Baterista ensina garotas a amar o instrumento e banir preconceito
Nathália Reinehr encantou-se com a bateria aos 12 anos, Hoje, aos 32, ensina garotas a dominar o instrumento ainda tido como masculino
atualizado
Compartilhar notícia
Quem disse que garotas não querem ser bateristas? Nathalia Reinehr desmente esse preconceito diariamente. Desde março, ao lado de Ariadne Valhalla, ajuda a comandar uma oficina só para meninas no DF. Ela se enche de felicidade com o interesse imediato. Sabe do que passou quando era pré-adolescente, de 12 anos, e ouviu um barulhão esquisito vindo do quarto.
Corri e passei por um agrupamento de pessoas. Estava lá meu pai, tocando um instrumento que nunca tinha visto ao vivo. Apaixonei-me na hora.
Nathália Reinehr
O que era para ser um churrasco de família, transformou-se num encontro de vida. A menina não desgrudou mais das baquetas. Passou seis meses com a bateria do primo emprestada. Depois, ganhou uma para treinar. Jogou-se num aprendizado constante. O pai, um talentoso autodidata, a ensinou a tirar tudo de ouvindo.
Ouvia os sons e reproduzia. A coisa foi ficando séria. Corria para a casa do meu pai e treinava
Nathália Reinehr
Nathália não estava para brincadeira. Mostrou a todos que nasceu para a bateria. O que vinha a seguir eram outros desafios. Dominar a técnica e vencer o preconceito.
A bateria é vista como um instrumento masculino. Vi que isso não faz o menor sentido. Não é uma luta. É um exercício que mexe com resistência, raciocínio e coordenação motora. Isso a mulher tira de letra.
Nathalia Reinehr
Quando Nathalia começou a tocar, não tinham muitas mulheres em exercício. Tempos depois, conheceu Vera Figueiredo, uma referência. Passou a encarar os shows. Nas coxias, entendeu qual era a sua luta.
Certa vez, fui impedida por um segurança de subir no palco porque ele não acreditava que eu era a baterista do show. Foi checar a ficha técnica.
Nathália Reinehr
Nathália se acostumou a ouvir comparações do tipo: “Nossa, você toca como um homem”. Sobretudo, porque toca heavy metal e afins. Esse exercício foi a base para se tornar uma militante pela divulgação e pelo estímulo ao ensino para mulheres. As oficinas de bateria para garotas foram idealizadas por Julie Souza e se multiplicam pelo país.
As oficinas são gratuitas e estamos chegando às cidades do DF. As garotas saem de lá tocando e cheias de vontade de seguir os estudos.
Nathália Reinehr
Nathália sabe que quanto mais mulheres seguirem na atividade, menor será a resistência. Atualmente, ela integra a banda feminina que corre as unidades do CCBB com “L, O Musical”. Sabe que os sonhos são possíveis.