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Brasiliense relata como foi passar as férias na Coreia do Norte

Sidnei Macedo escolheu o país, um dos mais fechados do mundo, para um passeio de 5 dias e conta detalhes curiosos sobre a viagem

atualizado

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Arquivo Pessoal
Sinei
1 de 1 Sinei - Foto: Arquivo Pessoal

Após conhecer países como Estados Unidos, Holanda, Itália e Chile, o bancário Sidnei Macedo resolveu apostar em uma viagem diferente neste ano. O destino escolhido por ele, que mora em Brasília há 6 anos, foi a Coreia do Norte, um dos países mais fechados do mundo. O passeio ocorreu no dia 15 de março e durou cinco dias.

Em entrevista ao Metrópoles, Sidnei conta como foi a rotina do passeio e as descobertas que fez por lá. Ele confirmou que lá os americanos são mal vistos, sendo chamados de “american imperialists”, mas também se surpreendeu ao verificar que as escolas ensinam inglês e que a população local realmente tem bastante cuidado com o que é “coletivo”.

A respeito de proibições absurdas veiculadas pelo mundo inteiro, Sidnei disse não ter visto nada. A única coisa que lhe foi pedida era para que não dobrasse um jornal que tivesse a foto do governante do país ao meio, porém nem mesmo o povo segue essa regra.

Confira o bate-papo:

Como surgiu seu interesse em conhecer a Coreia do Norte?
Ir à Coreia sempre foi visto como atravessar uma fronteira única, uma oportunidade de desbravar o mundo. Por ser um país fechado, toda notícia que chega até nós vem de forma enviesada, então quis conferir como o país funciona de fato. No final, foi uma experiência realmente diferente, mas admito que se alguém espera algo muito exótico pode ficar frustrado.

Como é a logística para visitar a Coreia do Norte? 
Os únicos países que oferecem voos para Pyongyang (capital da Coreia do Norte) são China e Rússia. E o país só permite a entrada para turistas por meio de agência, ou seja, você não pode simplesmente comprar uma passagem e ir pra lá, mesmo que tenha o visto. Como o Brasil possui relações com a Coreia do Norte eu consegui tirar o visto na Embaixada aqui em Brasília.

E o custo, é alto?
Não é uma viagem barata. Como existem apenas duas ou três agências autorizadas a fazer o passeio, elas possuem preços pouco amigáveis, mas que incluem toda hospedagem, alimentação e transporte no país, além da passagem ida e volta a partir de Pequim. Ou seja, além do pacote, você ainda tem que comprar passagem do seu país até Pequim, dobrando o valor do investimento.

Eles realmente são ariscos com turistas na alfândega?
Olha, é preciso declarar as publicações e os aparelhos eletrônicos que estão sendo levados. Mas eles apenas deram uma olhada por cima, não se prenderam muito nisso e nem revistaram bagagem. Na saída não pediram para ver nossas fotos – como muitos que nunca foram ao país afirmam que eles fazem –  e nem proibiram fotos no avião.

E pode tirar foto de qualquer lugar em Pyongyang?
Existem locais em que fotos não são permitidas, como regiões militarizadas e construções públicas. Os guias eram taxativos e lembravam sempre isso, as vezes de forma até tensa demais. Mesmo assim ninguém revistou nossas câmera na volta para saber se obedecemos as ordens.

Confira alguns dos registros:

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Quais foram suas impressões sobre a Coreia do Norte?
É um país pobre com certeza, mas longe de ser uma legião de famintos como costumam veicular aqui. É também bastante militarizado, fazendo com que os militares sejam a elite do país. Fora isso, o que se percebe é que querem mostrar o quanto seu país é próspero e isso se reflete no que os turistas têm acesso: hotéis de ótimo nível, ruas pavimentadas, prédios novos, monumentos grandiosos.

Quais foram o aspectos mais positivo que encontrou por lá?
É um país limpo onde as pessoas parecem ter cuidado com o coletivo. Você vê as pessoas por conta própria limpando e cuidando dos monumentos e praças. Há um certo orgulho de suas tradições que é algo muito bonito de se ver.

Eles também não são muito diferentes de japoneses e outros orientais, sempre metódicos e sistemáticos, mas educados e simpáticos.

Sidnei Macedo

E o lado negativo?
É estranho você ir a um país e não poder andar na rua desacompanhado. Não é permitido andar sem a companhia de um guia local, gerando uma paranoia nos turistas. Teve um momento que havia me perdido da guia e a primeira coisa que fiz foi procurá-la. Foi engraçado porque estávamos em um raro momento de liberdade, mas ficamos preocupados com isso. Para nós, que estamos acostumados com o direito de “ir e vir”, isso é inquietante.

Como é a relação deles com os Estados Unidos?
No passeio visitamos escolas que seriam modelo para eles. Lá as crianças aprendem inglês, informática e música, mas ficou claro que há uma forte doutrinação na educação deles. Os trabalhos de história colados nas paredes refletem bem o que é ensinado às crianças, com os americanos retratados como imperialistas. Aliás até mesmo os guias se referem aos Estados Unidos como “american imperialist”. Mas vale ressaltar: americanos não são proibidos de visitar o país. Inclusive, no nosso grupo tinha alguns americanos.

É mesmo proibido sorrir no dia que o último presidente morreu ou ser irônico?
Não tenho certeza sobre essa informação, mas parece mais uma das notícias falsas ou exageradas feitas sobre a Coreia do Norte. Existe até uma agência na Coreia do Sul que é especializada em veicular notícias falsas ou difamatórias sobre o país vizinho. Porém, vi uma coisa curiosa: havia uma regra sobre jamais dobrar a foto do Kim jong Il ao meio em jornais. Não sei se era crime ou era visto como desrespeito, mas fomos solicitados a não fazer isso. E tentávamos obedecer, mesmo que eu tenha visto a vendedora do jornal dobrando errado (risos).

O que eles acham do Brasil?
Só o clichê “país do futebol”, não possuem nenhuma grande referência do país além disso.

Você trouxe algum souvenir de lá? 
Não é uma cultura muito materialista ou consumista, mas já se vê uma pequena investida de produtos chineses. As lojas de presentes que fomos são limitados e possuem mais itens de consumo como bebidas e alimentos da região ou livros escritos por seu líder. Eu trouxe cerveja e bebidas típicas da região, como uma produzida com pepino do mar, que ainda não experimentei.

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