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Professora esfaqueada sobre aluno que atacou escola: “Perfil violento”

A professora Rita de Cássia era tutora do estudante de 13 anos que matou uma educadora; ela levou 3 facadas e 30 pontos

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Rita Reis, professora de História, atingida pelo agressor.
1 de 1 Rita Reis, professora de História, atingida pelo agressor. - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – As três facadas que levou no braço e os 30 pontos para fechar os ferimentos não impediram que a professora Rita Cássia Reis (foto de destaque) fosse ao enterro de Elisabeth Tenreiro, 71 anos, nesta terça-feira (28/3).

Rita, que também era tutora do adolescente que matou Elisabeth e deixou mais três pessoas feridas além dela, disse que o aluno era agressivo: “Era quieto, mas agressivo, não levava desaforo, briga por qualquer coisa. Ele foi nosso aluno, foi embora para Taboão, e voltou depois. Sou professora de história, meu conhecimento de psicologia e pedagogia é pouco, não saberia traçar um perfil. Mas sei que é um perfil violento, agressivo. Não conosco, mas com os colegas sim”.

Ela contou que, nas escolas de regime integral, os estudantes escolhem seus tutores por afinidade. De acordo com a educadora, a tutoria serve para conversar sobre assuntos ligados à escola, à educação. “Às vezes, vai para o particular, mas ele nunca relatou nada, era muito quieto. Não falava da casa dele, nem dos problemas da escola, de bullying. Falava que era nada”, explicou.

Ainda abalada pelo ataque à Escola Estadual Thomázia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de SP, na manhã de segunda (27), Rita queria dar adeus à amiga de trabalho. “Na sala onde eu estava tem bastante sangue, que é meu. Mas na sala do lado tem o sangue da minha colega que acaba de ser enterrada”, lamentou.

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Rita lembra os momentos de terror: “Ele me esfaqueou. Eu escutei barulho no corredor, abri a porta da sala onde estava dando aula e vi movimentos, as crianças correndo. Minha ideia no começo era falar para as crianças pararem de correr, não sabia o que estava acontecendo. Aí ele veio para cima de mim. Ficam várias dúvidas na cabeça: e se eu não tivesse aberto a porta?”.

A professora disse que perguntou ao adolescente o motivo de ele ter saído da outra escola e voltado para a de Vila Sônia, mas ele não respondia. “Eu só olhei para ele sentado lá na sala e falei ‘Ei, fulano, você voltou, seja bem-vindo’. Ele só fez um sinal de joia”.

“Agradeço a Deus por estar viva. Nunca tinha presenciado caso de violência assim contra professor. Entre eles, brigam muito. É bem comum, normal não é a palavra. Eles brigam, é a idade, está se descobrindo. Eles brigam”, afirmou.

Na segunda, o estudante entrou na escola portando uma faca e com o rosto coberto por uma máscara de caveira semelhante à utilizada pelos assassinos no Massacre de Suzano, ocorrido em 2019 na cidade da Grande São Paulo.

Elisabeth estava em frente à mesa onde lecionava, conferindo o celular, quando o aluno de 13 anos a surpreendeu, e a golpeou ao menos 10 vezes pelas costas.

Segundo pais de estudantes, a professora teria apartado na semana passada uma briga entre o adolescente que a matou e outro estudante, e por isso se tornou alvo do agressor.

O aluno agressor foi apreendido, prestou depoimento e está na Fundação Casa aguardando audiência de custódia.

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