Não há como negar que todo mundo, pelo menos uma vez, deu aquela aumentada ou mudada, mesmo que leve, na realidade para conquistar alguém. Por mais errado que possa parecer, indícios apontam que, além de muito comum, esta atitude é uma reação quase automática do ser humano.

De acordo com um estudo da Universidade Rochester, nos Estados Unidos, e do Centro Interdisciplinar Herzliya, em Israel, as pessoas ficam mais suscetíveis a contar pequenas mentiras ao se apresentar para possíveis parceiros sexuais, com a intenção de causar uma boa primeira impressão.

Um exemplo disso são as bios de aplicativos de relacionamento, como o Tinder. Nelas, muitas pessoas “vendem o peixe” para tentar um match com os pretendentes, mas as descrições podem ser bem exageradas.

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Foto: Reprodução/Twitter

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Com o objetivo de chegarem a esta conclusão, os pesquisadores dividiram pessoas em dois grupos. Um passou por um processo chamado “condicionamento sexual” e o outro não. Constatou-se que os que passaram por ele, ao falar de si próprios para possíveis parceiros, tinham 30% mais chances de mentir para corresponder às expectativas do outro.

Para a seleção de parceiros, evolutivamente, costuma-se elencar características consideradas importantes para a satisfação, dentre elas as físicas, psicológicas, emocionais, entre outras.

De acordo com o terapeuta sexual André Almeida, é para atender essas demandas que as mentiras surgem. “Muitas pessoas, principalmente quando não estão seguras de si, utilizam determinadas ‘maquiagens’ para evidenciar certas características a fim de conseguir parceiros sexuais. Mas é importante entender que nem todo mundo vai mentir ”, explica.

O sexo é inocente

Para além da questão evolutiva do ser humano, a também terapeuta sexual Amanda Nunes, do Âme Espaço Lingerie, ressalta a adequação de gênero por trás disso. “As pessoas mentem para tentar se encaixar no que é esperado, dentro dos papéis masculino e feminino na sociedade”.

“Mulheres, por exemplo, costumam mentir em relação a peso e quantidade de parceiros sexuais, diminuindo a quantidade que realmente tiveram. Um homem mais sensível, que gosta de poesia, não vai expor isso no primeiro encontro”, conta Amanda.

Dito isso, a terapeuta garante: a culpa não é do sexo. Mentir não está diretamente ligado aos pensamentos sexuais, mas sim ao desejo de corresponder a uma imposição social do que seria mais atraente. “Pensar em sexo não é algo negativo. Pelo contrário, isso alimenta a imaginação, desperta o corpo e melhora a qualidade sexual das pessoas”, finaliza.