metropoles.com

Governo dará alívio a dívidas de municípios e produtores rurais

Os novos Refis incluem descontos em multa e juros, além de prazos mais longos para o pagamento dos débitos

atualizado

Compartilhar notícia

iStock
Agricultor
1 de 1 Agricultor - Foto: iStock

Em busca dos 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência, o governo do presidente Michel Temer vai dar condições mais benéficas para que municípios e produtores rurais parcelem pelo menos R$ 85 bilhões em dívidas previdenciárias. Os novos Refis incluem descontos em multa e juros, além de prazos mais longos para o pagamento dos débitos.

O governo também vai reduzir a alíquota paga por produtores rurais ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). Com as medidas, o Palácio do Planalto espera fazer um aceno à base aliada para conseguir apoio à reforma.

De um lado, o financiamento das dívidas com o Funrural pode garantir o apoio da bancada ruralista, que tem 109 deputados, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. No caso dos municípios, o parcelamento vai colocar as prefeituras em dia com a Previdência, condição necessária para que recebam dinheiro das emendas voluntárias dos parlamentares.

O presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Jonas Donizette, afirmou que os municípios terão prazo de 200 meses (pouco mais de 16 anos) para pagar a dívida com a Previdência, com desconto de 25% em multas e encargos e de 80% nos juros. Segundo Donizette, que é prefeito de Campinas (SP), cada prefeitura deverá pagar uma “entrada” de 2,4% a 3% do saldo devedor em seis parcelas mensais até o fim deste ano.

A partir do ano que vem, os municípios que aderirem ao parcelamento começarão a pagar um porcentual de sua Receita Corrente Líquida à União. A proposta das prefeituras era de que essa parcela fosse de 1% da receita, mas o desenho final não havia sido definido até o início da noite desta segunda-feira (15/5), segundo a Confederação Nacional dos Municípios.

Cálculos recentes apontam que quatro mil municípios detêm dívida de R$ 75 bilhões só com o INSS. Os prefeitos também poderão parcelar os débitos existentes com os fundos próprios de Previdência de servidores.

As negociações sobre a formatação dos parcelamentos seguiram ao longo da segunda-feira. O objetivo é anunciar ao menos o Refis dos municípios hoje, durante a abertura da 20ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, com a presença de prefeitos de todo o país, quando é esperada a presença de Temer.

Dívidas
A cada quatro municípios, um tem dívida previdenciária ou está inadimplente com os parcelamentos, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) obtido com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo. Esses gestores aguardam hoje do governo federal o anúncio de um novo parcelamento desses débitos.

De acordo com a pesquisa, 67,4% das prefeituras têm dívidas previdenciárias. O levantamento obteve resposta de 2,6 mil dos 5,5 mil municípios do país. Nesse universo, a inadimplência chega a quase 25%, ou seja, atinge 396 prefeituras.

Municípios “negativados” não podem receber recursos das emendas voluntárias apresentadas por parlamentares, ainda que deputado ou senador daquela localidade tenha garantido a disponibilidade dos valores no Orçamento.

As dificuldades dos municípios vão além da questão previdenciária. Segundo a CNM, 59,2% dos gestores que assumiram o mandato este ano relatam que a administração começou em situação ruim ou péssima. Metade das prefeituras ouvidas tem dívidas com fornecedores, com atraso médio de 7 meses. Pelo menos 250 municípios admitem inadimplência no pagamento de salários de servidores.

Funrural
O governo definiu a redução da alíquota do Funrural pago pelo empregador rural pessoa física dos atuais 2,3% para 1,5%. A informação foi confirmada pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), após reunião no Ministério da Fazenda.

Quem deixou de recolher o tributo enquanto a legalidade da cobrança era discutida no Supremo Tribunal Federal (STF) vai continuar pagando temporariamente a alíquota de 2,3% até zerar o débito. O passivo hoje é estimado em mais de R$ 10 bilhões.

O STF declarou no fim de março, por 6 votos a 5, constitucional a cobrança do fundo do empregador rural pessoa física, que, para o setor, equivale à contribuição à Previdência. Segundo o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), o governo assentiu em dar desconto de 100% nos juros e de 25% na multa.

“O governo concordou com praticamente tudo”, disse. A bancada ruralista ficou de discutir a proposta do governo e uma nova reunião está marcada para esta quarta-feira (17/5).

Apesar de as mudanças no Funrural terem entrado na negociação por votos favoráveis à reforma da Previdência, o deputado negou que os assuntos estejam vinculados. “Previdência eu acho que precisa ser aprovada, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra”, disse Leitão, quando questionado se a bancada ruralista daria os 109 votos favoráveis à reforma.

Inicialmente, a bancada queria a anistia total da dívida com o Funrural, o que foi rejeitado pela equipe econômica, pois a remissão desses débitos contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal.

A reforma da Previdência, depois de aprovada, proíbe o parcelamento de dívidas previdenciárias por prazo superior a 60 meses.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?