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Lula sobre Guedes: “Só acreditou quem queria destruir o Brasil”

Ex-presidente evitou, contudo, criticar o ministro da Economia por caso recente de revelação de empresa offshore: “Já fui vítima disso”

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Lula
1 de 1 Lula - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Em entrevista nesta sexta-feira (8/10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes. O petista evitou, no entanto, falar sobre as acusações de investimentos do ministro em empresa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas durante o período em que ele está no governo.

“Como estou vacinado sobre denúncias e ‘manchetômetros’, não avalio. Eu fui vítima disso. Quero dar o direito a todo cidadão que é acusado de provar que é inocente”, declarou o ex-presidente, que fez uma série de encontros políticos em Brasília.

“Até o Bolsonaro”, disse Lula, sobre denúncias envolvendo figuras políticas. “Até eu quero que ele prove que é inocente na chacina de 600 mil brasileiros, e que não teve quadrilha para comprar vacina”, afirmou.

O ex-presidente chamou Guedes de “incompetente” na condução da política econômica do país. Segundo o petista, isso não significa uma surpresa para o mercado.

“Só podia acreditar no Guedes como economista quem queria destruir o Estado brasileiro”, afirmou, criticando as privatizações.

“Chama o Meirelles”

Ao ser questionado sobre a possibilidade de chamar o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles para compor eventual equipe ministerial caso ganhe as eleições, Lula disse que “está em outro momento agora”.

“Meirelles está com o Doria agora”, pontuou, mas sem descartar a chance de encontros futuros com o ex-presidente do Banco Central.

“O Meirelles está com o Doria, mas eu gosto dele, tenho relação com ele, que foi muito importante no meu governo. Mas ele está noutra até agora. Vamos ver o que acontece. Como o mundo é redondo, pode virar e a gente se encontrar outra vez”, completou. Meirelles foi presidente do Banco Central durante os dois mandatos de Lula, entre janeiro de 2003.

“Eu tenho uma preocupação, que é a economia brasileira. Eu tenho uma preocupação muito grande com a inflação, porque ela prejudica o povo mais pobre; o emprego, que é uma coisa muito séria; a fome”, detalhou. “A questão econômica a gente resolve na hora que a gente mostrar seriedade”, declarou o ex-presidente.

Aceno

Lula foi questionado sobre a possibilidade de assumir compromissos como ocorreu em 2002, ano de sua primeira eleição. Na ocasião, ele divulgou a chamada “carta ao povo brasileiro”, utilizada como um aceno ao mercado financeiro e às suas bases eleitorais, caso fosse eleito.

Dessa vez, o ex-chefe do Executivo diz que não haverá nova sinalização ao empresariado. “A melhor carta que eu posso assinar é eles lerem o que aconteceu na economia quando eu fui presidente”, enfatizou.

Ele afirmou que foi o único governante que, durante oito anos, cumpriu a meta de superávit primário anualmente. “Para mim responsabilidade [fiscal] não precisa ter lei, a gente traz isso dentro da gente. Não precisa ter nova carta ao povo brasileiro. Eu tenho um legado, um legado que vale umas 500 cartas”, assinalou.

O petista ainda acrescentou que já provou ser possível ter um Estado que “coloque o pobre no orçamento da União e o rico no Imposto de Renda, para aprender a pagar imposto sobre lucros e dividendos”.

“Estado indutor do desenvolvimento”

Ao ser questionado sobre as críticas feitas pelo fundador da Natura, Pedro Passos, ao jornal O Globo, de que sua candidatura seria “indesejável”, porque ele defende um Estado forte, Lula rebateu: “Esse rapaz deveria ler ou lembrar do quanto ele cresceu durante o meu mandato”.

“Somente um Estado é capaz de acabar com a miséria nesse pais, de não ter medo de fazer casa popular subsidiada, capaz de manter e melhorar o SUS [Sistema Único de Saúde]”, disparou Lula.

Ele defendeu a ideia de que o Estado deve ser o “indutor do desenvolvimento, não tenha preocupação de fazer dívida, que não discuta se vai financiar a educação porque é gasto, que cuide da pessoas sem se preocupar com esses gastos”.

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