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Lar, doce lar… Por que funcionários resistem ao trabalho presencial

Pesquisa mostra que 7 de 10 funcionários querem manter modelo híbrido de trabalho, rejeitado por 76% das empresas; como resolver o impasse?

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Imagem colorida de homem no home office, segurando o filho pequeno
1 de 1 Imagem colorida de homem no home office, segurando o filho pequeno - Foto: Getty Images

Passado o auge da pandemia de Covid-19, com grande parte das empresas retomando o formato 100% presencial ou diminuindo a quantidade de dias da semana em que os funcionários podem trabalhar de casa, um abismo parece ter se aberto entre aquilo que desejam os empregados e o que esperam os empregadores.

A 4ª edição da Pesquisa de Trabalho Flexível e Remoto, da Mercer Brasil ,mostra que empresas e trabalhadores estão em caminhos opostos quando o assunto é o melhor tipo de formato de trabalho no pós-pandemia.

Segundo o levantamento  – que ouviu 365 empresas em todas as regiões do país  –, enquanto 76% dos empregadores têm restrições ao modelo híbrido ou ao home office, 73% dos empregados preferem um sistema que lhes permita trabalhar alguns dias em sua própria residência.

Questionadas sobre o que pensavam a respeito do formato remoto ou do home office, 36% das companhias disseram ter uma visão “negativa” e 12%, “muito negativa”. Declararam não ter opinião formada sobre o assunto 28% das empresas consultadas.

Apenas 20% dos empregadores afirmaram ter uma visão “positiva” de um modelo mais flexível. Somente 4% disseram possuir uma visão “muito positiva”. Do lado dos funcionários, o resultado é quase inversamente proporcional.

“A pandemia forçou empresas de todos os tipos a trabalharem de uma forma diferente. Mas o trabalho 100% remoto não é a resposta para todas as empresas. Uma empresa de varejo, por exemplo, não tem como trabalhar de forma totalmente remota, assim como um caixa de supermercado”, afirma Antonio Salvador, diretor executivo de carreira da Mercer Brasil.

Para Salvador, “estamos vivendo um momento de teste e erro”. “Não existe regra mágica. Não existe uma solução para todos. Mas é fundamental que os gestores ressignifiquem o ambiente de trabalho”, avalia. “As pessoas querem ir para o escritório, mas não querem ficar lá fazendo algo que poderiam estar fazendo em casa, de maneira muitas vezes mais produtiva.”

Segundo Távira Magalhães, diretora de Recursos Humanos da Sólides, os dois modelos têm vantagens e desvantagens e cada empresa deve avaliar o que faz mais sentido dentro daquela cultura organizacional, por meio de pesquisas internas e mapeamento de perfil.

“Para as empresas, em geral, o modelo presencial é mais vantajoso, principalmente em cargos de vendas e relacionamento com o cliente, por possibilitar uma maior integração e também pelo fato de que muitos clientes valorizam o contato humano para o fechamento de um negócio”, exemplifica. “No entanto, a decisão sobre qual modelo de trabalho é o melhor para a empresa não é simples. Antes de adotar qualquer opção, é preciso levantar dados e realizar um amplo estudo sobre o perfil da organização e dos colaboradores.”

Palavra-chave é flexibilidade

Segundo os especialistas ouvidos pelo Metrópoles, assim como o mundo mudou com a Covid-19, o mundo do trabalho também passou por profundas transformações e não voltará mais ao que era antes. Grande parte dos profissionais redefiniu prioridades e passou a dar maior importância ao bem-estar na vida pessoal, priorizando oportunidades que ofereçam flexibilidade.

As pessoas ressignificaram o trabalho durante esse um ano e meio. Hoje, segundo as nossas pesquisas, uma pessoa tem quatro vezes mais propensão a aceitar uma proposta de uma empresa que ofereça alguma flexibilidade de trabalho”, diz Salvador.

“A palavra-chave é flexibilidade. É usar as melhores ferramentas para ser mais produtivo. As pessoas perceberam que conseguem ser produtivas no trabalho, mas também podem levar seus filhos à escola ou fazer ginástica em um horário mais interessante. Essa busca por uma vida mais integrada, com boa qualidade de vida aliada ao trabalho, está no DNA das novas gerações”, explica o diretor de carreira da Mercer.

Segundo Salvador, os mais jovens “estão entrando no mercado de trabalho já no modelo flexível e incorporaram isso em suas rotinas”. “Por que você precisa ver a pessoa todos os dias? Porque você não soube definir metas e processos de forma adequada. Sem isso, fica difícil cobrar resultados”, afirma.

Outro ponto delicado é a relação de confiança entre o chefe e seus subordinados – em tese, quanto maior a confiança, maior a possibilidade de entrega de bons resultados. “Para ter alguém trabalhando em casa, você parte do princípio de que há um ambiente de confiança na organização. Porém, na cultura empresarial brasileira, o conceito de confiança ainda não está plenamente estabelecido”, conclui Salvador.

De acordo com a plataforma Market Analytics, da SiiLA, uma empresa de análise de dados do mercado imobiliário, a região da Faria Lima, na zona oeste de São Paulo, considerada o principal centro financeiro do país, já tem índices de ocupação de edifícios corporativos superiores ao pré-pandemia. Apenas 5% dos escritórios estavam disponíveis para locação em fevereiro deste ano. No início de 2020, antes de a Covid-19 se alastrar pelo mundo, a taxa de vacância era de 8,2%.

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