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Bancos “fecham portas e janelas” para empresas de sócios da Americanas

Além da Americanas, bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira são sócios de empresas como Ambev, Burger King, e Light

atualizado

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Editora Sextante/Divulgação
Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles em foto posada para lançamento de livro - Metrópoles
1 de 1 Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles em foto posada para lançamento de livro - Metrópoles - Foto: Editora Sextante/Divulgação

Com mais de R$ 42 bilhões em dívidas e muito a esclarecer sobre as “inconsistências contábeis” reveladas um mês atrás, a Americanas tem um caminho espinhoso pela frente para renegociar com seus credores – em especial, com os bancos.

No mundo financeiro, a varejista tem mais de R$ 25 bilhões em dívidas. Quase todos seus maiores credores travam uma ferrenha batalha na Justiça para tentar reaver os créditos bilionários.

A temperatura da briga está no seguinte nível: o banco BTG Pactual já acusou o trio de acionistas da Ameriicanas Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles de terem sido “pegos com a mão no caixa” da varejista, e o Bradesco obteve o direito de instaurar uma perícia forense para vasculhar os e-mails de executivos e conselheiros da empresa.

Certos de que a disputa vai longe, os bancos decidiram provisionar parte ou toda a dívida da Americanas já no balanço do último trimestre de 2022. Grosso modo, as instituições financeiras deram o dinheiro como perdido, abateram a dívida do lucro trimestral e tentaram seguir a vida. Itaú e Bradesco provisionaram 100% do passivo e o Santander teria provisionado cerca de 30%.

Isso não significa que é um assunto esquecido. Um interlocutor de um grande banqueiro diz que, agora que a provisão foi feita, os bancos devem pressionar a Americanas e, principalmente, seus acionistas de referência “por todos os lados”.

Além de fechar a torneira de crédito para a própria Americanas, os bancos também teriam imposto restrições às empresas em que Lemann, Sicupira e Telles têm participação.

“Os bancos estão dispostos a fechar portas e janelas para os negócios dos três, tudo para fazer pressão para que eles coloquem dinheiro na Americanas”, diz uma fonte que conversou com a cúpula dos maiores bancos.

Colocar dinheiro significa uma capitalização (operação de compra de ações da Americanas) de R$ 15 bilhões – essa é a exigência dos bancos. Por enquanto, tudo que o trio ofereceu foi um empréstimo-ponte de R$ 2 bilhões, valor considerado insuficiente. A briga, portanto, continua.

Light e Burger King

Um dos sintomas da pressão que está sendo feita foi a contratação de uma empresa de reestruturação de dívida pela Light. A concessionária de energia do Rio de Janeiro enfrenta um problema de caixa. Com sua única concessão vencendo em 2026, a Light tem encontrado dificuldade para rolar as dívidas.

A maior parte disso se deve ao vencimento da concessão, mas os bancos também não estariam vendo motivos para ter boa vontade em conceder crédito à empresa que tem Beto Sicupira como terceiro maior sócio, com 10% das ações. Fontes ouvidas pelo Metrópoles dizem que, ao contrário do que acontecia na Americanas, Sicupira não tem influência direta nas decisões estratégicas da Light. Já na varejista, ele foi presidente do conselho e teve o controle direto da empresa durante quase quatro décadas.

Outro candidato a “portas fechadas” é o Burger King. A 3G, empresa de investimentos do trio de acionistas, tem quase 30% da operação canadense da companhia. Por sua vez, o braço do Canadá é dono de 5% da rede de fast food no Brasil, o que torna os bilionários sócios minoritários e indiretos do negócio no país.

O endividamento do Burger King saltou mais de 50% no terceiro trimestre de 2022, em relação ao mesmo período de 2021. Ao longo deste ano, o plano é fechar lojas que não são rentáveis.

Embora a rede de restaurantes não esteja oficialmente renegociando seu passivo, é possível que os bancos também não se mostrem dispostos a conceder novos financiamentos, dado o aumento no endividamento e a participação indireta do trio.

Ambev

A Ambev é um caso à parte. O negócio é, de longe, o mais bem-sucedido do império do trio. A empresa brasileira é parte da AB InBev, maior produtora de cervejas do mundo. Como líder de mercado, a geração de caixa do grupo é forte, além de ser uma das principais fontes de dividendos recebidos pelo trio.

“A Ambev gera muito caixa, mas, se ela precisar de financiamento para uma nova aquisição, por exemplo, pode encontrar as portas fechadas”, diz o interlocutor.

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