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Entidade alerta para avanço das fake news sobre vacinas

Opas alerta que falsas notícias circulam em redes sociais e aplicativos de mensagens, desencorajando as pessoas a se vacinarem

atualizado

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Pedro Ventura/Metrópoles
Vacina
1 de 1 Vacina - Foto: Pedro Ventura/Metrópoles

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alerta para o problema das fake news (notícias falsas) sobre saúde que circulam em redes sociais e aplicativos de mensagens, muitas vezes desencorajando as pessoas a tomar vacinas.

Especialista em imunização da entidade, Lely Guzman ressaltou que a Opas está ajudando o governo brasileiro e frisou ainda ser a vacinação a principal medida para impedir a introdução e a disseminação de vírus, como o do sarampo. “Especialmente na América Central e do Sul, não há muita influência dos movimentos antivacina, mas as informações falsas são motivo de preocupação. Por isso, a comunicação social, a ampla divulgação de informações com base em evidências, é muito importante.”

“Todas as doenças são foco de preocupação constante”, completou a especialista. “Mas algumas representam risco de propagação internacional, principalmente em caso de surtos.” Em 2018, segundo Lely Guzman, foram publicadas atualizações para sarampo, febre amarela, malária, difteria, influenza (gripe) e pólio.

No caso do sarampo, vários alertas foram emitidos desde 2017. “Na época, quando anunciamos que a América foi declarada livre do sarampo (a primeira região do mundo a erradicar o vírus, em 2016), a Opas e o Comitê Internacional de Peritos para a Eliminação do Sarampo e da Rubéola recomendaram a todos os países das Américas fortalecerem a vigilância ativa dos casos e manterem a imunidade da população por meio da vacinação, pois o sarampo continuava e continua circulando amplamente em outras regiões do mundo.”

Erradicação
De 2016 para 2017, a cobertura vacinal dessa doença caiu drasticamente no Brasil, por exemplo. Ainda assim, a especialista explica que, do ponto de vista técnico, o sarampo continua erradicado das Américas, embora casos já tenham sido registrados em 11 países – Antígua e Barbuda, Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Guatemala, México, Peru e Venezuela.

“A condição clássica para um país ou região restabelecer a transmissão endêmica do sarampo ou da rubéola é que o vírus, do mesmo genótipo e linhagem, tenha circulado por mais de 12 meses no território”, explicou. “Depois desse período, o país ou a região perderia o certificado de eliminação.”

Queda no Brasil
O mundo registrou em 2017 um recorde de crianças vacinadas – 123 milhões, de acordo com dados do Unicef e da Organização Mundial da Saúde, – uma alta que ocorre tanto por aumento da população quanto por cobertura vacinal. O Brasil, porém, caminha na contramão desse movimento, com queda na porcentagem de crianças vacinadas nos últimos três anos.

Os números do Ministério da Saúde têm chamado atenção do país recentemente e foram usados em sinal de alerta pelas organizações. É o caso da cobertura da vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola), estável e próxima a 100% no Brasil até 2014, baixou para 96,1% em 2015 e seguiu em queda, passando para 95,4%, em 2016, e apenas 85% em 2017.

Outro exemplo é o da pólio, doença erradicada no Brasil, que teve uma diminuição de 95% de crianças imunizadas em 2015 para 84,4% em 2016, chegando a apenas 78,5% em 2017.

Também houve queda na cobertura da DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Estava acima de 90% até 2015. Caiu para 89,5% em 2016 e 78,2% em 2017. Em todos os casos, considera-se uma proteção adequada quando a cobertura está em 95%. Abaixo disso, há risco de retorno das doenças.

O ministério informou, por meio de nota, que “tem atuado fortemente na disseminação de informações junto à sociedade alertando sobre os riscos de baixas coberturas”. Alertou ainda para a queda nas coberturas das vacinais, principalmente em crianças menores de cinco anos, responsável por acender uma luz vermelha no país, pois são a principal preocupação da pasta neste momento.

Cristina Albuquerque, chefe de saúde, HIV e desenvolvimento infantil do Unicef no Brasil, pondera que a melhora observada em níveis globais tem de ser analisada pelo prisma dos níveis iniciais muito baixos. Por exemplo, a cobertura global contra sarampo e rubéola cresceu de 35% em 2010 para 52% em 2017.

“Ainda são valores muito baixos, mas é um avanço. Isso nos enche de esperança de que o mundo está melhorando. Muitos países estão diversificando seu calendário de vacinação, colocando mais variedade de vacinas, mais doses”, afirma.

De acordo com o relatório, as coberturas globais contra pólio e difteria, tétano e coqueluche estão estáveis em cerca de 85% nos últimos anos.

“O Brasil tinha um ponto de partida bem diferente, muito mais à frente. Tem uma tradição gigante, conseguiu erradicar a pólio. Sempre fez grandes campanhas. A contra a rubéola, em 2008, por exemplo, foi a maior do mundo, com mais de 60 milhões de pessoas imunizadas”, lembra Cristina.

“Mas agora as coisas mudaram. Se em 2013, por exemplo, o país estava quase todo com cobertura adequada, hoje temos somente dois estados que podem ser considerados assim: Rondônia e Ceará. É uma coisa extremamente preocupante, pois a pólio não está erradicada no mundo, então pode voltar”, alerta a pesquisadora.

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