Após superlotação, pacientes são transferidos de hospital no DF

No dia em que o Distrito Federal registrou recorde de mortes diárias causadas pelo coronavírus, com 68 óbitos, o Hospital de Planaltina (HRP) foi obrigado a transferir pacientes com Covid-19 devido à superlotação. Segundo a direção da unidade de saúde, enfermos acabaram levados nesta quinta-feira (18/3) para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência no tratamento da doença na capital.

De acordo com o Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Distrito Federal (Sindate-DF), até esta noite, equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tinham sido mobilizadas para a transferência dos pacientes, caso fosse preciso.

Conforme profissionais de saúde lotados no HRP relataram ao Sindate, havia 30 pacientes nesta noite na ala exclusiva a pacientes com o novo coronavírus e o box de emergência estava superlotado. Para os trabalhadores do hospital, a unidade de saúde não tem condições de lidar com o volume de casos suspeitos e confirmados do novo coronavírus devido à estrutura precária.

A chefia do hospital não informou quantos pacientes foram remanejados do HRP para o Hran nesta quinta.

Pane e gambiarras

Além da superlotação, servidores lotados no HRP em diferentes setores informaram ao Metrópoles que o atendimento no Hospital Regional de Planaltina foi prejudicado nesta quinta também por uma suposta pane no sistema de distribuição de oxigênio para os pacientes com Covid-19.

O Sindate registrou “falha momentânea” em equipamentos, o que teria durado poucos minutos, mas levado a unidade de saúde a operar “no limite”. Já o Sindicato dos Médicos (Sindmédico-DF) confirmou “sobrecarga no sistema” de oxigênio no hospital. “Que se investigue. Isso é um fato grave. Não podemos permitir que o problema [de falta de oxigênio] agrave o estado dos pacientes. É um problema previsível”, alertou o diretor do Sindate, Newton Batista.

Questionada, a diretora administrativa do HRP, Kelly Lopes, negou problema com o suporte ventilatório. Segundo a direção do hospital, o estoque de oxigênio da unidade de saúde é suficiente. Ao confirmar o remanejamento de enfermos, a gestora disse ainda que, se a transferência tivesse acontecido por falta de oxigênio, pacientes poderiam vir a óbito, o que não aconteceu.

Nessa segunda-feira (15/3), foram divulgados vídeos de “gambiarras” feitas por trabalhadores de saúde do HRP para garantir o suporte de oxigênio a todos os pacientes. Fotos e vídeos mostram a ligação improvisada entre setores da unidade. As imagens mostram um fio que levava o oxigênio, ele partia de uma janela e atravessava o fosso do prédio até outro setor.

Mediante a gambiarra, foram improvisados pontos de emergência para não deixar quatro pacientes agonizando sem oxigênio. Para desespero da equipe de profissionais da saúde, por um período, não havia cilindro de oxigênio avulso disponível. O hospital também não tinha respiradores vagos. Médicos e enfermeiros lutaram para preservar a vida dos enfermos.

Veja:

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No Hospital Regional de Planaltina, profissionais da saúde precisaram fazer uma ligação de oxigênio entre setores Material cedido ao Metrópoles

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Gambiarra foi necessária para manter quatro pacientes respirando Material cedido ao Metrópoles

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Equipes de saúde precisam se desdobrar para salvar pacientes Material cedido ao Metrópoles

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Outro lado

Apesar dos registros em imagens, o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, negou conhecer a situação de improviso na unidade de saúde. “Não, eu desconheço que tenha tido pontos de gambiarra. Não reconheço esse tipo de atitude que tenha sido tomado em algum hospital nosso”, afirmou Okumoto, durante coletiva de imprensa sobre o a situação do DF durante a pandemia, também nessa segunda.

Questionada sobre a transferência dos pacientes e sobre a possível falta de oxigênio no Hospital Regional de Planaltina, a Secretaria de Saúde (SES) não se manifestou. O espaço segue aberto para manifestações.