Morre nos EUA o espanhol Carlos Pedregal, marqueteiro político com atuação no Brasil, autor da célebre frase “rouba, mas faz”
Carlos Pedregal morreu no domingo (17/1) de câncer no pulmão, aos 90 anos. O “Bruxo”, como era conhecido no meio político, atuava em campanhas no Brasil desde a década de 1950, tendo reunido entre seus clientes Adhemar de Barros, Fleury Filho, Fernando Henrique Cardoso e José Roberto Arruda
atualizado
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O espanhol Carlos Pedregal, conhecido como o “Bruxo” das campanhas eleitorais, morreu nos Estados Unidos, no domingo (17/1). Sofrendo de uma câncer reincidente no pulmão, o marqueteiro não resistiu e faleceu aos 90 anos, na cidade de Williamstown, em Massachusetts.
Pedregal foi apresentado a personagens da política nacional ainda na década de 1950 e, anos mais tarde, tornou-se próximo a políticos da cena candanga. Ele atuou, por exemplo, nas campanhas de Adhemar de Barros (foto), que foi prefeito, governador de São Paulo e concorreu duas vezes à presidência da República (1950 e 1960). Também trabalhou ao lado de Fleury Filho em 1990, quando o político se elegeu governador.
Foi do encontro entre Pedregal e Adhemar que surgiu uma das frases mais francas da política brasileira, o “rouba, mas faz”. De sangue quente e sem vocação para rodeios, Pedregal disse ao então candidato ao governo de São Paulo que não perdesse tempo em passar uma imagem que não lhe pertencia. Era mais jogo trabalhar o eleitorado para enxergar a metade cheia do copo.
Pedregal mantinha um apartamento em Brasília, onde costumava passar temporadas. Colaborou na primeira campanha de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República e acabou citado em duas passagens no livro de memórias escrito pelo ex-presidente.
Na esfera do DF, Pedregal esteve ao lado de Arruda em algumas de suas candidaturas. “Pedregal foi uma das pessoas mais fascinantes, inteligentes e criativas que conheci”, lembra o jornalista Ademir Malavazi, de quem o Bruxo se tornou grande amigo.
Testemunha de reuniões entre Arruda e Pedregal, o jornalista e ex-assessor do GDF Omézio Pontes relembra o estilo do marqueteiro: “Ele definitivamente era um cara heterodoxo, sem equipe por trás, nem meias palavras. Era ele e as ideias dele”.