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Mãe sobre Justiça ter soltado assassino: “Parece que minha filha não valia nada”

No sábado (10/9), Emily Fabrini de Araújo, 14 anos, foi encontrada morta na Floresta Nacional. Justiça liberou suspeito de cometer o crime

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Rosimeire Araújo2
1 de 1 Rosimeire Araújo2 - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Rosimeire Araújo, mãe de Emily Fabrini de Araújo, 14 anos — encontrada morta por asfixia em uma área da Floresta Nacional (Flona) de Brasília, perto de Taguatinga —, diz não acreditar que o suspeito de cometer o crime foi liberado pela Justiça. Identificado como Vandir Correia Silva, 21, ele se entregou à polícia horas após o assassinato da adolescente, foi preso, mas acabou solto após audiência de custódia nessa segunda-feira (12/9).

“Soltaram (ele) porque eu sou pobre, apenas uma empregada doméstica. Se [a vítima] fosse um filho de juiz, advogado ou promotor, tenho certeza de que o criminoso estaria preso. Estou muito revoltada e me sinto sem valor nenhum. Parece que a vida da minha filha não valia nada. Só tenho a certeza da impunidade”, desabafou a mãe.

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Na madrugada de sábado (10/9), ao chegar em casa, a mãe da adolescente foi avisada de que Emily havia saído para se encontrar com Vandir, irmão de uma vizinha. Na tarde do mesmo dia, Rosimeire procurou a 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro) para registrar ocorrência sobre o desaparecimento da filha.

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) encontrou o corpo da jovem pouco depois, após Vandir procurar a 17ª Delegacia Regional de Polícia de Goiás, no município de Águas Lindas, e confessar ter ocultado o cadáver da vítima. Ele foi levado para a 17ª DP (Taguatinga Norte), onde ficou preso.

O suspeito passou por audiência de custódia no Fórum Desembargador Antônio Martins, em Taguatinga. No entanto, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) liberou Vandir. A juíza que assinou o alvará de soltura determinou que ele use tornozeleira eletrônica enquanto responde ao processo.

“Estava em casa quando me contaram que ele tinha sido solto. Não acreditei. Tive de ligar para meu patrão para confirmar se tinha acontecido isso mesmo, e ele me confirmou. Minha filha só tinha 14 anos. O que ele fez não tem perdão. Matou minha pequena da pior maneira possível e, agora, está apenas de tornozoleira, em casa”, criticou Rosimeire.

Despedida de Emily no Cemitério de Taguatinga:

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Ainda segundo a decisão, nem o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) nem a PCDF pediram para manter Vandir detido, de modo que a legislação “não permite a decretação de prisão preventiva de ofício pelo juiz e impõe a concessão de liberdade provisória”.

Procurada pela reportagem, a PCDF informou que, “em âmbito policial, o suspeito foi preso em flagrante, interrogado formalmente, tendo todas as diligências sido realizadas tempestivamente, sendo ao fim encaminhado à audiência judicial de custódia.”

“Quando ao ocorrido em audiência judicial, a PCDF sugere encaminhar a demanda ao Ministério Público do Distrito Federal, órgão constitucionalmente encarregado de fiscalizar e proceder a ação penal respectiva. A PCDF não comenta decisões judiciais, apenas dá cumprimento às ordens judiciais emanadas”, acrescentou a corporação, em nota.

Segundo a promotora de Justiça que atuou na audiência de custódia, foi levado em conta o alegado por Vandir no depoimento para não pedir a prisão preventiva do suspeito. Entre as informações prestadas, o fato de ter alegado perder os sentidos após a relação sexual com a vítima e de ter encontrado a jovem morta ao acordar.

“Ainda não existem, nos autos, informações que contrariem essas informações prestadas por ele durante o depoimento. O laudo cadavérico, que apontará a causa da morte, ainda não foi concluído. Ele (Vandir) se apresentou espontaneamente, não possui antecedentes criminais, tem residência fixa e trabalho. Por isso, no momento da audiência, não havia elementos que justificassem a decretação da prisão preventiva para a garantia da ordem pública”, disse.

A Justiça decidiu que o investigado será monitorado por tornozeleira eletrônica e que não poderá sair de casa das 19h às 5h. Além disso, deverá informar caso mude de endereço.

Barro na garganta

Laudo preliminar do Instituto de Medicina Legal (IML) afirma que Emily Fabrini de Araújo morreu asfixiada e que peritos encontraram barro na garganta da vítima. O relatório completo sairá em 30 dias.

Em depoimento à polícia, Vandir informou que, enquanto supostamente tinha relações sexuais com a vítima, sofreu um apagão. Quando acordou, teria encontrado a jovem morta ao lado dele e decidido esconder o corpo. Devido ao frio que fazia no momento, o homem teria resolvido fazer uma fogueira, momento em que “vacilou e deixou o fogo queimar uma das pernas da adolescente”, segundo disse à polícia.

Saiba quem é Vandir Correia

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No local indicado pelo suspeito, a Polícia Civil encontrou a vítima deitada de barriga para cima, sem roupas e com a perna direita queimada. Questionado sobre a ausência das vestes no corpo da jovem, Vandir disse que “possivelmente teria utilizado (as roupas) na fogueira”, como consta no depoimento.

A polícia ainda apura se a jovem acompanhou o suspeito por vontade própria ou se foi coagida a segui-lo. Vídeo ao qual o Metrópoles teve acesso mostram o momento em que Emily caminha ao lado de Vandir, pouco antes de ser morta. O contexto da ida deles até a Flona será investigado pela PCDF.

Assista:

 

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