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Jovens escritores do DF conquistam milhares de fãs nas redes sociais

Conheça sete jovens que utilizaram meios como Facebook, Twitter e Instagram para divulgar seus trabalhos, escapando aos problemas comuns encontrados na carreira

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Leonardo Arruda/Metrópoles
Jovens escritores do DF – Ennio Moretti, Rafael Carvalho Falleiros e Bárbara Dias Gomes
1 de 1 Jovens escritores do DF – Ennio Moretti, Rafael Carvalho Falleiros e Bárbara Dias Gomes - Foto: Leonardo Arruda/Metrópoles

Adaptação é a palavra-chave para os escritores brasilienses que se encontram na faixa dos 20 anos. Dentro de uma geração que cresceu diante da tela do computador e o fortalecimento dos smartphones, eles perceberam que a melhor forma de divulgar seus trabalhos é justamente publicando-os em diferentes redes sociais.

Conheça alguns dos moradores da capital que iniciaram projetos literários em plataformas virtuais como Facebook, Twitter e Instagram. Reunindo milhares de seguidores, eles tomaram o impulso que precisavam para publicar suas obras e aproximar-se do sonho de construir uma carreira pela arte que produzem.

Pryscilla Dantas/Divulgação
João Doederlein, 19 anos, reúne mais de 220 mil seguidores em página do Facebook

 

Poeta sem livro publicado e com 220 mil leitores
Estudante de marketing na Universidade de Brasília (UnB), João Doederlein, 19 anos, é um dos jovens escritores que mais se destacam na capital. Mesmo sem ter um livro publicado, o rapaz já reúne 220 mil seguidores na página do Facebook “Contos Mal Contados”, em que revela pequenos textos e poemas de sua autoria.

Semanalmente, João publica na página em média três textos curtos, que podem ser poesias, contos ficcionais ou crônicas. Além disso, o endereço é o principal suporte para o projeto “Significado”, em que publica imagens com verbetes e seus significados poéticos. A palavra saudade, por exemplo, se tornou para ele sinônimo de “um sorriso que não dou faz semanas”. O autor também faz postagens do tipo em seu Instagram pessoal, que possui cerca de 20 mil seguidores.

Procuro entreter, fazer as pessoas se identificarem, salvar almas afogadas nas questões dos sentimentos. Tudo usando personagens e textos fáceis de ler

João Doederlein

O jovem criou o gosto pela literatura aos 10 anos. “Com 15, já queria escrever um best-seller. Sempre foi meu sonho ser escritor e web celebridade”, afirma, empolgado. A escolha pelo curso superior em marketing tem como finalidade ajudá-lo nesta empreitada. “Achei mais inteligente compreender a área e, assim, poder me lançar melhor no mercado editorial”.

Nos próximos meses, João quer pôr em prática uma série de projetos. “Pretendo lançar meu site oficial, um canal de vídeos no Youtube e publicar meu livro até o fim do ano.” A expectativa é conseguir dinheiro suficiente para lançar ao menos mil cópias do livro por meio de financiamento coletivo. “Será um romance inusitado e bem reflexivo quanto ao próprio amor, sempre contado em capítulos bem independentes e gostosos de serem lidos”, explica o jovem poeta.

Thiago Gonça/Divulgação
Para Mateus Santana, a inspiração está na movimentação de pessoas pela cidade

 

Um observador das ruas
Nascido em Taguatinga Norte e morador da cidade, Mateus Santana, 24, é o tipo de poeta que vai para um local público bastante movimentado e observa quem passa por ali. “Além de buscar assuntos do momento, gosto de perceber como as pessoas se relacionam ou como elas não se relacionam”, diz. Assim, ele consegue a inspiração necessária para produzir a página do Facebook “Controvérsias”, que conta com mais de 110 mil curtidas, e o Instagram homônimo, com cerca de 11 mil seguidores.

O interesse de Mateus pela escrita surgiu após namorar uma garota que criticava seus erros de português. “Escrevia um pouco mal, engolia umas vírgulas. Fiquei com tanta raiva das correções constantes dela que comecei a melhorar a língua só para mostrar o que eu podia aprender. Aí não teve jeito, tomei gosto pela escrita”, conta. E a publicação de seus trabalhos na internet deu ainda mais asas a sua paixão.

A velocidade e a distância com que os textos se propagam e podem ajudar alguém que talvez eu nunca veja na vida… Isso é muito maravilhoso

Mateus Santana

Em sua página ele também publica uma série de poesia chamada “Fatos Sobre Ela”, cuja inspiração vem das mulheres que conhece. “Ela ama demais/ e isso deveria ser bom,/ se o ‘amar demais’ dela,/  não fosse ter que/ amar pelos dois”, diz em um dos textos.

Atualmente, o jovem cursa publicidade no Centro Universitário Iesb e possui uma série de planos futuros. “Quero dar palestras e pretendo lançar um livro ao lado de outros poetas da cidade”, afirma. Além disso, Mateus vai dar continuidade ao projeto “Poesias nos Muros”, em que cola versos elaborados por diferentes escritores em locais públicos da capital.

Leonardo Arruda/Metrópoles
Ennio, Rafael e Bárbara fazem juntos a página “Chovendo Cartas”, com poemas e aquarelas

 

De três é melhor
“Poesias, contos, textos, há de tudo um pouco aqui”, assim se define o perfil da página “Chovendo Cartas”. Alimentada pelos estudantes Rafael Carvalho Falleiros (letras na UnB), Ennio Moretti (administração na mesma universidade), e Bárbara Dias Gomes (direito no UniCeub) – todos com 19 anos –, o espaço virtual possui 11 mil seguidores e chama a atenção por unir textos a belos desenhos em aquarela.

A página foi criada por Rafael há apenas sete meses.”Desde os 8 anos eu escrevo, e nunca consegui parar. Quando juntei um bom material, resolvi lançar a página”, conta. Para ajudar na produção do conteúdo, chamou seus amigos de longa data Ennio e Bárbara, que também é desenhista.

Quando perguntam como são nossos textos, digo sempre que o Ennio é o crítico, jornalista; a Bárbara é a romântica; eu, o filósofo e metafórico

Rafael Falleiros

Sem publicações no currículo, os três contam com projetos futuros para resolver a questão. “Agora que entramos de férias em nossas universidades, pensamos em reunir nossos textos favoritos em uma coletânea para, em seguida, publicá-los”, explica Rafael.

O apoio da família também tem sido um grande incentivo para os jovens. “Quando vão me apresentar a algum amigo deles, já falam ‘olha, ele é poeta’, aí falo sobre a página e nossas metas”, conta Ennio. Para os três escritores, tanto o suporte familiar quanto o sucesso da página se devem àquela clássica combinação entre “dedicação, amor e talento”.

Felipe Menezes/Metrópoles
Pelo Twitter, Bárbara Morais interage com leitores e apresenta impressões

 

A força dos 140 caracteres
Diferente de seus colegas, a escritora Bárbara Morais, 26, preferiu tocar o Twitter como sua principal forma de contato com os fãs, reunindo mais de 3,6 mil seguidores na rede social. Lá ela usa os 140 caracteres de cada postagem para falar sobre o mercado editorial, as notícias do mundo e a vida privada, criando um vínculo com os admiradores dos livros que já publicou. Além disso, é por este meio que ela divulga as postagens feitas no blog “Nem um Pouco Épico”, em que publica resenhas de livros e outros tipos de texto.

Focada no público infantojuvenil, Bárbara lançou a trilogia “Anômalos”, três livros que abordam um mundo distópico. Até hoje foram vendidos cerca de 10 mil exemplares – muitos deles por conta do ativismo na internet.

As redes sociais são fundamentais para que eu possa atingir meu público-alvo. Além disso, as plataformas permitem um contato constante e bastante divertido com meus leitores. Eu adoro

Bárbara Morais

A vontade de escrever vem das brincadeiras de criança. “Criava histórias mirabolantes com as minhas Barbies e isso não parou depois que cresci”, conta. Ela diz que seu método de escrita consiste em “ligar os pontos”. “Decido antes as cenas e os acontecimentos primordiais da história e depois escrevo de forma a juntar tudo em uma única narrativa”, explica.

Formanda em economia pela UnB, Bárbara pretende seguir carreira na área sem abandonar a literatura. “São áreas complementares para mim. Tenho vontade de trabalhar com ficção especulativa. Amo a matemática tanto quanto as palavras”, brinca. Atualmente está trabalhando no próximo livro, que se encontra em estágio inicial e deve ser lançado até 2017, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Marina interage pelo Instagram com as leitoras de “A Parede Branca do Meu Quarto”

 

Brincadeiras fotográficas
A jornalista Marina Oliveira, 26, montou um projeto ousado antes de lançar o livro “A Parede Branca do Meu Quarto”. Ela distribuiu cinco exemplares impressos que seriam lidos por 25 meninas entre 13 e 26 anos de idade. Cada uma delas teria uma semana para ler a obra e postar no Instagram o que achou do texto.

A ideia deu certo. As meninas adoraram o desafio e todas fizeram comentários positivos sobre a obra. Hoje, a escritora já soma cerca de 800 exemplares vendidos e conseguiu colocar o livro para ser vendido em ao menos quatro unidades da livraria Leitura (Conjunto Nacional, Terraço Shopping, Pier 21 e Boulevard Shopping) e na Cultura do Casa Park. Atualmente, o perfil do livro no Instagram conta com mais de 1,7 mil seguidores.

As redes sociais são o novo cartão de visitas. Querendo ou não, a quantidade de seguidores e curtidas no meio virtual indicam o quanto o seu trabalho é interessante para as pessoas

Marina Oliveira

Editado pela Thesaurus e lançado em outubro do ano passado, o livro narra a história da estudante de 17 anos Mariana Vilar. Ela se torna celebridade após publicarem na internet um vídeo mostrando o surto psicótico que teve durante uma prova. Apesar de nunca ter passado por uma situação tão extrema como essa, a escritora admite que se aproxima muito da personagem nesse quesito. “Sou muito ansiosa porque vivo com a cabeça no futuro e sofro com tudo o que pode ocorrer”, diz.

Marina já começou a escrever seu segundo livro e deve publicá-lo em 2017. A nova história ainda é uma surpresa, mas a escritora já adianta que ocorre no mesmo universo que a primeira obra. “A protagonista é outra, mas alguns personagens da história anterior aparecem nesta também”, conta.

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