metropoles.com

Deputados confundem dados ao votar decreto de intervenção no RJ

Em sessão plenária que terminou na madrugada dessa terça (20), a Câmara aprovou a medida, que também teve o aval dos senadores

atualizado

Compartilhar notícia

Daniel Ferreira/Metrópoles
plenario aereo2
1 de 1 plenario aereo2 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Na madrugada dessa terça-feira (20), a Câmara dos Deputados debateu e aprovou o decreto que estabeleceu uma intervenção federal na área de segurança do Estado do Rio de Janeiro. A Lupa acompanhou os discursos dos deputados e checou algumas declarações feitas em plenário. Confira abaixo:

“O carnaval do Rio de Janeiro neste ano foi menos violento do que todos os carnavais de 2014 para cá”
Deputado Ivan Valente (PSOL-SP), na sessão em que a Câmara aprovou o decreto de intervenção federal na segurança pública do RJDados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do RJ mostram que o índice de letalidade violenta (homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte, latrocínio e homicídios decorrentes de intervenção policial) do carnaval de 2018 é maior, se comparado ao mesmo período em 2015: 92 contra 76 casos.

 

O total de roubo de veículos em 2018 (859) também foi o maior registrado na série histórica dos últimos carnavais. Por outro lado, o evento registrou menor número de roubos de rua desde 2015. Esse indicador, que soma os roubos a transeunte, em coletivos e de celular, caiu 30% na comparação com 2016. Naquele ano, recorde da série histórica, foram registrados 2.185 casos – contra 1.527 em 2018. O ISP destaca, porém, o agravamento dos números sobre 2017 devido à greve da Polícia Civil.

Procurado, o deputado informou que baseou seu discurso em “matérias e artigos publicados na grande imprensa”, entre eles, a entrevista da diretora-presidente do ISP, Joana Monteiro, ao jornal O Estado de S.Paulo. Nela, Joana negou ter havido uma “explosão de violência durante o carnaval de 2018”.

“A violência maior é esse governo, que levou ao desemprego 14 milhões de pessoas”
Deputado Paulo Teixeira (PT-SP), na sessão em que a Câmara aprovou o decreto de intervenção federal na segurança pública do RJEntre maio de 2016, quando Michel Temer assumiu a Presidência de forma provisória, e dezembro de 2017, último dado disponível, o número de desempregados no Brasil aumentou em 464 mil.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (Pnadc/M), do IBGE, o número estimado de desocupados no trimestre móvel de maio, junho e julho de 2016 era de 11,8 milhões. No trimestre móvel de outubro, novembro e dezembro de 2017, de 12,3 milhões.

Os 14 milhões citados pelo deputado são, na verdade, o número máximo de desocupados atingido durante o governo Temer (no trimestre móvel de janeiro, fevereiro e março de 2017).

Em nota, o deputado assumiu o equívoco. “A Agência Lupa está correta em apontar a divergência nos dados em minha exposição. Comprometo-me a corrigi-los no próximo discurso relacionado ao tema”, disse.

“Nós deixamos (…) essa porcaria de audiência de custódia. Qualquer bandido que é preso hoje o Poder Judiciário coloca em liberdade. 80% em 48 horas”
Deputado Major Olímpio (SD-SP), na sessão em que a Câmara aprovou o decreto de intervenção federal na segurança pública do RJSegundo o Conselho Nacional de Justiça, o número de presos libertados em audiências de custódia é muito inferior ao citado pelo deputado: 46%. Esse instrumento processual determina que todo preso em flagrante deve ser encaminhado em 24 horas à autoridade judicial. Ela, por sua vez, deve definir se a prisão foi legal e se deve ou não ser transformada em prisão preventiva.

Procurado, o deputado não retornou.

“Houve 750 mil ocorrências [no RJ] no ano de 2017”
Deputado Áureo (SD-RJ), na sessão em que a Câmara aprovou o decreto de intervenção federal na segurança pública do RJO dado citado pelo deputado é correto. Segundo o Instituto de Segurança Pública, autarquia ligada à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 750.608 ocorrências foram registradas no estado em 2017. Entretanto, foi o número mais baixo desde 2012, quando houve 718.733 registros. Em 2014 e 2016, o número de ocorrências passou de 800 mil.

 

assessoria de imprensa do deputado informou que o número usado por ele se referia “aos meses de janeiro a setembro de 2017”. Mas essa informação não é verdadeira: 750 mil ocorrências cobre todo o ano passado. E esse número consta no ISP desde o dia 18 de janeiro.

A assessoria do deputado também destacou o crescimento, observado entre 2016 e 2017, de alguns crimes específicos: homicídio doloso (5,8%), roubo de veículo (30,4%) e roubo de aparelho celular (24,7%). Esses dados estão corretos.

 

“No RJ, nós temos mais de 1 milhão de medidores elétricos (…) que não são acessados pelas companhias que os instalaram”
Julio Lopes (PP-RJ), na sessão em que a Câmara aprovou o decreto de intervenção federal na segurança pública do RJLight e a Enel, as duas maiores distribuidoras de energia do RJ, estimam que mais de 1 milhão de domicílios em áreas consideradas de risco – ou seja, sob o controle de traficantes ou milicianos – recebem energia irregularmente.

A Light fala em cerca de 1,75 milhão de domicílios, metade deles (entre 850 mil e 900 mil) fica em áreas do RJ consideradas inacessíveis devido à violência.

A Enel estima 395 mil clientes “em áreas que a companhia não consegue atuar, em razão da violência”. A maioria, nos municípios de Niterói e São Gonçalo.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?