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Número de eleitas cresce, mas mulheres ainda são minoria na política

Apenas 95 parlamentares irão assumir uma cadeira no Congresso Nacional na próxima legislatura

atualizado

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Reprodução/Direção Concursos
Congresso Nacional Metrópoles
1 de 1 Congresso Nacional Metrópoles - Foto: Reprodução/Direção Concursos

O número de mulheres eleitas no pleito deste ano cresceu, mas a representatividade feminina nos governos estaduais, Senado Federal, Câmara dos Deputados e assembleias legislativas continua baixa. Só duas das 27 unidades da federação serão administradas por mulheres: Pernambuco e Rio Grande do Norte.

O número mulheres que assumirão vagas de deputadas federais na próxima legislatura aumentou 18,18% em comparação com o número de representantes eleitas em 2018. No Senado Federal, porém, houve queda no percentual de senadoras que tomarão posse no dia 1° de fevereiro de 2023 em relação a 2019.

Nas assembleias legislativas, o total de mulheres ocupando cadeiras subiu de 163 em 2018 para 190 em 2022. A lei de cotas exigiu que as candidaturas para as casas estaduais e distritais somassem 30%, mas nesta corrida eleitoral apenas 18% dos vencedores são do gênero feminino.

A eleição de 2022 trocou apenas um terço do Senado, ou seja, apenas 27 cadeiras. Só quatro eleitas são mulheres. Elas irão dividir espaço com outras 10 que cumprem mandato até 2027. Assim, serão 14 de um total de 81 senadores, ou 17,3% da Casa Alta.

Em total de candidaturas para o Congresso Nacional, no entanto, as mulheres ficaram à frente dos homens: foram 7.494 mulheres tentando uma vaga no Legislativo federal e 7.090 homens, segundo levantamento realizado pelo Metrópoles com base nos dados fornecidos pelo site do Tribunal Superior Eleitoral.

Nas eleições gerais, considerando a disputa para cargos como presidente da República e deputado distrital ou estadual, o ano de 2022 bateu recorde no número de candidatas. Nesta disputa eleitoral foram 9.353, contra 9.221 em 2018 e 8.139 em 2014.

Na corrida eleitoral para os estados, apenas Rio Grande do Norte e Pernambuco elegeram mulheres neste ano. Fátima Bezerra (PT) foi reeleita ainda no primeiro turno e Raquel Lyra (PSDB) conquistou a vaga no Palácio do Campo das Princesas na segunda etapa de votação.

Especialistas ouvidas pelo Metrópoles avaliam que a eleição de mulheres é importante para o debate de políticas públicas voltadas para o público feminino. Entretanto, o baixo índice de eleitas mostra que principalmente no Congresso Nacional os parlamentares não representam grande parte da população brasileira.

“A democracia representativa não está conseguindo incorporar na representação de diferentes grupos. Você tem grupos que estão tendo mais facilidade de serem eleitos representantes”, avalia a coordenadora da pesquisa +Representatividade, do Instituto Update, Débora Thomé.

Para Thomé, a bancada feminina no Congresso Nacional sempre teve destaque em pautas importantes para o público feminino, como igualdade salarial e combate à violência de gênero. Também foi relevante para a defesa da licença maternidade. Contudo, após a última eleição, o debate sobre esses temas diminuiu.

“Com a eleição das deputadas ligadas ao Bolsonaro, ficou muito difícil. O que a gente viu foi que alguns consensos se perderam. Sobretudo este no, que diz respeito à questão de agenda, única agenda que elas concordam e mesmo assim de forma muito diferente é a agenda da violência”, destaca a coordenadora da +Representatividade.

Para a cientista política Islane Alcântara, as mulheres ainda possuem uma certa dificuldade para ocupar os cargos executivos e são direcionadas, principalmente pelas siglas, para coordenação de pastas e secretarias.

“Então o executivo é um é uma área ainda mais mais arisca e mais árida para as mulheres. Mas não necessariamente mulheres eleitas acolhem pautas que são relacionadas aos direitos das mulheres”, avalia Alcântara.

Senado Federal

Entre as candidatas eleitas para o Senado estão duas ex-ministras do governo de Jair Bolsonaro (PL). Tereza Cristina (Progressistas) pelo Mato Grosso do Sul e Damares Alves (Republicanos) pelo Distrito Federal.

Além das aliadas do presidente, irão assumir uma vaga no Senado em 2023 Teresa Leitão (PT-PE) e Professora Dorinha (União Brasil-TO).

Confira o histórico de mulheres eleitas para o Senado:

  • 2022: 4
  • 2018: 6
  • 2014: 5
  • 2010: 7
  • 2006: 4
  • 2002: 6
  • 1998: 2
  • 1994: 5
  • 1990: 1

Câmara dos Deputados

Nas eleições deste ano, 91 candidatas foram eleitas para assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados na próxima legislatura. As siglas com os maiores percentuais de mulheres eleitas para a Casa foram o Partido dos Trabalhadores com 18 nomes e o Partido Liberal, com 17. Juntas, essas legendas concentram 40% das representantes femininas no Congresso a partir de 2023.

Além do número recorde de mulheres vitoriosas para a Câmara dos Deputados, o pleito também teve as duas primeiras mulheres trans eleitas. São elas: Erika Hilton (PSol-SP) e Duda Salabert (PDT-MG).

Confira o histórico de deputadas federais:

  • 2022: 91
  • 2018: 77
  • 2014: 51
  • 2010: 45
  • 2006: 45
  • 2002: 43
  • 1998: 28
  • 1994: 33
  • 1990: 30

Governadoras

Nesta eleição, apenas 38 mulheres foram candidatas aos governos estaduais, ou 17% dos 223 candidatos. Em 2018, o número era ainda menor: só 30 das 202 candidaturas eram femininas (15%).

Apesar do aumento de mulheres postulantes aos governos estaduais, apenas Fátima Bezerra (PT) e Raquel Lyra (PSDB) foram eleitas.

Confira o histórico de mulheres eleitas para os governo estaduais:

  • 2022: Fátima Bezerra (PT-RN) e Raquel Lyra (PSDB-PE)
  • 2018: Fátima Bezerra (PT-RN)
  • 2014: Suely Campos (PP-RR)
  • 2010: Roseana Sarney (PMDB-MA) e Rosalba Ciarlini (DEM-RN)
  • 2006: Yeda Crusius (PSDB-RS), Ana Júlia (PT-PA) e Wilma de Faria (PSB-RN)
  • 2002: Rosinha Garotinho (PSB-RJ) e Wilma de Faria (PSB-RN)
  • 1998: Roseana Sarney (PMDB-MA)
  • 1994: Roseana Sarney (PMDB-MA)
  • 1990: Nenhuma mulher eleita

Câmaras legislativas estaduais e distrital

Nessas eleições, das 5.815 candidatas a deputada estadual ou distrital, apenas 190 conquistaram uma vaga nas Câmaras Legislativas. O estado com maior percentual de eleitas é o Amapá, das 24 cadeiras, 29,2% serão ocupadas por mulheres.

Os estados com menor representatividade feminina são: Mato Grosso, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Goiás, onde menos de 10% das vagas do Legislativo serão ocupadas por mulheres a partir de 2023.

Em São Paulo, das 677 candidatas a deputada estadual, apenas 25 foram eleitas. A parlamentar mais votada foi Paula da Bancada Feminista (PSol), com 259.771 votos.

Já no Rio de Janeiro, 525 mulheres se candidataram para Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Apenas 15 conquistaram uma vaga na Casa.

Confira o número de mulheres eleitas neste ano para os legislativos estaduais neste ano:

2022:

  • Acre (AC): 3
  • Alagoas (AL): 6
  • Amapá (AP): 7
  • Amazonas (AM): 5
  • Bahia (BA): 8
  • Ceará (CE): 9
  • Distrito Federal (DF): 4
  • Espírito Santo (ES): 4
  • Goiás (GO): 4
  • Maranhão (MA): 12
  • Mato Grosso (MT): 1
  • Mato Grosso do Sul (MS): 2
  • Minas Gerais (MG): 15
  • Pará (PA): 7
  • Paraíba (PB): 6
  • Paraná (PR): 10
  • Pernambuco (PE): 6
  • Piauí (PI): 4
  • Rio de Janeiro (RJ): 15
  • Rio Grande do Norte (RN): 5
  • Rio Grande do Sul (RS): 11
  • Rondônia (RO): 5
  • Roraima (RR): 5
  • Santa Catarina (SC): 3
  • São Paulo (SP): 25
  • Sergipe (SE): 5
  • Tocantins (TO): 3

2018:

  • AC: 3
  • AL: 5
  • AP: 8
  • AM: 4
  • BA: 10
  • CE: 6
  • DF: 3
  • ES: 3
  • GO: 2
  • MA: 8
  • MT: 1
  • MS: 0
  • MG: 10
  • PA: 10
  • PB: 5
  • PR: 4
  • PE: 10
  • PI: 4
  • RJ: 12
  • RN: 3
  • RS: 10
  • RO: 2
  • RR: 6
  • SC: 5
  • SP: 18
  • SE: 6
  • TO: 5

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