metropoles.com

Casas na W3 Sul se enfeitam com grafite para evitar pichações

Dezenas de moradores têm contratado grafiteiros para trazer cor e arte às 700. Serviço custa, em média, R$ 500

atualizado

Compartilhar notícia

Felipe Menezes/Metrópoles
Brasília (DF), 08/02/2017 Casa com PichaçõesLocal: Asa SulFoto: Felipe Menezes/Metrópoles Brasília (DF), 08/02/2017  Casa com Grafites Local: Asa Sul Foto: Felipe Menezes/Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), 08/02/2017 Casa com PichaçõesLocal: Asa SulFoto: Felipe Menezes/Metrópoles Brasília (DF), 08/02/2017 Casa com Grafites Local: Asa Sul Foto: Felipe Menezes/Metrópoles - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Moradora da 706 Sul há 34 anos, a aposentada Maria Inês Kich já perdeu as contas de quantas vezes pagou para pintar o muro e o portão da casa onde vive com a família. Nem mesmo a cor marrom escura afastou os pichadores. No entanto, há dois anos e meio, não há mais palavrões, protestos ou rabiscos. O vandalismo deu lugar à arte.

A ex-bancária conta que teve a ideia quando estava passeando com o neto pela W3 e encontrou alguns grafiteiros desenvolvendo um trabalho. Cansada de lutar contra os pichadores, perguntou aos jovens o que precisava fazer para que eles também grafitassem o enorme muro de esquina da casa onde mora. Na época, os artistas pediram apenas que a aposentada comprasse a tinta. O resto era com eles.

A arte que ilustra as paredes de Maria Inês não é a única por ali. Pelo contrário. A reportagem do Metrópoles percorreu a W3 Sul, das quadras 703 até a 707, e percebeu como dezenas de outros moradores têm apostado no grafite na luta contra a pichação. Entre um rabisco e outro, sempre tem um muro ou um portão colorido contrastando com os atos de vandalismo.

 

No portão da garagem
A também aposentada Maria de Jesus Machado, 72 anos, conta que a princípio achou meio estranho a ideia da filha Juliana, 42, de trazer alguns amigos para desenharem nos portões da casa. Mas pensou bem e, cansada de pintar a entrada da residência após sucessivas pichações, resolveu ceder aos apelos da filha. “Até agora, vem dando certo”, conta, animada, posando em frente à pintura que mais gosta na garagem de casa. “Prefiro essas cores mais claras mesmo, mais discretas”.

Felipe Menezes/Metrópoles
Maria de Jesus adora o grafite que retrata o rosto de uma mulher

 

Grafiteiros veem reconhecimento do trabalho
O grafiteiro Renato Moll, 29 anos, diz que a procura pela arte de rua em espaços privados tem aumentado nos últimos meses. “As pessoas se acostumaram com o grafite e hoje já sabem apreciar o nosso trabalho”, conta. Segundo ele, muitos profissionais ganham a vida desenvolvendo o trabalho, como se o grafite tivesse deixado as tesourinhas e as passarelas para invadir a vida e as casas das pessoas.

Foi isso que ocorreu com o escritor e amante das artes Ruy Godinho, 62 anos. O portão da casa onde mora, na 703 Sul, foi pintado recentemente. Ele ganhou de presente de aniversário das filhas, que pagaram cerca de R$ 500 pelo serviço. “Antes, o portão era todo pichado, um horror só. E como eu trabalho com arte, para mim, ver essa linda pintura por aqui é outra coisa.”

Eu saí de manhã para passear na beira do lago e, quando voltei, três horas depois, o trabalho estava praticamente pronto. Foi só finalizar. Em quatro horas, eles fizeram tudo

Ruy Godinho, escritor
0

 

Combate à pichação
Apesar de muitas famílias usarem o grafite como arma, há lugares que seguem sendo pichados em todo o Distrito Federal. Segundo a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, foram registradas 158 ocorrências de pichação no DF em 2016. O número pode parecer pequeno, mas milhares de casos não são registrados nas delegacias.

A pichação é uma contravenção penal, prevista na Lei dos Crimes Ambientais (9.605/98). “Quem comete a prática está sujeito à pena de detenção de três meses a um ano, além de multa. Se a pichação for em monumentos tombados, como patrimônio artístico ou histórico, a pena mínima de detenção é de seis meses e a máxima permanece em um ano, além de multa”, esclarece a pasta.

Para combater o ato de vandalismo, a secretaria afirma que mantém, desde 2000, o programa “Picasso não Pichava” e que a Polícia Militar realiza rondas ostensivas para inibir a prática das pichações. “Quando há flagrante, os autores e os materiais utilizados são encaminhados à delegacia mais próxima ou à Delegacia Especial do Meio Ambiente (Dema) para registro da ocorrência”, completa.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?