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Além de voo da FAB, ex-secretário gastou R$ 94 mil em 15 viagens

Em média, cada deslocamento custou R$ 6,2 mil em passagens aéreas e recebimento de diárias. Os dados são de um levantamento do Metrópoles

atualizado

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Rosinei Coutinho/SCO/STF
José Vicente Santini
1 de 1 José Vicente Santini - Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Demitido por usar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em uma viagem de Davos, na Suíça, à Índia, o ex-ministro-chefe em exercício da Casa Civil, José Vicente Santini, realizou outros 15 deslocamentos durante sua passagem pelo órgão da Presidência da República.

Ao todo, o governo desembolsou R$ 94,3 mil com as viagens do secretário-executivo, que substituía o titular da pasta, ministro Onyx Lorenzoni. As viagens foram realizadas entre janeiro e dezembro de 2019.

Os dados fazem parte de um levantamento do Metrópoles com base em dados divulgados pelo Portal da Transparência, canal de divulgação de contas do governo federal. Em média, cada deslocamento custou R$ 6,2 mil em passagens aéreas e recebimento de diárias.

Entre os destinos de Santini, estão Madri, Washington, Paris, Tel Aviv, Antártica e Nova York, na lista de viagens internacionais. No Brasil, ele esteve em São Paulo, Boa Vista, Santa Maria, Belo Horizonte e Bento Gonçalves.

José Vicente Santini assumiu o cargo de secretário-executivo da Casa Civil após Abraham Weintraub ser nomeado ministro da Educação, em abril do ano passado. Antes, ele era subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil. Santini ocupou o cargo durante nove meses e 18 dias.

Entre as viagens mais caras de Santini, estão a ida a Madri (R$ 29,8 mil), a visita a Washington (R$ 17,1 mil), a estadia em Nova York (R$ 14,7 mil) e o deslocamento a Paris (R$ 8,5 mil).

Entre os compromissos nas viagens de Santini às custas do governo federal, estão a participação na 25ª Conferência Internacional sobre Mudança Climática (COP-25), entre 2 e 13 de dezembro de 2019, e a ida à reunião dos países do Mercosul, no mesmo mês (veja detalhamento na galeria abaixo).

 

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Além dessas viagens, ele esteve em comitivas do Ministério das Relações Exteriores e do Palácio do Planalto, quando acompanhou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no leilão da ferrovia Norte-Sul, em março de 2019.

Polêmica com Bolsonaro
Nesta terça-feira (28/01/2020), o presidente Bolsonaro destituiu Santini do cargo após uma viagem à Índia. O chefe do Palácio do Planalto considerou “inadmissível” o deslocamento em avião oficial da FAB.

“Inadmissível o que aconteceu. Já está destituído da função de executivo do Onyx. Decidido por mim”, declarou o mandatário do país. Horas depois, Santini foi substituído por Fernando Moura, atual secretário-adjunto (à direita na foto abaixo com Santini).

Reprodução/Twitter

Mesmo com a reação do presidente, o voo de Santini atendeu ao protocolo da FAB para uso desse tipo de transporte. A decolagem é regulamentada por decretos de 2002 e de 2015.

Versão oficial
Metrópoles entrou em contato com o Palácio do Planalto e com a Casa Civil com questionamentos a respeito das despesas. Por e-mail, a reportagem pediu explicações a respeito de como o governo avalia esses gastos, o que justifica as viagens e quais são os critérios para a autorização dos deslocamentos, além de solicitar uma entrevista com Santini.

O Palácio do Planalto não comentou o caso. “Quem trata desse assunto é a Casa Civil”, resumiu, em nota. A Casa Civil não se manifestou até a última atualização deste texto. O espaço continua aberto para esclarecimentos.

Voos da FAB
Somente nos 26 primeiros dias de janeiro de 2020, 382 passageiros foram transportados em voos da FAB. Um desses transportes motivou a demissão de Santini. Entre 1º de janeiro e o último domingo (26/01/2020), foram 42 viagens.

Os dados foram revelados pelo Metrópoles. Apenas em seis dias (1º, 2, 7, 11, 18 e 20) não houve registro de decolagens oficiais.

Na média, o número de deslocamentos é o menor desde 2018. No mesmo recorte de tempo, foram 123 voos e 855 passageiros. No ano passado, a FAB contabilizou 52 decolagens e 726 pessoas transportadas.

Em 2020, a autoridade que mais viajou foi o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), com 12 deslocamentos. Em segundo lugar, o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, com cinco embarques.

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