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Transfobia: 43% das pessoas trans de São Paulo já sofreram violência física

Informação é do relatório da 1° Fase do Mapeamento Trans da cidade de São Paulo; Locais onde mais há agressões são: ruas, escolas e em casa

atualizado

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André Borges/Especial para o Metrópoles
bandeira LGBTI
1 de 1 bandeira LGBTI - Foto: André Borges/Especial para o Metrópoles

São Paulo – Cerca de 43% da pessoas que se identificam como trans ou de gênero não-binário relatam que já sofreram violência física por conta de sua identidade de gênero. O número faz parte do relatório da 1° Fase do Mapeamento Trans da cidade de São Paulo, feito pelo Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) em parceria com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, divulgado nesta sexta-feira (29/1), Dia da Visibilidade Trans.

Segundo o levantamento, os lugares em que a população trans declara que mais sofreu violência física – “quatro vezes ou mais” – foram nas ruas (39%), nas escolas (21%) e na casa dos pais ou parentes (21%).

O estudo ainda aponta que mulheres trans e travestis que trabalham com prostituição são 50% mais expostas que as demais para sofrer uma agressão física.

Por outro lado, os locais mais amigáveis a transexuais e travestis são os serviços de assistência social e os bancos.

Agressões verbais

Ainda segundo o levantamento, 80% dos transexuais e das travestis afirmam que já sofreram agressões verbais, ameaças ou ridicularizações frequentes. Novamente o local em que essas pessoas são mais agredidas são nas ruas (42%), nas escolas (26%) e na casa dos pais (22%).

Por conta da hostilização, transexuais e travestis contam que deixam de frequentar muitos dos lugares onde não se sentem aceitos ou aceitas. O estudo também mostra que 24% deixaram de frequentar a escola.

Embora as igrejas tenham uma taxa de 5% de agressão física e 11% de agressão verbal, elas representam os locais que mais as pessoas trans e travestis deixam de frequentar e 40% não vão mais a templos religiosos.

As entrevistas revelam que a realidade das pessoas trans ainda não foi impactada pelo entendimento do Supremo Tribunal Federal de 2019 (STF). Nesse ano, a Corte enquadrou a homofobia e a transfobia como crimes equiparados ao racismo.

“A violência física e verbal ocorrem principalmente nas escolas e nas ruas, que são dois ambientes fundamentais da esfera pública para o convívio social e o exercício da cidadania”, afirma Magô Tonhon, ativista LGBT envolvida no relatório.

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Para Claudia Carletto, secretária da pasta de Direitos Humanos, o mapeamento das pessoas trans representa “um pontapé inicial para um trabalho maior e melhor”, que vai usar os dados para novos mecanismos de inclusão.

Atualmente, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania mantem o Transcidadania, um programa que promove a reintegração social e o resgate da cidadania para travestis, mulheres transexuais e homens trans em situação de vulnerabilidade, através de cursos de capacitação e vagas de trabalho. Atualmente, estão disponíveis cerca de 200 vagas. O programa também oferece acompanhamento médico e jurídico.

Sobre o levantamento

O estudo ouviu 1788 pessoas em diferentes momentos do ano de 2020, de acordo com as fases da quarentena. Dentre os entrevistados e entrevistadas, 22% se declararam travestis; 48%, mulheres trans; 24%, homens trans; e 6%, pessoas não-binárias.

Violência contra vereadoras

Os números do levantamento chegam em uma semana marcada na política LGBT pelas denúncias de duas vereadoras que relataram episódios de intimidação e violência.

Após ter a casa alvejada por dois tiros na madrugada dessa quarta-feira (27/1), a covereadora da Bancada Feminista Carolina Iara (PSol-SP), mulher intersexo, teve que trocar de endereço a agora precisará andar acompanhada por seguranças.

Também na quarta, a vereadora psolista Erika Hilton registrou boletim de ocorrência relatando que teria sido intimidada em seu gabinete por um militante religioso. No início de janeiro, ela também protocolou uma ação contra 50 pessoas que teriam feito ameaças transfóbicas à vereadora na Internet.

Segundo a defesa de Hilton, a vereadora teria sido chamada de “raça imunda”, “ser desprezível”, “traveco” e “cabelo que serve para limpar ferrugem de ferro”.

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