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Sem celular, invasores suspendem negociação para sair do Torre Palace

Líderes dos sem-teto alegam que com a energia cortada, baterias acabaram e eles não podem mais fazer contato com os negociadores. Nove adultos e quatro crianças ainda estão dentro do hotel. No início da manhã desta sexta (3/6), um dos invasores decidiu sair espontaneamente

atualizado

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torre palace hotel
1 de 1 torre palace hotel - Foto: rafaela Felicciano/Metrópoles

Se a estratégia da Polícia Militar de vencer os invasores do Torre Palace Hotel pelo cansaço começou a dar certo no início desta sexta-feira (3/6), com a saída espontânea de um dos sem-teto do Torre Palace Hotel, ela se transformou num problema logo depois. Além de suspender a entrada de água e comida no prédio, foi cortada a energia do local. Os líderes do movimento suspenderam a negociação, alegando que os celulares estão sem bateria e não podem fazer contato, já que não permitem a entrada de policiais no hotel.

O Governo do DF cumpre determinação judicial de desocupar e cercar todo o edifício, que também é usado por usuários de drogas. Pelas contas da Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social, nove adultos e quatro crianças, sendo duas de colo e outras duas de sete e oito anos, estão dentro do hotel. As crianças estariam sendo usadas como escudo para evitar uma ação mais enérgica dos policiais.

Segundo o coronel Antônio Carlos, chefe da Comunicação da PM, a saída do morador mostra que a estratégia de “vencer pelo cansaço” vem dando certo. A corporação está otimista e acredita que ainda nesta sexta mulheres e crianças deixarão o prédio.

De acordo com informações apuradas pelas equipes de segurança no local, duas crianças estão com asma. Para atendê-las, está de prontidão uma equipe médica do Corpo de Bombeiros. As negociações com os ocupantes continuam, intensificadas agora no sentido de que as crianças sejam liberadas pelos adultos ocupantes para atendimento médico.

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José Adriano Pereira Lima, 33 anos, foi o primeiro a sair por conta própria do hotel

 

Do lado de fora (foto abaixo), um grupo de sem-teto que não conseguiu voltar para dentro do hotel permanece acampado em três faixas do Eixo Monumental, em frente ao hotel. Em relação a essas pessoas, o GDF está recolhendo os nomes. A intenção é ver quem se encaixa nos auxílios como aluguel (R$ 600) e vulnerabilidade (R$ 408). Por conta dessa acampamento na rua, o trânsito continua interditado entre a entrada da W 3 Norte e a Torre de TV.

Rafaela Felicciano/Metrópoles

 

Em entrevista ao Metrópoles nessa quinta, Edson Francisco da Silva, líder do Movimento da Resistência Popular (MRP), disse que o grupo não deixará o prédio, ocupado desde outubro do ano passado, enquanto o governo não se comprometer a doar um terreno ou moradias às 110 famílias sem-teto. “Se a polícia subir, haverá uma tragédia”.

Edson, que chegou a ser preso em uma operação da Polícia Civil do DF, é suspeito de extorquir dinheiro de famílias sem-teto. De acordo com a investigação, ele cobraria parte do auxílio-aluguel recebido pelos beneficiários. De acordo com a polícia, ele mora em um condomínio em Taguatinga e dirige um carro avaliado em R$ 85 mil.

Segundo a Secretaria de Segurança, Edson está em liberdade provisória e outros cinco invasores também respondem a processos na Justiça.

Força-tarefa
Desde o início da ação de desocupação do hotel, o total de agentes de segurança empregados diariamente na operação é de aproximadamente 300 servidores, entre policiais militares, bombeiros, agentes do Departamento de Trânsito (Detran), da Agência de Fiscalização do DF (Agefis), da Defesa Civil e da Secretaria de Segurança, além de órgãos de apoio, como Caesb e CEB. Um helicóptero dos bombeiros e um médico de plantão também integram a ação.

A Secretaria de Segurança destaca que “todo o trabalho de negociação está sendo acompanhado pela Vara da Infância e da Juventude, tendo em vista a presença de crianças no local” e que a iniciativa de tirar os invasores “tem como base a decisão judicial que autoriza o GDF a desocupar o prédio. A pasta cita um relatório emitido pela Defesa Civil condenando a estrutura do hotel e a interdição da Agefis feita em 19 de abril.

O chefe da Comunicação Social da PM explica que as negociações não avançaram pois ainda há duas crianças no prédio que, segundo ele, estão sendo submetidas a “tratamento cruel” por parte dos pais, que não atendem à solicitação para descer. “Pelo contrário, ameaçam as crianças se a PM invadir o prédio. Por isso, não tomamos uma medida mais enérgica”, disse.

Disputa judicial
Abandonado desde 2013, o edifício foi ocupado em outubro de 2015 por cerca de 150 pessoas do Movimento de Resistência Popular, que reivindica políticas de moradias no Distrito Federal. Segundo o coronel Antônio Carlos, o prédio já vinha sendo invadido por usuários de drogas e era local recorrente de crimes e de tráfico de drogas. “É um local muito insalubre”, disse ele.

A reintegração de posse foi autorizada pela Justiça em decisão de 2ª instância, no dia 24 de maio, e mobiliza as forças de segurança e servidores do governo do Distrito Federal, entre representantes da Defesa Civil, Secretaria de Habitação (Sedhab), Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedest) e Secretaria de Estado de Ordem Pública e Social (Seops).

De acordo com o coronel Antônio Carlos, o prédio foi condenado pela Defesa Civil e será isolado após a desocupação. Antes, as famílias do Movimento de Resistência Popular ocuparam o Clube Primavera, em Taguatinga, e o Hotel Saint Peter, também na área central da capital.

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