Bolsonaro divulga entrevista do delator do Mensalão sobre Maia
Roberto Jefferson acusou o presidente da Câmara dos Deputados de armar impeachment do presidente para se manter no comando da Casa
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) compartilhou, na noite deste domingo (19/04), entrevista do ex-deputado federal Roberto Jefferson em que ele acusa o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de armar um golpe contra o governo. A intenção seria articular o impeachment de Bolsonaro para se manter no comando da Câmara.
Roberto Jefferson, que preside o PTB nacionalmente, ficou conhecido por delatar o esquema do Mensalão. Envolvido no episódio, ele foi condenado a sete anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo o petebista, Maia teria feito um acordo com a esquerda para ter apoio na sua reeleição – em janeiro do ano que vem acaba o mandato do democrata, que não poderia mais disputar o comando da Casa. A ideia, ainda de acordo com Jefferson, seria votar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permite que os presidentes da Câmara e do Senado se reelejam.
As declarações de Jefferson vão ao encontro de ataques feitos pelo próprio Bolsonaro, que sugeriu, na última quinta-feira (16/04), após demitir Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, que parecia que Maia agia para “tirá-lo do governo”.
Todo o esquema teria sido relatado a ele por parlamentares do seu partido. Jefferson disse ainda que Maia já teria inclusive “encomendado” um pedido de impeachment ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, para ser usado no “momento oportuno”.
Recentemente, Jefferson também elogiou Bolsonaro por quebrar a quarentena, e disparou contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
AI-5
Bolsonaro divulgou a entrevista em meio a uma enxurrada de críticas que vem recebendo por ter participado de manifestação antidemocrática favorável à intervenção militar neste domingo.
A ida do presidente da República a um evento que chegou a pedir a volta do AI-5, o ato institucional que deixou ainda mais dura a ditadura militar na década de 1960, causou forte reação de congressistas, do Judiciário e de entidades da sociedade civil.
