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Projeto faz motoristas de ônibus sentirem na pele os riscos que ciclistas, idosos e deficientes físicos vivem no trânsito

Equipados com bicicletas, cadeiras de rodas, muletas e vendas para os olhos, 1,1 mil motoristas da Expresso São José puderam conhecer de perto as dificuldades desses públicos

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Motoristas de ônibus ficam no lugar de ciclistas
1 de 1 Motoristas de ônibus ficam no lugar de ciclistas - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A rotina dos 1,1 mil motoristas de ônibus da Expresso São José foi alterada neste último mês. Divididos em turmas de 30 pessoas, os condutores passaram um dia inteiro participando do projeto Na Rota da Segurança. Pioneiro na capital, o programa tem como objetivo mostrar aos motoristas o dia a dia de ciclistas, idosos e deficientes (visuais e cadeirantes).

Para alcançarem essa meta, os instrutores do projeto disponibilizaram uma série de equipamentos que permitem os motoristas sentirem na pele os problemas específicos de cada público. Bicicletas, venda para os olhos, muletas e cadeira de rodas fizeram parte do treinamento. “O que parece uma brincadeira é, na verdade, uma verdadeira aula de humanidade”, diz Osvanil dos Santos, um dos instrutores do projeto.

A equipe de Metrópoles acompanhou o último dia de treino do projeto, que ocorreu neste sábado (31/10). No início, enquanto os motoristas participam de uma curta palestra sobre segurança no trânsito, o sentimento geral é de certa incredulidade sobre a eficácia dos treinos. Porém, a postura se modifica logo que eles sobem nas bicicletas fixas postas no asfalto de uma das vias do Setor de Oficinas Sul, onde se localiza a empresa.

Enquanto “pedalam”, um ônibus passa rapidamente ao lado dos motoristas em dois momentos distintos: um bem próximo ao ciclista, e outro a 1,5 metro de distância. “É realmente assustador quando o veículo passa encostado. Como é longo, demora a passar e ficamos nessa agonia por um tempo que parece interminável”, conta Roberto Gomes, um dos condutores da empresa. Houve um consenso quando os participantes afirmaram que, com o transporte atravessando em um ponto mais distante, a pedalada fica mais suave.

Daniel Ferreira/Metrópoles
Motoristas têm seus olhos vendados para reconhecerem as dificuldades dos deficientes visuais

Para tornar a experiência ainda mais efetiva, o grupo de ciclistas Pedala Guará foi até o local para incentivar a paz no trânsito. “Queremos que qualquer tipo de confronto seja evitado, pois, no corpo a corpo, somos mais frágeis e muitos acabam perdendo suas vidas”, diz Daiane Jordão, coordenadora do grupo. Para ela, a coexistência pacífica nas ruas é possível se houver um olhar atencioso de ambas as partes. “Se os motoristas não avançarem sobre os ciclistas e estes utilizarem o equipamento correto e souberem fazer sinalizações, a maioria dos acidentes deixará de ocorrer”, explica.

Depois das “pedaladas”, os participantes foram convidados a se revezarem entre a cadeira de rodas, a venda nos olhos e as muletas. Devidamente equipados, sobem no ônibus. Nesse momento, os motoristas têm uma pequena noção da dificuldade que é usar o transporte público enquanto convivem com limitações físicas. “Esse foi o melhor caminho que encontramos para mostrar aos condutores um dos maiores desafios da rua, que é respeitar todas as pessoas dentro e fora do ônibus”, conclui Lucas Lopes, diretor da empresa.

Para quem é ciclista, o grupo Pedala Guará deu algumas dicas essenciais àqueles que decidem enfrentar as ruas:

  • Use sempre capacete e luvas. Em caso de quedas, os equipamentos fazem a diferença
  • Coloque faixas de sinalização na bicicleta. Principalmente se o condutor pedalar em períodos noturnos
  • Aprenda a fazer alguns gestos com os braços para que o motorista de ônibus compreenda qual será a próxima ação dos ciclistas
  • Leve um apito e equipe a bicicleta com buzina. É uma ótima maneira de chamar atenção de motoristas desatentos.

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