Cartunista Nissim Nusko mostra a produção de Israel no Anima Mundi
Nusko exibe curtas de animação produzidos em Israel. Em entrevista, ele fala sobre política, estilo e o festival Animix, criado por ele
atualizado
Compartilhar notícia
O cartunista israelense Nissim Hezkiyau, conhecido como Nusko, visita o Brasil para participar do festival Anima Mundi. Ele passa por São Paulo e Rio de Janeiro para mostrar oito curtas de animação e falar sobre a intensa produção de seu país nos campos do cartum e da caricatura. Entre as agendas, ele conheceu Brasília e passou pela redação do Metrópoles.
A seleção de curtas que Nusko traz para o Anima Mundi evidencia a força da animação em Israel. Nascido em 1961, o experiente ilustrador criou o festival Animix Tel Aviv em 2001. Após conhecer o Brasil, o cartunista pretende levar um pouco da produção daqui para futuras programações do evento.
Primeiros longas de animação
O auge da animação no país se deu em 2008, com o lançamento dos primeiros longas no formato: “$9,99” e “Valsa com Bashir”, este último indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Ari Folman, diretor de “Bashir”, ainda mora em Israel e tem como próximo projeto uma versão animada da história de Anne Frank.
Nusko conta que o mercado para artistas gráficos em Israel é pequeno. Boa parte dos amigos cartunistas e ilustradores divulga seus trabalhos de forma independente e na internet. Ele próprio usa o Facebook como vitrine. Enquanto dirige o festival, Nusko também se sustenta dando palestras e produzindo cartazes.
Liberdade em mercado difícil
Seu mais recente projeto é a revista “Paradox” (“Paradoxo”). “‘Para’, em hebraico, significa vaca”, brinca, apontando a logo. Ele publicou uma edição piloto (foto acima) e espera patrocínio para imprimir edições mensais. “Será uma revista de cartum e caricatura no estilo da ‘Mad’ e da ‘Charlie Hebdo’. Com muita política”, conta.
Ao contrário dos vizinhos muçulmanos, Israel permite liberdade criativa aos artistas. “Nos países islâmicos, você pode ser morto. Não pode desenhar o profeta Maomé em certas situações. Eles não têm nenhum senso de humor ou crítico”, avalia.
Apesar de o mercado ser estreito, ele celebra o crescimento da animação autoral no país e a exportação de artistas. “Dá para atuar na TV, fazer comerciais, filmes independentes ou mesmo abrir estúdios. Alguns saíram de Israel para trabalhar na Europa e até na Pixar, nos Estados Unidos”.