Atleta refugiada nadou por três horas em mar aberto e salvou 20 vidas

Há mais emoção nos Jogos Olímpicos do que medalhas e pódios podem contar. A história de superação que cada atleta guarda em si sobre sua jornada até a competição mais importante do mundo, por exemplo, pode dizer mais do que seu desempenho nas provas.

Esta edição, que traz pela primeira vez um time de dez atletas refugiados, já tem histórias especiais antes mesmo da largada das provas. Uma deles, da nadadora síria Yusra Mardini, de 18 anos, que nadou durante três horas seguidas para ajudar a salvar a vida de 20 pessoas – a dela, inclusive – depois de o barco em que estava começar a naufragar. Mardini ainda ajudou a empurrar a embarcação para a terra. Hoje, ela vive e treina em Berlim, na Alemanha.

Ao jornal britânico Independent, a atleta, que é especialista nas provas de 100m borboleta e medley e compete neste sábado (6/8) e na quarta-feira (10/8), contou que no país dela chegou a treinar em centros cujos tetos haviam sido destruídos pela guerra.

Algumas vezes não podíamos treinar por causa da guerra e algumas vezes nadávamos em piscinas onde os tetos haviam sido explodidos em três ou quatro lugares diferentes.

Yusra Mardini

Ficar na Síria tornou-se impossível e ela e a irmã saíram do país viajando pelo Líbano e pela Turquia para, depois, tentarem chegar à Grécia. O barco em que viajavam suportava seis pessoas, mas carregava 20. Em trinta minutos, começou a afundar. Mardini pulou na água e, com a ajuda de outras duas pessoas, nadou em mar aberto até que todos estivessem salvos. Só elas sabiam nadar entre os passageiros.

Embora hoje em dia a atleta não goste de mar, não guarda traumas desse dia ou de água.

“Sei que, se não soubesse nadar, jamais estaria viva. É uma memória boa”, diz.