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Presidência gastou R$ 30 mil em hotel em SP quando Bolsonaro não estava na cidade

Jair Bolsonaro não estava em São Paulo em três ocasiões em que houve gastos expressivos no Hotel Matsubara

atualizado

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Matsubara
1 de 1 Matsubara - Foto: null

A Presidência da República gastou, durante a gestão de Jair Bolsonaro, R$ 30 mil em hospedagens no Hotel Matsubara, em São Paulo (SP), em datas em que o então presidente da República não estava na cidade.

Os gastos estão disponíveis nos dados do cartão de pagamento do governo federal, divulgados via Lei de Acesso à Informação (LAI) pela ONG Fiquem Sabendo.

Em 18 de abril de 2019, quando Jair Bolsonaro estava a caminho para passar um feriado em um hotel militar no Guarujá (SP), no litoral sul de São Paulo, um servidor pagou uma conta de R$ 11 mil no hotel na capital paulista com o cartão da Presidência.

Em 1 de julho e 2 de julho de 2019, quando Bolsonaro estava voltando de uma viagem do Japão a Brasília e não passou por São Paulo, novamente foram registrados gastos no hotel, de R$ 6 mil e R$ 9,4 mil em cada dia.

Em 11 de outubro de 2019, há uma exceção: nessa ocasião, Bolsonaro passou a noite na cidade e a Presidência gastou com o hotel. Ele participou de eventos no dia 10 e, depois, no dia 11. Foi paga uma conta de R$ 3,5 mil no Matsubara.

Por fim, às vésperas do período mais crítico do começo da pandemia do coronavírus, em 11 de março de 2020, a Presidência gastou R$ 3,4 mil no hotel. Bolsonaro havia acabado de voltar de uma viagem aos Estados Unidos e estava em Brasília.

Segundo o TripAdvisor, uma diária no Matsubara custava de R$ 356 a R$ 471. O hotel encerrou suas atividades em 1º de abril de 2021.

O hotel era usado frequentemente no mesmo período pelo gabinete de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente. De 2019 a 2021, a Câmara dos Deputados pagou diversas diárias no local para dois assessores do deputado: Eduardo Guimarães e Alexandre Magno da Conceição.

Foram reembolsadas dez notas fiscais pela estadia de assessores de Eduardo no hotel de maio de 2019 a março de 2021, sempre em datas diferentes dos pagamentos feitos no cartão da presidência da República.

Para justificar um gasto no cartão corporativo, não é preciso que Bolsonaro tenha ficado hospedado no hotel, mas as despesas precisam ter relação com uma atividade da Presidência da República, como hospedagem de seguranças e assessores em um deslocamento do presidente, por exemplo.

“O gasto precisa ser justificado”, diz Vitor Schirato, professor de direito administrativo da Universidade de São Paulo (USP). “O cartão corporativo não é só para a pessoa física, pode ser usado eventualmente em alguma situação de operação da Presidência da República. Mas é preciso justificar: quem ficou hospedado, por quê?”.

“O presidente não pode sair hospedando uma galera no cartão de crédito corporativo dele como bem entender. Isso não faz sentido. Precisa explicar quem se hospedou, por que e por quanto tempo. Se não tiver relação com a Presidência, é improbidade, pura e simples.”

Os ex-sócios do hotel foram procurados, mas não responderam. Como não há detalhamento dos gastos no extrato do cartão, não é possível saber quem ficou hospedado no estabelecimento nas datas citadas.

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