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Delcídio: “Não coloco a mão no fogo por Temer em relação ao petrolão”

O senador cassado admitiu que errou ao ter, segundo sua versão, aceito a pressão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente afastada Dilma Rousseff para tentar obstruir a Justiça na Lava-Jato

atualizado

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Delcidio do Amaral no Roda Viva
1 de 1 Delcidio do Amaral no Roda Viva - Foto: YouTube/Reprodução

O senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) afirmou, na noite desta segunda-feira, 16, que não pode “botar a mão no fogo” pela inocência do presidente em exercício Michel Temer (PMDB) sobre suposta conivência com o esquema de corrupção na Petrobras. “Não posso botar a mão no fogo, até porque não conheço bem as relações dele”, disse Delcídio, ao participar do programa Roda Viva, da TV Cultura.

Questionado sobre a indicação de Jorge Zelada para diretoria Internacional da Petrobras, atribuída em delações premiadas da Lava Jato a Temer, Delcídio pontuou, contudo, que não sabe se o peemedebista tinha ciência dos desvios de Zelada no cargo. “Quando você indica alguém pro governo, não quer dizer que indicou alguém pra roubar. Às vezes, você indica alguém que tropeça, lamentavelmente isso acontece nos governos”, ponderou. “Prefiro acreditar que ele (Temer) tenha endossado a indicação da bancada (do PMDB), mas vejo com muitas preocupações o que vem por aí.”

O senador cassado admitiu que errou ao ter, segundo sua versão, aceito a pressão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente afastada Dilma Rousseff para tentar obstruir a Justiça ao tentar interferir nas investigações da Lava Jato. Delcídio foi preso depois de ser flagrado em áudio tentando ajudar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró a fugir do País.

Deslize
“Acabei cometendo esse deslize e fui efetivamente denunciado por obstrução da Justiça. Quero destacar, é uma falha grave pela qual me desculpei, não deveria ter feito isso. Agora, não fui acusado por roubo, desvio de dinheiro, conta no exterior”, afirmou.

O senador cassado negou reiteradamente ter se beneficiado pessoalmente de recursos desviados no petrolão, como apontado em delações como de Cerveró e de Fernando Baiano – considerado o operador do PMDB no esquema de desvios. Segundo Delcídio, após passar pro procedimentos de depoimentos “rigorosíssimos”, ele “passou a limpo” tudo que se dizia sobre sua pessoa. “Não me beneficiei, isso ficou muito claro”, enfatizou.

Sistematização
Delcídio disse que o PT “não inventou a corrupção na Petrobras”. O ex-parlamentar, que atuou durante décadas no setor energético, afirmou, contudo, que, com o Partido dos Trabalhadores, houve uma “sistematização” da atuação partidária para operar desvios na Petrobras e em outras estatais.

Realmente, esse processo foi num crescendo. Qual a diferença (em relação a governos anteriores)? Começou a haver uma espécie de atuação sistêmica nas diretorias e atuação partidária muito mais ampla, concatenada, com participação das principais lideranças partidárias que compunham a base do governo Lula e Dilma. Deu no que deu.

Delcídio Amaral

Segundo Delcídio, desde o governo FHC, Itamar e anteriores, havia corrupção nas estatais, mas não de forma tão sistematizada Para explicar, ele relatou que governos anteriores ao PT não chegavam ao “detalhe” de indicar gerentes e chefes de departamento ligados a partido. “O diretor ajustava sua equipe, não tinha isso de colocar em todos os espaços alguém ligado a partido”.

Lula e Dilma sabiam
Questionado se corroborava a afirmação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente afastada Dilma Rousseff sabiam do esquema de corrupção, Delcídio repetiu que sim. Para o ex-senador, a argumentação de que Lula não sabia dos desvios ou que Dilma recebeu um parecer “falho” para decidir sobre o investimento na refinaria de Pasadena é assumir que as pessoas são “idiotas”. “Tenha paciência, é achar que todo mundo é ignorante, idiota. A Petrobras sempre foi do presidente.”

Presidente do Conselho da Petrobras à época da aquisição de Pasadena, Dilma alegou ter recebido um parecer falho da diretoria Internacional para chancelar o negócio. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), a compra da refinaria rendeu um prejuízo de quase US$ 800 milhões à Petrobras.

“Nas estatais, especialmente na Petrobras, não há a possibilidade de você levar um processo (parecer) incompleto pra diretoria, pro conselho de administração”, afirmou Delcídio ao citar todas as instâncias internas da companhia pelas quais passam esse tipo de documento.

Questionado se a então presidente da República mentiu sobre o caso, Delcídio respondeu afirmativamente. “Absolutamente, ela não assumiu a responsabilidade que era dela.” Delcídio repetiu também a alegação que, sob comando direto de Dilma, negociou a indicação de Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) em troca da decisão favorável a liberação da prisão de empreiteiros implicados na Operação Lava Jato.

Segundo o ex-senador, ele cobrou em conversa com Navarro, no térreo do Palácio do Planalto, em uma “salinha”, que ele cumprisse o compromisso de liberar determinadas pessoas que estavam presas em Curitiba. “Ele disse: Sei muito bem da minha tarefa. Eu fui chamado na época de mentiroso, mas o tempo é o juiz das coisas. O Marcelo Odebrecht, em delação agora, confirmou essa história”, disse.

Sobre Lula, Delcídio repetiu que o petista pediu que ele solucionasse o “problema” com Nestor Cerveró – que estava preso e com suspeita que fecharia acordo de delação. “Ele (Lula) me disse: precisamos resolver essa questão.”

Aécio e PMDB
Apesar de confirmar a informação de que o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, teria envolvimento nos desvios de Furnas, Delcídio evitou frisar a suposta culpa do tucano. Disse apenas que, com a evolução da Lava Jato, a questão vai se esclarecer, pois Furnas é a “joia da Coroa” – tem atuação no setor energético do Sudeste, a região mais valorizada do País – e há muita informação nas investigações sobre desvios envolvendo ela. “Não está tão difícil rastrear de onde vem, pra onde vai e quem recebe. As evidências e o histórico de Furnas são inapeláveis.”

A respeito do PMDB, Delcídio disse que o partido teve uma “posição proeminente” nos desvios em estatais. “Isso vai aparecer nitidamente”, disse ao citar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) – a quem chamou de “cangaceiro”, o senador licenciado e agora ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR) e o senador Edison Lobão (PMDB-MA).

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