Goiânia – Ao menos 620 pessoas com Covid-19 esperam, nesta segunda-feira (22/3), por uma vaga de unidade de terapia intensiva (UTI) ou de enfermaria em hospitais com leitos exclusivos para tratamento de pacientes com a doença em meio à explosão de casos na pandemia. Os dados são da Superintendência do Complexo Regulador em Saúde de Goiás.
Mesmo com a fila de espera por vagas, o estado informa que a taxa de ocupação de leitos para UTI Covid está em 96,86% e a de enfermaria, em 90,13%. O porcentual foi divulgado, às 12h10, em painel eletrônico da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SESGO), atualizado em tempo real.

Paciente sendo intubada no pronto-socorro de um hospital particular de GoiâniaVinícius Schmidt/Metrópoles

Problema ocorreu em hospitais da rede pública e também na particularVinícius Schmidt/Metrópoles

Paciente com Covid internado em GoiâniaVinícius Schmidt/Metrópoles

Na fase mais crítica da Covid, em Goiás, pacientes em estado grave chegaram a ser intubados nas enfermariasVinícius Schmidt/Metrópoles

Paciente interno em UTI Covid em GoiásVinícius Schmidt/Metrópoles

Profissionais de saúde atuam em UTI Covid em GoiâniaVinícius Schmidt/Metrópoles

Internação de paciente com Covid em GoiâniaVinícius Schmidt/Metrópoles

HCAMP de Goiânia é uma das unidades de referência no tratamento a pacientes com CovidVinícius Schmidt/Metrópoles

Movimento é hospital que faz atendimento para pacientes com Covid-19, em GoiâniaVinícius Schmidt/Metrópoles

Paciente com Covid-19 chega para ser atendido em GoiâniaVinícius Schmidt/Metrópoles

Registro de entrada de paciente no Hospital de Campanha de Enfrentamento ao Coronavírus (HCamp), em GoiâniaVinícius Schmidt/Metrópoles
Do total, 330 pacientes adultos, com quadro de saúde muito grave, lutam por uma vaga de UTI para Covid, segundo os pedidos feitos por médicos dos municípios. Outros 284 adultos esperam por vaga de enfermaria, já que, apesar de ainda não estarem em situação bastante grave, necessitam de atenção contínua de profissionais da saúde em unidades especializadas.
A situação é também mais delicada para seis crianças com Covid que precisam de vaga em enfermaria nas cidades goianas, mas que ainda estão na fila de espera por leitos da Superintendência do Complexo Regulador em Saúde de Goiás, vinculado à SESGO.
Tamanho da fila, dia a dia
A fila por leitos de UTI para Covid se mantém com mais de 300 pessoas desde o mês passado e a de enfermaria, com mais de 200 pacientes, como já divulgou o Metrópoles. Veja dados dos últimos seis dias:
- 16/3/2021: 536 pessoas (UTI: 305; enfermaria: 231)
- 17/3/2021: 573 pessoas (UTI: 336; enfermaria: 237)
- 18/3/2021: 652 pessoas (UTI: 375; enfermaria: 270; enfermaria pediátrica: 7)
- 19/3/2021: 646 pessoas (UTI: 365; enfermaria: 277; enfermaria pediátrica: 4)
- 20/3/2021: 586 pessoas (UTI: 313; enfermaria: 267; enfermaria pediátrica: 6)
- 21/3/2021: 622 pessoas (UTI: 339; enfermaria: 276; enfermaria pediátrica: 7)
Espera agonizante
À espera de vagas, eles agonizam contra as complicações da Covid, espalhados por diversos municípios do estado, a maioria deles classificados em situação de calamidade, o pior nível em relação à doença, de acordo com o mapa da gravidade da pandemia. O mapeamento é produzido pela SESGO.
Moradores de Goiânia e Aparecida de Goiânia estão entre as maiores demandas por vagas. No Entorno, onde prefeitos endureceram restrições contra a Covid a partir desta segunda, têm muitos pedidos por leitos especializados.
Na região entre Goiás e DF, as maiores demandas são de Luziânia, Nova Gama, Valparaíso, Cidade Ocidental e Formosa, além de Águas Lindas, onde morava a primeira pessoa que morreu, no estado, após ser contaminada pela variante de Manaus.
Apesar das centenas de pedidos por leitos na rede pública de saúde de Goiás, a secretaria informa que o sistema não atingiu 100% de lotação dos leitos porque, conforme explica, todas as solicitações devem antes passar por nova análise de médicos da pasta.
Somente depois, de acordo com a secretaria, os pacientes são encaminhados para leitos em hospitais com leitos exclusivos para tratamento contra a doença. São priorizados os casos considerados mais graves. Os hospitais viraram campos de guerra.
Leitos não exclusivos
Em resposta ao Metrópoles, a secretaria informou que nenhuma das pessoas na fila está sem atendimento. Segundo a pasta, “elas recebem assistência em leitos que não são exclusivos para coronavírus nas unidades de origem do pedido até que sejam transferidas para hospitais dedicados aos casos confirmados de Covid-19”.
O número de pedidos por leitos de UTI para Covid reflete o alerta do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e do secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, sobre o número insuficiente de leitos para atender à demanda na mesma velocidade de disseminação do coronavírus. Segundo eles, não basta aumentar leitos. É preciso conscientização das pessoas.
Desde o início da pandemia, o estado fez aumento contínuo de leitos em hospitais, mas, de acordo com a SESGO, as 541 vagas de UTI e 709 de enfermaria ainda não são suficientes para atender à população contaminada e que necessita de uma delas. As unidades de saúde seguem sobrecarregadas.
Morte mais depressa
Em alguns casos, a morte chega mais rápido. O portal mostrou que, em uma semana, morreram sete de 11 pacientes com Covid-19 que estavam intubados em leitos improvisados e sem o devido isolamento na unidade de pronto atendimento (UPA) e no hospital municipal de Inhumas, na região metropolitana. Eles esperavam por leitos de UTI.
Pressionado pela acelerada disseminação do vírus em Goiás, o governador Ronaldo Caiado divulgou, na última terça-feira (16/3), novo decreto com medidas restritivas. O estado proibiu cidades em calamidade de flexibilizarem regras para enfrentamento à Covid.
Casos em Goiás
Em Goiás, de acordo com monitoramento oficial, já foram registrados 452.120 casos de Covid-19, com 10.339 mortes.
Outros 294 óbitos são investigados por suspeita de terem sido provocados por complicações da doença. A taxa de letalidade da doença subiu, mais uma vez. Agora, está em 2,29%.