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Bolsonaro diz não querer ser pego de “calça curta” em dados ambientais

Ele informou que presidente do INPE terá de se explicar ao ministro Pontes e quer respeito à hierarquia e disciplina na divulgação de dados

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), disse que o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ricardo Galvão, terá que prestar esclarecimentos ao ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, sobre a divulgação de dados sobre desmatamento no país que irritaram o chefe do Executivo Federal. Segundo Bolsonaro, antes de serem divulgados, os dados devem passar por avaliação de pessoas em cargos superiores no governo, ou até mesmo por ele, para não gerar constrangimento.

“Não posso ser pego com as calças curtas”, disse o presidente, após almoçar com militares da Aeronáutica, nesta segunda-feira (22/07/2019).

“O chefe aí deve ser ouvido pelo ministro para conversar com ele, para que isso não continue acontecendo. É a mesma coisa que um sargento aqui, um cabo, passar para frente uma notícia, sem passar pelo capitão, pelo coronel ou brigadeiro. Não está certo isso aí. Pode divulgar os dados, mas tem que passar pelas autoridades, até por mim. Eu não posso ser surpreendido com uma informação tão importante como essa aí. Não posso ser pego com as calças curtas”, disse o presidente.

Bolsonaro se irritou com a divulgação por parte do órgão de dados sobre desmatamento na Amazônia Legal brasileira. De acordo com números divulgados pelo Inpe no início deste mês, o desmatamento atingiu 920,4 km² em junho, um aumento de 88% em comparação ao mesmo mês no ano passado.

De acordo com o levantamento do órgão, as áreas da Amazônia que deveriam ter “desmatamento zero” perdem o equivalente a seis cidades de São Paulo em três décadas. Fora das áreas protegidas, a Amazônia perdeu 39,8 milhões de hectares em 30 anos, o que representa 19% de todas a floresta natural não demarcada que existia em 1985 – uma perda equivalente ao tamanho de 262 cidades de São Paulo.

Para o presidente, esses números são “exagerados” e prejudicam a imagem do Brasil, podendo atrapalhar negociações comerciais com outros países. “Levando-se em conta até a época, são exageradas. Você pode adjetivá-las da maneira que você achar melhor”, respondeu o presidente.

“Eu estou acostumado com hierarquia e disciplina em um governo, eu sei que a grande maioria é de civis. Então, quando o INPE lá detecta um dado qualquer, ele tem que subir esses dados, no caso, ao ministro Marcos Pontes, de Ciência e Tecnologia, antes passando pelo Ibama, para divulgar. Não pode, na ponta da linha, alguém simplesmente resolver divulgar esses dados porque pode haver algum equívoco”, disse o presidente.

“Nesse caso, como divulgou, há um enorme estrago para o Brasil. A questão ambiental, o mundo todo leva em conta. Outros países que estamos negociando a questão do Mercosul, ou até acordos bilaterais, dificultam com a divulgação disso aí. Tem que ter responsabilidade”, reclamou.

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