Cinco cantoras da nova MPB lançam CDs. Leia a crítica, ouça o disco

“Pedaço Duma Asa”
Mariana Aydar
O disco, com produção de Duani, traz apenas composições de Nuno Ramos – eventualmente acompanhado pelos parceiros Clima e Mariana. A maioria das músicas tem uma pegada de samba pós-moderno, em que o reco-reco e o bandolim dividem espaço com efeitos eletrônicos. Na realidade, o que a cantora paulista propõe é o fim das fronteiras entre o samba, o rock e o pop, processo nítido em “Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo” (2012) – porém mais coeso do que o trabalho anterior. A harmonia dessa mistura deve-se, em partes, à maturidade da artista que chega ao quarto disco com muito mais força como cantora e compositora. Por mais que no novo CD assuma o papel de intérprete de canções de Nuno, Mariana dá a autencidade necessária à interpretação das canções. Ouça. (As audições em streaming no Deezer, deste e dos demais discos, é gratuita)
Brisa Records/Pommelo Distribuições, 12 faixas. Preço médio: R$ 22,20.

“Delírio”
Roberta Sá
A artista potiguar sempre cantou um samba à sua maneira. Às vezes, inspirada nos clássicos do gênero, e em outros momentos flertando com o pop. Sob produção de Rodrigo Campello, Roberta mostra um samba ousado, em que os instrumentos de cordas se sobrepõem ao tradicional uso da percussão. Provando que não tem medo de errar, a cantora mistura jazz e bossa nova em “Feito Carnaval”, música de Rodrigo Maranhão; e faz uma versão bem melancólica para “Última Forma” (Vinicius de Moraes/Baden Powell) ao lado de Jaques Morelenbaum. Eclética, Roberta também tem as participações especiais de Martinho da Vila (“Amanhã é Sábado”), Xande de Pilares (“Boca em Boca”) e Chico Buarque (“Se For Pra Mentir”). A última, parceira de Cézar Mendes e Arnaldo Antunes, é uma das melhores faixas do CD. Ouça.
Som Livre, 11 faixas. Preço médio: R$ 24,90.

“Frou Frou”
Bárbara Eugenia
Ainda pouco se fala da artista fluminense radicada em São Paulo. Na cidade da garoa desde 2005, Bárbara conversa bem com os trabalhos que têm sido feitos na cidade, sem soar mais do mesmo. Ela é pop, investe na produção autoral e não tem medo de fazer experimentações. No novo disco, as músicas mostram uma cantora e compositora mais solar do que no CD anterior, “É o que Temos”, lançado em 2013. Produzido por ela e pelo amigo Clayton Martin, o álbum tem como destaques “Recomeçar”, de Fernando Catatau; e “Cama”, do amigo e parceiro musical Tatá Aeroplano. Ouça.
Independente, 13 faixas. Preço médio: R$ 24,90.

“Tô na Vida”
Ana Cañas
A ideia do quinto álbum da cantora e compositora paulista era soar como um trabalho de rock. Afinal, ela passeia pelas 14 composições – entre inéditas e regravações – ao lado de Betão Aguiar (baixo), Marco da Costa (bateria) e Lúcio Maia (guitarra e produção). Porém, nem sempre, missão dada é missão cumprida. O canto de Ana oscila e sai do rock para as baladas e para o pop com muita facilidade. Aí, o disco se perde e não ganha o fôlego necessário para dizer a que veio. Ainda assim, vale a pena prestar atenção em “O Som do Osso”, canção de Ana com Lúcio Maia e Pedro Luis. Ouça.
Som Livre, 14 faixas. Preço médio: R$ 24,90.

“Selvática”
Karina Buhr
O terceiro disco da cantora baiana-pernambucana segue em partes com as sonoridades trabalhadas em “Eu Menti pra Você” (2010) e “Longe de Onde” (2011). Há o rock mesclado com os ritmos de Pernambuco, como a ciranda, mas, desta vez, a artista se apresenta mais visceral. Tanto nas letras como nas músicas. Exemplo disso são as composições “Cerca de Prédio” com a participação de Cannibal, vocalista da banda Devotos; e “Eu Sou um Monstro”, melhor exemplo da pegada feminista do CD. As 11 faixas são autorais, inéditas e tem a companhia de um excelente time de músicos, entre eles, Guizado (trompete), Edgard Sacandurra e Fernando Catatau (ambos na guitarra). Ouça.
Independente, 11 faixas. Preço médio: R$ 25,90.