As frases mais polêmicas de Bolsonaro em 2021

Flávia Said

No segundo ano de pandemia, ainda reticente a medidas sanitárias de prevenção à Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (PL) seguiu polemizando. A artilharia de Bolsonaro seguiu focada em assuntos relativos à pandemia, mas também se direcionou a conflitos entre os Poderes e ataques às instituições

Veja a seguir uma seleção das principais declarações:

Ainda em janeiro, Bolsonaro disse a um grupo de apoiadores que o “Brasil está quebrado” e que, por isso, ele não consegue “fazer nada”. No dia seguinte, frente à repercussão negativa dos agentes econômicos à fala, ele ironizou que o país estava “uma maravilha”.

Em março, Bolsonaro referiu-se à pandemia como “mimimi”. “Chega de frescura, mimimi. Vão ficar chorando até quando?”. Na ocasião, ele condenava governadores e prefeitos por medidas adotadas para conter a disseminação da Covid-19

Em evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro sugeriu que a China poderia ter “criado” o novo coronavírus, causador da Covid-19, como forma de desencadear uma “guerra química”

“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês”, declarou

Quando a CPI para investigar ações e omissões do governo federal na pandemia foi instalada, em abril, Bolsonaro disparou uma série de ataques à cúpula do colegiado. Ele chamou o relator, Renan Calheiros (MDB-AL) de “vagabundo”, o presidente, Omar Aziz (PSD-AM), de “cara de capivara”, e o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), de “saltitante”

Ao lançar dúvidas sobre as atividades da CPI, o mandatário ainda batizou os três senadores de “patetas” e “otários”

Em live transmitida em outubro, Bolsonaro relacionou a vacinação contra Covid a um risco ampliado de desenvolver Aids. “Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados, aqueles com 15 dias após a segunda dose, estão desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Aids) muito mais rápido que o previsto”, disse o presidente na transmissão

A associação absurda e errônea levou à remoção do vídeo pelas plataformas Instagram, Facebook e YouTube

Pressionado pela inflação ao longo de todo o ano, Bolsonaro ameaçou interferir na Petrobras, criticou a política de preços dos combustíveis e disse que iria “meter o dedo na energia elétrica”. As falas causaram reação negativa no mercado, preocupado com a perda do viés liberal do governo

Meses depois de trocar o comando da Petrobras, colocando um general na presidência, Bolsonaro disse ter “vontade de privatizar” a estatal petroleira

Conflitos entre os Poderes inflados por Bolsonaro também foram frequentes em 2021. Os alvos preferenciais foram os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, em razão de ataques do mandatário à urna eletrônica

Ele também seguiu fazendo ataques à imprensa. Em agenda na Bahia, reagiu da seguinte forma a uma pergunta de uma jornalista: “Você não tem o que perguntar não? Deixa de ser idiota, menina!”

Dias antes do Enem, Bolsonaro defendeu que a prova teria a “cara do governo” e afirmou que as questões não repetiriam “absurdos” do passado. Especialistas avaliaram que, apesar das ameaças de interferência no Inep, o exame teve “a cara de Enem”

Outras polêmicas de Bolsonaro envolvem ataques pessoais a adversários políticos e até a aliados. Sobre seu vice, o general Hamilton Mourão (PRTB), Bolsonaro comparou a relação a de um cunhado: “Tem que aturar”

Além de reforçar as zombarias com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) — a quem se refere como “calça apertada” —, o mandatário insultou outro tucano, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite

Em julho, após Leite ter assumido publicamente ser gay, Bolsonaro disse que ele se achava “o máximo”. Meses antes, o presidente havia feito uma insinuação obscena em relação ao governador

“Onde o governador do Rio Grande do Sul, que fala muito manso, muito educadamente, uma pessoa até simpática, mas é um péssimo administrador, enfiou essa grana? Eu não vou responder pra ele, mas eu acho que eu sei onde ele botou essa grana toda aí, não botou na saúde”, disparou Bolsonaro

Principal adversário nas eleições de 2022, o ex-presidente Lula (PT) também foi atacado diversas vezes. Bolsonaro chamou o petista de “bandido que não tem um dedo” e “ladrão de nove dedos”. As falas foram interpretadas como capacitismo, discriminação contra pessoas com alguma deficiência

Desde que o ex-ministro Sergio Moro se filiou ao Podemos e as preocupações com a potencial divisão de votos emergiram, Bolsonaro tem feito reiterados ataques ao ex-auxiliar. “Esse não aguenta 10 segundos de debate” foi uma das frases ditas pelo mandatário

TEXTO:
Flávia Said

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Metrópoles