metropoles.com

Candidatos à presidência da Câmara têm projetos que favorecem doadores

O levantamento tem por base as prestações de contas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tem dados desde a eleição de 2002

atualizado

Compartilhar notícia

Michael Melo/Daniel Ferreira/Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Daniel Ferreira/Metrópoles

Os dois principais candidatos à presidência da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tenta a reeleição, e Jovair Arantes (PTB-GO), apresentaram projetos de lei durante seus mandatos relacionados a interesses de doadores de suas campanhas eleitorais. O levantamento tem por base as prestações de contas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tem dados desde a eleição de 2002.

Ex-funcionário dos bancos BMG e Icatu, Maia, que está no seu quinto mandato, teve as suas campanhas à Câmara financiadas principalmente pelo mercado financeiro. Em 2004, ele apresentou uma proposta para proibir a cobrança da chamada CPMF, o imposto que era cobrado sobre transações financeiras.

Na eleição anterior, de 2002, Maia recebeu doações de sete empresas do setor financeiro, incluindo o Banco Itaú e a Bolsa de Valores de São Paulo. Mais recentemente, em 2014, o deputado do DEM apresentou uma proposta para suspender uma resolução da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que definia novas regras para a exploração de petróleo e gás natural por meio de uma técnica chamada fraturamento hidráulico, que é proibida em países da Europa por oferecer riscos ao meio ambiente.

Na eleição anterior, de 2010, ele havia recebido doação de R$ 300 mil da empreiteira UTC, que tem negócios no ramo petrolífero e é alvo da Operação Lava Jato. Em 2013, o deputado também apresentou dois projetos para isentar de impostos e diminuir o preço de sucos de fruta e bebidas à base de soja.

No ano seguinte, pela primeira vez, recebeu doações do setor de bebidas. Foram R$ 100 mil da CRBS S/A, subsidiária da Ambev, e R$ 200 mil da Praiamar Indústria Comércio & Distribuição Ltda.

O atual presidente da Câmara também foi acusado pelo ex-vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, no âmbito da Lava Jato, de ter recebido R$ 100 mil para acompanhar a tramitação da medida provisória 613, que dava incentivos a produtores de etanol e interessava a empreiteira. Ele, no entanto, não apresentou emenda à proposta e nega que recebeu o dinheiro.

O deputado também negou que haja relação entre os projetos apresentados por ele, ao longo dos seus cinco mandatos, e as doações de empresas que recebeu em suas campanhas. A assessoria de imprensa do deputado do DEM disse que “não há como atribuir nexo causal entre as propostas apresentadas por ele e as contribuições de campanhas — todas, aliás, executadas dentro da legislação vigente e aprovadas pelos tribunais eleitorais”.

Jovair
No sexto mandato como deputado federal, Jovair Arantes já apresentou propostas que indicam essa relação em áreas como telecomunicação, agronegócio, táxi aéreo, mercado financeiro e bebidas.

Nas eleições de 2014, a principal “patrocinadora” de Arantes foi a Telemont, fornecedora de equipamentos e tecnologia para companhias de telefonia do Brasil, que doou um terço de toda a sua arrecadação: R$ 553 mil de um total de cerca de R$ 1,5 milhão.

Um ano depois, em 2015, o petebista propôs uma emenda para reduzir a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e do Cofins incidentes sobre a receita bruta de venda de produtos de telecomunicação, como modems, roteadores e telefones móveis, para instituições públicas.

O setor de bebidas foi o segundo que mais contribuiu para a campanha de Jovair em 2014. Juntas, uma empresa ligada à Ambev e outra à Coca-Cola doaram R$ 228 mil. O deputado apresentou requerimento de urgência em 2015 para que o plenário analisasse proposta para alterar o Código de Trânsito Brasileiro e permitir condução de veículos após ingerir pequenas quantidades de bebida alcoólica.

No mercado financeiro, a Liderança Capitalização doou R$ 150 mil ao deputado em 2014, e, em 2015, o líder do PTB apresentou emenda a uma medida provisória propondo que o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) contasse com a participação da representante da iniciativa privada.

O levantamento não encontrou correlação entre os projetos apresentados e as doações recebidas pelo deputado André Figueiredo (PDT-CE), que também disputa a presidência da Câmara. Esse também foi o caso do deputado Rogério Rosso (PSD-DF), que anunciou na quarta-feira (25/1) que suspendeu sua campanha.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?