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Temer planeja superministérios da economia, infraestrutura e social

A partir desse tripé, ele pretende enxugar o tamanho da Esplanada e impulsionar uma gestão de transição que tenha como prioridades a retomada do crescimento e a estabilidade política

atualizado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
Michel temer
1 de 1 Michel temer - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), definiu três eixos principais para a formação de seu eventual governo: economia, infraestrutura e área social. A partir desse tripé, ele pretende criar três superministérios para enxugar o tamanho da Esplanada e impulsionar uma gestão de transição que tenha como prioridades a retomada do crescimento e a estabilidade política.

O vice avalia que precisa dar uma resposta convincente ao país de que está comprometido com a recuperação política e econômica. Ele também acha que a formação de um Ministério reconhecidamente técnico e respeitável seria a melhor forma de aliviar as pressões sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela cassação da chapa que o elegeu junto com a presidente Dilma Rousseff em 2014.

Somente depois dessas definições o restante do governo seria definitivamente formado, caso Dilma seja afastada pelo Senado. Essas três áreas trabalhariam sustentadas politicamente pelo núcleo mais próximo de Temer no PMDB e encarregado das relações com o Congresso, formado pelos ex-ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, ambos do partido do vice.

O senador, ex-governador, ex-prefeito e ex-ministro José Serra (PSDB-SP) é cotado para comandar esse futuro ministério da infraestrutura, mas também é lembrado para a Fazenda. No modelo estudado pela equipe do vice, a nova pasta poderia abrigar até o Ministério das Comunicações.

O tucano José Serra também poderia ocupar a Saúde, pasta que comandou no governo Fernando Henrique Cardoso, e o Itamaraty. Esta última alternativa agrada a Serra pessoalmente, mas esbarra nas pretensões políticas dele de ser candidato em 2018. Caso Serra assuma o controle da infraestrutura, o médico David Uip, secretário da Saúde de São Paulo, poderia ser chamado a contribuir com o governo federal, na cota de indicações do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Agenda
Temer quer definir uma agenda econômica, algo que ele ainda não tem, para entregá-la a um ministro da Fazenda com forte influência sobre o Banco Central e o Planejamento. A ideia é buscar coesão na política econômica.

O economista e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga ainda continua como um nome forte, mas, por ser ligado ao PSDB, gostaria de levar com ele, se aceitar o convite, outros nomes do partido, o que encontra resistência por parte do vice. Henrique Meirelles, outro ex-presidente do Banco Central, continua com chances, porém não agrada à totalidade do empresariado com quem o vice tem conversado.

Temer vai passar a semana em São Paulo para acertar a estratégia de seu governo após a Câmara autorizar a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Depois de dedicar os últimos dias para negociar em Brasília com deputados votos pelo afastamento da petista, o peemedebista quer ampliar contatos com agentes do setor produtivo e empresarial.

Ciente de que não terá muito tempo para dar respostas à crise, ele estuda a formação de um Ministério que lhe dê respaldo político imediato. Para tanto, quer consultar sociedade civil, mercado e partidos do Congresso. A avaliação é a de que se desenha a busca por um programa com base consensual.

O vice-presidente e seu grupo vão intensificar as conversas com representantes de vários setores a fim de coletar o sentimento e as sugestões de propostas para tirar o país da crise. Na lista de interlocutores estão entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

Na relação com o empresariado, o vice também deve contar com ajuda do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que é filiado ao PMDB e foi candidato a governador de São Paulo pelo partido em 2014. O dirigente deverá ser, no entanto, um empecilho para qualquer proposta de aumento de tributos. Em 2015, a Fiesp liderou um campanha contra o recriação da CPMF.

Social
No últimos dias, Temer decidiu eleger a área social como prioridade numa resposta às acusações que sofreu do PT e do Palácio do Planalto de que planeja acabar com o Bolsa Família e outros programas.

Ele pretende fazer uma reformulação do setor, mas que não elimine políticas públicas, apenas as concentre sob um mesmo guarda-chuva. Até ontem o vice não tinha um nome para comandar essa área e gostaria de encontrá-lo na sociedade civil, para reforçar o conceito de um “Ministério de notáveis”.

O vice-presidente quer confiar ao DEM, partido com participação importante no processo de impeachment de Dilma, o Ministério de Minas e Energia, atualmente com o PMDB. José Carlos Aleluia é o nome preferido até agora.

Justiça
Embora não faça parte dos três eixos definidos por Temer, o Ministério da Justiça integra a lista de prioridades porque tem o controle da Polícia Federal e, portanto, uma interface com a Operação Lava Jato. O ex-ministro da Defesa Nelson Jobim é o preferido de Temer, mas já advogou para empreiteiras investigadas pela operação. Ayres Brito, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), também é sempre lembrado.

Programa
No entanto, a formulação de um novo programa de governo será realizada simultaneamente aos desdobramentos do processo de impeachment no Senado. Conforme revelou o Estadão.com.br, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), trabalha com a possibilidade de a votação no plenário ocorrer apenas em setembro.

A expectativa de parte da cúpula do Senado é de que a Comissão Especial que tratará sobre o tema finalize as atividades em 10 de maio. Renan entende que é preciso ter “cautela” e que o trâmite do impeachment na Casa deve seguir estritamente o que prevê o regimento.

No grupo de Temer, a avaliação é de que, até a votação da Comissão Especial, é preciso construir credibilidade perante os agentes econômicos e adquirir o mínimo de popularidade para conseguir tomar as medidas que são necessárias para o controle da crise econômica.

Temer e seus aliados acreditam que o governo e o PT ainda podem atrapalhar se conseguirem “equilibrar o debate” com a sociedade. A crise econômica é muito “aguda” e ele precisará “tomar medidas impopulares” num momento de “conflagração política”.

Comunicação
Nesse sentido, o vice vai investir numa estratégia de comunicação para convencer a imprensa internacional de que um eventual governo dele é “legítimo e constitucional”. Na segunda (18/4), em São Paulo, Temer se reuniu com o ex-ministro Moreira Franco para discutir o assunto. Ele levou para a conversa o ex-ministro Thomas Traumann (Secretaria de Comunicação).

A ideia é marcar uma série de entrevistas com veículos internacionais, nos moldes do que fizeram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff antes da votação do processo de impeachment na Câmara.

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