Babá clicada em foto polêmica defende manifestações, mas é contra o impeachment da presidente

O último domingo (13) poderia ter sido só mais um dia de trabalho para a babá Angélica Lima, de 45 anos, mas não foi. Ao ser fotografada durante a manifestação no Rio vestindo uniforme branco enquanto empurrava o carrinho com os filhos de um casal vestido com as cores da bandeira do Brasil, Angélica acabou virando assunto das redes sociais.

A imagem, registrada pelo fotógrafo João Valadares, foi replicada por milhares de pessoas na internet. A partir daí, começou a discussão: seria este o retrato das pessoas que foram para as ruas naquele domingo?

Para a babá, o 13 de março foi apenas um dia normal de trabalho. Simples assim. Em entrevista para a Folha, ela afirmou que foi às ruas a trabalho, mas que, mesmo assim, apoia os protestos. “Eu estava de branco porque é meu uniforme de trabalho, não porque sou contra a manifestação. Não preciso estar de verde e amarelo para apoiar meu país. O que vale é minha consciência. Foi bom [ter havido a manifestação] para o povo acordar”, disse.

No entanto, em um ponto crucial Angélica diverge de boa parte dos manifestantes: ela é contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Se for para tirar ela e botar o vice [Michel Temer], é melhor ela ficar. [A corrupção] será igual ou pior. Tem que tirar muita gente. Fazer uma limpeza na casa, no Congresso. O presidente não lidera sozinho.”, afirmou.

Ainda sobre as manifestações, Angélica também discorda dos que veem o juiz Sérgio Moro como salvador da pátria. “Ele está fazendo um trabalho bem direcionado, mas não é meu ídolo. Esse será quem vai mudar o meu país, nos dar educação e saúde.”

Em 2014, na esperança de mudar um pouco a cena política no país, Angélica votou em Aécio Neves (PSDB). “Lula não foi o presidente que todos esperavam. Dilma, muito menos. Tinha que apostar numa coisa nova. Estava cansada de ver tanta mentira, roubo.”, analisa.

Família Pracownik
Desde junho passado, Angélica trabalha como babá para a família de Claudio Pracownik, advogado, vice-presidente de finanças do Flamengo e ex-diretor financeiro da Brasif, acusada de ser a empresa que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usava para enviar recursos para o filho Tomás Dutra, fruto de um relacionamento extraconjugal nos anos 1980 e 1990.

Pracownik se pronunciou em seu perfil numa rede social depois da polêmica. No texto, ele defendeu que pagava seus impostos, não dava e nem recebia propina. Afirmou ainda se orgulhar de poder empregar quatro pessoas na sua casa com carteira assinada. “Todos recebem em dia. Todos têm carteira assinada e para todos eu pago seus direitos sociais. Não faço mais do que a minha obrigação! Se todos fizessem o mesmo, nosso país poderia estar em uma situação diferente.”.