Deputado de GO diz que passaporte da vacina é “ditadura nazista”

Em audiência pública, deputado estadual Cairo Salim reuniu empresários, especialistas e religiosos que atacam vacina contra a Covid

atualizado 27/10/2021 8:36

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Goiânia – O deputado estadual por Goiás Cairo Salim (Pros) atacou qualquer medida que impeça a circulação de pessoas não vacinadas contra a Covid-19. Para o político, que é 2º vice-presidente da Assembleia Legislativa do estado, tais medidas seriam uma “questão doentia” e uma “ditadura nazista”.

A fala do deputado aconteceu durante uma audiência pública promovida por ele, na última segunda-feira (25/10). O encontro reuniu dezenas de pessoas contrárias não só ao chamado passaporte da vacina, mas também à própria imunização da população contra o coronavírus.

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Teorias da conspiração

Participaram da audiência professores, empresários,  advogados, especialistas e representantes de grupos religiosos adeptos de teorias da conspiração. Entre as declarações durante o encontro estão a de que o mundo se encaminha a uma terceira guerra mundial e as de que a vacina poderia provocar amputações, HIV e mudaria o formato das células.

“Primeiro nos pressionaram a utilizar máscara. Depois nos pressionaram à vacinação. E agora existe já mundo afora essa questão doentia do passaporte sanitário. (…) Defendamos o estado de Goiás dessa ditadura nazista sanitária que estão querendo impor mundo afora”, declarou o deputado.

Na audiência, convidados e participantes chegaram a levantar cartazes que negam a vacina e rechaçam o passaporte sanitário.

Veja a fala do deputado:

“Liberdade”

Cairo Salim tem um projeto em que defende a não obrigatoriedade de apresentação do cartão de vacina contra a Covid-19 para acesso a locais públicos ou privados, em Goiás. De acordo com a justificativa da proposta, o objetivo é “garantir a liberdade de locomoção, inclusão social e do exercício dos direitos de pessoas que ainda não foram vacinadas”.

“Aqui em Goiás não vamos deixar nenhum passaporte vingar”, prometeu o parlamentar durante a audiência pública.

Em sentido completamente diferente, o também deputado estadual Lucas Calil (PSD) tem um projeto de lei que dá aval para o setor privado proibir a entrada de pessoas não vacinadas em estabelecimentos. Cairo Salim aproveitou a audiência para criticar o projeto.

No início da audiência, que foi transmitida na TV Alego, o mediador do evento chegou a afirmar que a superintendente de vigilância em saúde de Goiás, Flúvia Amorim, era uma das convidadas do evento.

Procurada pelo Metrópoles, a epidemiologista, que coordena a vacinação contra a Covid-19 no estado, afirmou que não participou do encontro. Ela disse que sequer tinha conhecimento da audiência.

Polêmicas

Em julho deste ano, o parlamentar Humberto Teófilo (PSL) foi para o final da fila da vacina, depois de se recusar a tomar a dose disponível de vacina contra a Covid-19.

Por outro lado, a secretária de Educação de Goiás Fátima Gavioli chegou a afirmar, em setembro, que professores que recusam vacina teriam o salário bloqueado.

CPI

O relator da CPI da Covid-19, Renan Calheiros (MDB-AL), protocolou, na manhã desta terça-feira (26/10), a versão final do relatório que será votado pela comissão, com a sugestão de indiciamento de 80 pessoas. Alguns foram indiciados por divulgar informações falsas.

Atualmente, em Goiás, não há posição fechada sobre o passaporte da vacina contra Covid-19. Conforme demonstrado acima, há projetos divergentes tramitando pela própria Assembleia Legislativa. Estado afora, as câmaras municipais também estão divergindo. Na própria Câmara de Goiânia, os vereadores ainda não chegaram a um denominador comum a respeito do tema.

A reportagem entrou em contato com o deputado Cairo Salim e questionou se ele mantém a posição do que falou na audiência, mas não teve retorno até a publicação desta matéria. Ele também foi questionado sobre a citação do nome da superintendente Flúvia Amorim durante o evento.

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