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TCDF aprova, com ressalvas, contas do 1º ano de gestão de Rollemberg

Maior preocupação dos conselheiros durante a apreciação foi com relação ao alto custo da folha de pagamento dos servidores

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Rollemberg feliz
1 de 1 Rollemberg feliz - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

As contas do primeiro ano de governo de Rodrigo Rollemberg (PSB) foram consideradas tecnicamente aptas pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), com 11 ressalvas e recomendações a serem seguidas. Os seis conselheiros aprovaram o relatório analítico referente ao exercício de 2015, mas apontaram faltas de planejamento na execução, mudança da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e distorções nas demonstrações contábeis. A maior preocupação dos conselheiros e ressalvas feitas durante a apreciação foi com relação ao alto custo da folha de pagamento dos servidores.

Agora, as contas seguem para análise da Câmara Legislativa. De 2012 a 2015, a Receita Corrente Líquida (RCL) cresceu 29%, sendo que a Despesa Líquida com Pessoal, somando os gastos dos poderes Executivo, Legislativo e do Tribunal de Contas cresceu 34,3%. No fim de 2015, os gastos com pessoal chegaram a 46,78% da RCL, ultrapassando o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso privou o governo de fazer contratações, empréstimos e outras operações financeiras como investimentos.

Uma crítica feita à administração pelo conselheiro Renato Rainha é que, embora tenha ocorrido a redução na força total de trabalho em 6,2% no período analisado pelo relatório, houve crescimento de 5,2% dos cargos comissionados. “Nesse contexto, persistente ocupação irregular de cargos em comissão, com excesso de servidores sem vínculo em várias unidades integrantes da administração direta, autárquica e fundacional”, afirmou Rainha.

O conselheiro Inácio Magalhães lembrou que existe uma dívida de reajuste com servidores de 32 categorias, oriunda do governo de Agnelo Queiroz (PT). “Um dia essa fatura vai chegar. É preciso balancear as contas do DF. A Segurança Pública é financiada pelo Fundo Constitucional, o Poder Judiciário por outros mecanismos, temos uma situação privilegiada. É preciso organizar”, alertou.

A Câmara Legislativa também ultrapassou limite de gastos com pessoal. Registrou 1,54% da despesa líquida, o que vai além do limite de alerta. O TCDF ficou abaixo do exigido, alcançou 0,98% da despesa com os funcionários. Mesmo com os dispêndios em contratações, a CLDF apresentou saldo positivo de caixa de R$ 158,7 milhões. O tribunal, de R$ 524 mil.

Já o Executivo teve saldo negativo de caixa de R$ 966,6 milhões. “Na fase de transição de governo, constatou-se que as contas eram incompatíveis com o relatório apresentado. Foi verificado um descontrole que já vinha de décadas, não podendo ser creditada apenas ao governo de 2014”, destacou o relator Paiva Martins.

Falta de planejamento
A procuradora do Ministério Público de Contas do DF (MPC), Cláudia Fernanda, fez considerações sobre o descumprimento do GDF das metas da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), falou sobre a falta de investimentos em áreas essenciais como a mobilidade urbana e a saúde, a qual considerou em estado “calamitoso”.

De acordo com o relator da análise, o Executivo não cumpriu as metas fiscais constantes da LDO, que deveria orientar a execução do orçamento distrital, no entanto, teve as metas alteradas em 23 de dezembro de 2015 para projetar deficits. “A LDO não pode ser considerada mera peça de ficção”, afirmou a procuradora.

Houve alterações significativas no planejamento de receitas e despesas dos Orçamento Fiscal e da Seguridade Social de 2015, o que redefiniu a LOA, passando de R$ 31,8 bilhões de receita e R$ 35,5 bilhões de despesas, um déficit de R$ 3,8 bilhões. Além disso, constata-se a abertura de crédito extraordinário ao final do exercício, no montante de R$ 1,6 bilhão.

Os recursos previstos na lei orçamentária e no Fundo Constitucional do DF para 2015 totalizaram R$ 37,3 bilhões, valor 2,4% inferior ao registrado no exercício anterior. No entanto, houve modificação na operacionalização do fundo, pois a parcela destinada às áreas de saúde e educação passou a integrar o orçamento de Seguridade Social distrital a ser contabilizado no Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo). Com a mudança, o orçamento dobrou, passando de R$ 5,4 bilhões para R$ 11,1 bilhões.

Despesas por área
As áreas com maior valor executado em 2015 foram as de Educação e Cultura, com gastos no total de R$ 7,1 bilhões. Em segundo lugar, está a segurança, com R$ 7 bilhões. A saúde teve gasto de R$ 6,6 bilhões. As áreas de infraestrutura e meio ambiente tinham o maior volume de dotação inicial, com R$ 7,6 bilhões. Porém, executou apenas R$ 3,2 bilhões. A assistência social teve a aplicação de R$ 1,3 bilhão.

Ao todo, o governo local gastou R$ 27,8 bilhões, encerrando 2015 “com insuficiência financeira de R$ 1,3 bilhão, desconsideradas as aplicações financeiras do Regime Próprio de Previdência Social.”

Ressalvas
O TCDF considerou as contas aptas para serem aprovadas pela CLDF, mas pediu que as previsões da Lei Orçamentária sejam mais precisas e capazes de serem executadas. Pediu ainda que não haja contingenciamento de recursos destinados ao Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente do DF (FDCA), pois tal medida acarretaria em rejeição das contas em uma próxima análise. Em 2015, foi registrado um contingenciamento das programações do FDCA da ordem de R$ 37,3 milhões.

Além disso, o GDF deve solucionar as inconsistências apontadas relativas ao quantitativo de pessoal e encaminhar à Câmara Legislativa do DF projetos de lei revisando os fundos especiais com execução orçamentária abaixo de 50%.

Confira os apontamentos do Tribunal de Contas do DF sobre a execução do orçamento de 2015:

Pessoal – Na avaliação técnica, destaca-se o aumento de 6,9% dos gastos com pessoal, em comparação com 2014. Ao final de 2015, a Despesa Bruta com Pessoal no âmbito do Poder Executivo distrital totalizou R$ 25,6 bilhões, sendo R$ 11,2 bilhões custeados com recursos do Fundo Constitucional do DF. A LRF permite que a parcela custeada com repasses realizados por meio desse fundo seja deduzida para fins apuração do limite de gastos com pessoal do DF.

Após essas deduções legais, a Despesa Líquida com Pessoal (DLP) foi de R$ 8,6 bilhões, correspondendo a 46,78% da Receita Corrente Líquida (RCL). Com isso, houve extrapolação do limite prudencial estabelecido pela LRF (de 95% do limite máximo de 49%, ou seja, 46,55% da RCL). Como consequência, aplicam-se as restrições previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal, entre elas a proibição de concessão de reajustes remuneratórios e de contratação de novos servidores, salvo nas exceções ditadas pela própria LRF.

Licitações – Do total de R$ 27,7 bilhões de despesas realizadas em 2015, R$ 3,4 bilhões (12,1%) referem-se a procedimentos licitatórios. O relatório destaca que 24,64% dos editais foram suspensos pelo TCDF em decorrência, principalmente, de problemas relacionados à estimativa de preços e habilitação técnica.

Despesas sem contrato –  No que diz respeito à execução orçamentária e financeira, uma das irregularidades apontadas foi a realização de despesas sem a formalização de contrato, o que será objeto de análise nas contas anuais das unidades gestoras. Foram gastos, pelo menos, R$ 284,1 milhões sem cobertura contratual, principalmente na área da saúde.

Fundos especiais – O corpo técnico do TCDF também verificou que os repasses financeiros à Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP), ao Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e ao Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente (FDCA) foram inferiores à dotação mínima exigida pela Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF). Em relação ao FDCA, o relatório destaca que houve contingenciamento de recursos, o que é vedado pela LODF.

Em 2015, 34 fundos especiais receberam dotação orçamentária, no total de R$ 9,5 bilhões. Foram executados R$ 8,7 bilhões, ou seja, mais de 90% da programação. Porém, apenas dois fundos concentraram 97,2% da despesa realizada: o Fundo de Saúde do DF (R$ 6,6 bilhões) e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (R$ 1,8 bilhão). Além disso, sete fundos não tiveram nenhuma execução e outros 15 não atingiram metade do valor final autorizado.

Balanço patrimonial – Nas demonstrações contábeis de 2015, foi apontada ainda uma distorção na posição patrimonial do Distrito Federal. Em 31 de dezembro de 2015, houve um acréscimo indevido de R$ 27,8 bilhões no saldo da Dívida Ativa, o que impactou diretamente o Balanço Patrimonial e a Demonstração das Variações Patrimoniais e fez com que as demonstrações inseridas na prestação de contas de 2015 não refletissem de forma correta a situação patrimonial do GDF. Esse erro só foi corrigido em abril de 2016.

Também foi encontrada inconsistência nos valores da dívida de precatórios judiciais do DF. Além disso, o GDF não apresentou o Balanço Financeiro e das Demonstrações do Fluxo de Caixa na prestação de contas.

Planejamento – Foram apontadas falhas também no planejamento governamental. Entre elas estão a superestimativa de arrecadação e o subdimensionamento de despesas, indicando a necessidade de adoção de critérios e controles efetivos na elaboração das leis orçamentárias para tornar as previsões mais próximas da efetiva realização. Foi identificada deficiência na definição e apuração de indicadores de desempenho para avaliar programas governamentais.

Renúncia fiscal – O relatório também concluiu que não há uma metodologia eficaz para avaliar o custo/benefício das renúncias de receita e de outros incentivos fiscais. As renúncias tributárias realizadas pelo GDF em 2015, no total, montaram R$ 1,4 bilhão, ou 10,3% da arrecadação tributária no período: R$ 13,3 bilhões (incluídos multas e juros de impostos). Houve, ainda, renúncia de taxas de competência da Agefis, no montante de R$ 2,2 milhões, frente aos R$ 3 milhões previstos.

Com informações do TCDF.

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