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Monte uma casa para você, não para impressionar visitas

Quando a preocupação da pessoa é montar uma casa pra impressionar os outros, é hora de ligar o alerta vermelho

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Tem algumas frases e palavras que acendem um alerta de perigo no meu cérebro toda vez que estou fazendo projeto pra algum cliente. “Quero uma sala de impressionar”, “muito chique”, “luxo”, “quero deixar as visitas babando”. Afinal, você quer uma casa pra impressionar ou para morar?

Sei que cada um faz do próprio lar o que bem entender, mas a preocupação aqui é outra.

Casa não é como roupa. Não é como aquele sapato lindíssimo e desconfortável que você consegue exibir por algumas horinhas em uma festa e sente um alívio imenso quando o tira e deixa o pé descansar. Casa é refúgio, ninho, seu local de recolhimento. Dali não tem pra onde fugir. Ela não pode ser seu sapato lindo e incômodo. A casa é uma extensão de quem você é.

E, a partir do momento que você decide desenvolver o projeto do seu lar preocupado com a opinião das outras pessoas, com a aprovação do amigos, com a capacidade desse lar despertar a inveja alheia, você já começa colocando a energia errada no processo, calçando um sapato que nunca vai se encaixar no seu pé.

Quem tem que se apaixonar pela casa é você e quem mais morar nela. Essa é a única regra. Nem sempre aquele apartamento super luxuoso e sofisticado que a gente vê na revista é gostoso de morar. Ele deixa as visitas de queixo caído, sim, mas muita vezes peca em acolher quem realmente vive ali.

Esquecem da funcionalidade e priorizam a maquiagem. Milhões de rasgos no gesso, spots e fitas de led em cada canto possível. Aquele tapete desconfortável que ninguém pode pisar de sapato, o chão brilhante e caro que tem que ser varrido o tempo inteiro, o sofá branco que te força a trocar de roupa pra poder ver TV, a mesa de centro que tem inúmeros enfeites chiques, mas que não cabe uma tacinha de vinho.

O filósofo e arquiteto italiano Bruno Munari bem analisou, em seu livro “Das Coisas Nascem as Coisas”: “O luxo é a manifestação da importância que se da à exterioridade e revela a falta de interesse por tudo o que seja elevação cultural. É o triunfo da aparência sobre a substância. Uma necessidade para muitas pessoas que querem ter um sentimento de domínio sobre os outros”.

 

Casa precisa ser gostosa, lembrar a gente do que a gente gosta, de quem a gente ama, das histórias que vivemos, das nossas raízes. E isso não exclui a possibilidade dela ser linda, que fique claro. O foco aqui é: esqueça a opinião dos outros, seja fiel a sua essência e ao que te traz conforto e construa uma casa verdadeira pra você.

Casas verdadeiras, pode ter certeza, são as que mais derretem o coração das visitas.

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