metropoles.com

Com 313 infectados por Covid-19, bombeiros reprovam máscaras da corporação

Equipamento não transmite segurança aos militares, que seguem atuando mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus

atualizado

Compartilhar notícia

Material cedido ao Metrópoles
Máscara
1 de 1 Máscara - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Após militares denunciarem irregularidades na fabricação de álcool em gel pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), a corporação voltou a ser alvo de reclamações internas. Desta vez, a polêmica envolve a aquisição de máscaras de proteção contra a Covid-19 ofertadas aos bombeiros em atuação.

Adquiridos em abril deste ano, por meio de licitação, os acessórios custaram R$ 461 mil aos cofres públicos. O montante resultou na compra de 273.900 equipamentos de proteção.

O processo, contudo, apresentou problemas logo no início. Em memorando interno, obtido pelo Metrópoles, a Diretoria de Contratações e Aquisições questionou o Comando-Geral sobre a qualidade das máscaras.

No documento, o militar responsável pela revisão do contrato afirma que “a especificação do produto ofertado não demonstra o atendimento da Resolução 356/2020 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)“.

A norma regulamenta a fabricação das máscaras para garantir eficiência de filtragem de partículas e evitar, assim, a proliferação do vírus.

Anvisa

Segundo a Anvisa, para ser aprovado, o equipamento deve possuir três camadas (uma interna e outra externa, além de um filtro). Ocorre, no entanto, que a empresa escolhida pelos CBMDF para venda dos aparatos não especificou, no acordo, se o produto ofertado está em conformidade com as exigências sanitárias.

“A proposta de preços da empresa não cita, em momento algum, que a máscara ofertada tem três camadas. A proposta da empresa é silente, ainda, sobre outros requisitos da resolução, como o antedimento das normas ABNT NBR, assim como a eficiência de filtragem de partículas superior a 98%”, assinalou o militar no documento.

Segundo o Corpo de Bombeiros, os questionamentos da Diretoria de Contratações “foram saneados com a juntada de vários documentos elucidativos que estão no mesmo processo”.

Queixas

Internamente, a repercussão da compra das máscaras foi negativa. Bombeiros ouvidos pela reportagem reafirmaram que a qualidade do item de segurança deixa a desejar.

“A empresa que enviou as máscaras falou que fez o teste no equipamento. Porém, o contrato previa cinco camadas na máscara. O comando mandou fazer teste com três camadas e ninguém nunca viu esse teste. Agora, nos entregaram uma máscara com apenas uma camada.”

Veja o equipamento comprado pelo CBMDF: 

0

A categoria teme pela própria segurança com o uso dos equipamentos. Até 25 de junho, a corporação somava 313 diagnósticos positivos de coronavírus. O número de infectados, no entanto, pode ser ainda maior.

“Não vou mentir, nós somos bombeiros, mas somos seres humanos. Também temos medo da Covid-19. Porém, foi uma escolha de todos os bombeiros militares serem voluntários. Pedimos apenas o mínimo de segurança para continuar exercendo nossa função”, desabafou outro militar.

Denúncia no MPDFT

A questão envolvendo a compra dos equipamentos de proteção individual foi parar no Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Militares pediram que o órgão investigue o processo licitatório e a qualidade dos aparatos.

Ao Metrópoles, o MPDFT afirmou ter tomado conhecimento da manifestação via ouvidoria. A denúncia, agora, será encaminhada à Promotoria Militar.

Álcool em gel

Não é a primeira vez que bombeiros acionam o Ministério Público denunciando irregularidades no comando da corporação. Em junho, o órgão abriu investigação para apurar irregularidades na fabricação de álcool 70% produzido por militares do 22º Grupamento de Bombeiro Militar.

Para a fabricação, os militares estariam fazendo o uso de etanol combustível, que abastece veículos automotores. Ocorre, no entanto, que a prática não é recomendada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), justamente por oferecer risco à saúde dos usuários.

“Há risco de contaminação durante a produção, transporte e armazenamento, ainda que em pequena escala, com produtos tóxicos, tais como metanol, gasolina e diesel”, alerta a ANP.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?