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Sem novos residentes, atendimentos em hospitais podem ser prejudicados

Serviços de alta e média complexidade na rede pública do Rio de Janeiro correm o risco de entrarem em colapso

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
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1 de 1 Rafaela Felicciano/Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A decisão do Ministério da Educação (MEC) de colocar “sob diligência” os dois maiores programas de residência médica do Rio de Janeiro, suspendendo o ingresso de novos residentes, pode afetar a prestação de serviços de alta e média complexidade na rede pública do estado. A informação é do jornal O Globo.

Segundo a reportagem, o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), em Vila Isabel, é referência em diferentes especialidades, como transplantes, e conta com cerca de 2,7 mil funcionários. Lá funciona, por exemplo, o Núcleo de Estudo da Saúde do Adolescente (Nesa), centro de referência nacional para o atendimento, em especial, de jovens cardiopatas e nefropatas crônicos. O HUPE também dispõe dos serviços de Cirurgia Cardíaca e Transplante Renal. Ele é o único hospital público do Rio que oferece cirurgia de mudança de sexo e tem um centro de cirurgia plástica em tratamento de anomalias crânio faciais.

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão, possui 262 leitos. No fim dos anos 1990, eram 530. Apesar de todos os obstáculos, o hospital é referência em diversas especialidades. Nele, pacientes com síndrome de Down, paralisia cerebral e autismo, encontram uma unidade cirúrgica.

O local também é pioneiro no país, entre os hospitais públicos, em centro de diagnóstico de crises convulsivas cerebrais. O Globo afirma que, pelos seus corredores, circulam por dia cerca de mil pacientes. O número de pessoas que trabalham no prédio gira em torno em 3,5 mil, incluindo 700 extra quadros (desses, mais de 200 recebem menos de um salário mínimo) e 2.814 concursados, sendo 480 médicos. E o total de alunos da área de saúde é de 2,5 mil.

O Ministério Público da União aponta que o hospital do Fundão vem recebendo cada vez menos recursos. Em 2016, foram R$ 82,8 milhões. Em 2013, de R$ 85,8 milhões. E, de 2014 a 2016, o número de leitos passou de 230 para 262, aumentando em 14% o custo do hospital.

SOS on-line
Nas redes sociais, estudantes e médicos lançaram um abaixo-assinado on-line, pedindo que a Comissão reveja a decisão. Até agora, cerca de 7 mil pessoas já assinaram.

“Cancelaram o Concurso de Residência Médica da Uerj no HUPE!! Apesar de todos os problemas lá é um local de excelência na formação de médicos com maravilhoso conhecimento técnico e Cuidado no atendimento! São formados médicos de verdade!!! Não podemos permitir que isso aconteça!! Essa atitude prejudicará muito os pacientes do HUPE e de todos os lugares aonde os nossos residentes irão atuar! Revejam a decisão sustando o cancelamento!”, diz o texto.

Médicos e pesquisadores afirmam ter ficado perplexos com a medida do MEC.

“Você estrangula as instituições no seu custeio, reduz recursos para incorporação tecnológica, não repõe minimamente pessoal, não faz concurso público, impossibilitando a ampliação do quadro de pessoal… Agora vem a comissão para avaliar e propõe fechamento?”, questionou o médico Alexandre Pinto Cardoso, que foi diretor do HUCFF até 2009. “Por outro lado as performances dos programas são variadas, como a comissão pode suspender todos as especialidades? Esta política de sucateamento sistemático de nossas instituições é perversa e pode ser considerado crime de lesa pátria”, opinou.

O diretor do Sindicato dos Médicos, Alexandre Telles, também criticou a suspensão do concurso do Pedro Ernesto e da UFRJ. “São dois hospitais que têm o viés de pesquisa, com laboratórios, cursos de extensão… E têm profissionais de referência. Esse cancelamento é grave para o fluxo de pacientes, afeta o atendimento imediato da população e, a longo prazo, vai deixar o mercado sem especialidades importantes, como neurologia”, destacou.

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