara. Que só faltava a gente”, acrescenta. A esposa de Aguiar disse, ainda, que a mulher de Roney também tem responsabilidade na tragédia. “Ela foi conivente com o crime. Viu o marido assassinar a minha família cruelmente e não fez nada. Depois, ainda o ajudou a fugir. Não queremos morar ao lado de uma pessoa assim”, garante.
Expulsão
No dia do crime foram encontrados no interior da casa do acusado, no Conjunto 7 da Quadra 2, um revólver, uma pistola, uma espingarda e mais de 30 mil munições. Roney fazia parte da Federação Brasiliense de Tiro Esportivo (FBTE). Após o duplo homicídio, a entidade confirmou a expulsão do filiado.
Vizinhos informaram à polícia que os desentendimentos entre os envolvidos se arrastavam desde 2014. Segundo a Polícia Militar, tudo começou porque o autor dos disparos havia instalado uma lixeira próximo à casa das vítimas. De acordo testemunhas, Roney também sempre mandava caminhões com materiais de construção estacionarem em frente à residência dos Aguiar.
Em nota, a PGR informou que vai abrir procedimento administrativo, tendo em vista que o suspeito é servidor efetivo do MPU. “Ele será exonerado do cargo em comissão que ocupa e está com o salário suspenso, pois não está no efetivo exercício das funções”, informa o órgão.
Tragédia anunciada
Funcionários do condomínio onde ocorreu o crime relataram à polícia que o autor dos disparos teria enviado uma carta para as vítimas fazendo ameaças. O envelope foi acompanhado de uma munição de arma de fogo. O Metrópoles teve acesso ao documento.
Em depoimento à polícia, a mulher de Roney Sereno relatou que Anderson era muito nervoso e sempre “implicava com coisas pequenas”, tais como objetos encostados no muro, na lixeira ou com veículos estacionados em frente à casa das vítimas.
Ainda de acordo com a declaração da esposa do suspeito, os vizinhos jogavam fezes de cachorros em frente à sua residência. A família Aguiar negou. A mulher ressaltou, por fim, que não presenciou a briga e acordou assustada com o barulho de disparos de arma de fogo.