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Amigos e familiares de Raphaella Noviski pedem paz em Alexânia

Centenas de pessoas participaram de manifestação contra a violência e o feminicídio nesta terça. A jovem foi morta na escola, com 11 tiros

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Alexãnia
1 de 1 Alexãnia - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Centenas de moradores de Alexânia (GO), entre eles familiares e amigos da jovem Raphaella Noviski, de 16 anos, saíram às ruas nesta terça-feira (14/11) para protestar contra a violência na cidade. A estudante foi morta há oito dias por Misael Pereira Olair, 19, com 11 tiros, sete deles no rosto, dentro da escola em que estudava.

Os manifestantes deixaram a Praça da Juventude às 9h45, vestidos de camisetas brancas, a maior parte delas com a foto da vítima. Eles seguravam faixas com a mensagem “Alexânia implora por paz”.

Ao lado da filha mais velha, Isabella Romano, 18, o pai de Raphaella, Leandro Márcio Romano, segurava uma faixa com os dizeres “Alexânia implora por paz. Não basta desejar paz. É necessário dispor-se a construí-la”. O grupo aproveitou a agenda da Prefeitura e valeu-se da inauguração de um ginásio de esportes para chamar mais atenção.

Ao entrar no local, o homem não conteve as lágrimas. “Muita saudade”, afirmou. No local, as mais de mil pessoas que participavam da solenidade se uniram aos manifestantes e pediram justiça e paz.

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Saudade dá sempre. Sabemos que não terá volta. A gente tenta chamar a atenção pela paz. A esperança é a última que morre. Sempre vemos a família dos outros. Mas só quando é a nossa sabemos realmente como é a dor.

Benedito Romano, avô paterno de Raphaella

“O caso da Raphaella não é isolado. Poderia ser qualquer um de nós. Queria pedir a vocês: filhos, conversem com seus pais. Mais ajuda da Polícia Civil”, clamou a gestora pública Priscilla Jeane Alves. “Organizei a caminhada. Estamos precisando de paz. Já conhecia os pais, sou amiga da família. Tenho três filhos”, completou.

Muito abalada, a mãe de Raphaella, Rosângela Cristina Silva, preferiu não dar entrevistas.

Inquérito concluído
Na segunda-feira (13), a Polícia Civil concluiu a investigação sobre o crime. Além de Misael, foram indiciadas outras três pessoas. O comerciante Davi José de Souza, de 49 anos, que teria auxiliado Misael a fugir, considerado seu comparsa, e outros dois homens: Wilkenedy Gomes dos Santos e José Alberto Moreira dos Santos — eles responderão pela suposta venda da arma utilizada no crime.

“A Polícia Civil entendeu que houve torpeza e o autor não deu chance de defesa à vítima. Além disso, concluímos que o Davi sabia a intenção do Misael quando o levou até o colégio e saiu com ele de lá”, explicou a delegada que investiga o caso, Rafaela Azzi. A dupla responderá por feminicídio e pode ser condenada a cumprir pena de até 30 anos de prisão.

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Já Wilkenedy e José Alberto responderão, em liberdade, por venda ilegal de arma de fogo. A investigadora afirma que os dois são trabalhadores rurais e que chegou até eles após Misael entregá-los, em interrogatório. “O Wilkenedy diz que ganhou a arma de um primo, que morreu um mês antes da Raphaella, assassinado em Alexânia. Ele, então, perguntou ao José Alberto se ele sabia de algum interessado em ter o revólver”, contou.

A delegada acrescentou que José Alberto morava perto de Misael, que, por sua vez, já havia contado ao trabalhador rural sobre a intenção de ter uma arma.

“O José Alberto alega que não sabia que o rapaz mataria a Raphaella. Ele diz que, naquele momento, pensou que Misael queria o revólver para proteção pessoal”, afirmou. Segundo Rafaela Azzi, o jovem desembolsou R$ 2,3 mil pela arma: R$ 2 mil ficaram com Wilkenedy, enquanto José Alberto faturou R$ 300. O inquérito será remetido ao Judiciário. O Ministério Público, na sequência, deverá apresentar denúncia contra os indiciados.

O advogado de Davi, Joel Pires de Lima, avaliou a decisão da delegada como subjetiva.


“A defesa entende que não há elementos suficientes para indiciar o Davi. O passado dele mostra isso, é livre de ilícitos, conhecido na cidade, onde é comerciante há muitos anos. Para haver condenação, não pode haver achismo

Joel Pires de Lima, advogado de Davi José de Souza

O advogado acrescentou que traçou o trajeto percorrido por Misael e Davi logo após o crime. O caminho, segundo o criminalista, indica que o suposto comparsa do rapaz “deu voltas” pela cidade para fingir que estava perdido e, assim, chamar a atenção da Polícia Militar.

“Conversei pessoalmente com testemunhas. Confirmaram para mim que o Davi piscou os faróis na direção da viatura logo antes da abordagem, para chamar a atenção”, contou. Misael ainda não tem advogado. Caso a família dele não apresente um em até 10 dias após o crime, ou seja, nesta quinta-feira (16), a Justiça determinará um defensor público para o acusado.

Tragédia
O crime chocou Alexânia, cidade com 26 mil habitantes, a 88km de Brasília. Raphaella foi assassinada com 11 tiros à queima-roupa, sete deles no rosto. Para cometer o homicídio, Misael pulou o muro da escola, invadiu a sala onde a jovem estudava e disparou contra ela. A entrada dele no local e o pânico dos estudantes foram registrados por câmeras de segurança.

Na sequência, Misael tentou fugir em um carro conduzido por um amigo, Davi José de Souza, que havia levado o rapaz até o colégio. A dupla acabou presa. Além do revólver calibre .32, o assassino confesso portava uma faca e uma máscara, utilizada por ele na hora do crime.

Em depoimento, o rapaz disse que matou a estudante por sentir “ódio”, pois a jovem não correspondia às investidas dele. Davi, por sua vez, alega que não sabia da intenção do amigo e é apontado como cúmplice do delito.

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